terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A CORDA APERTA NO PESCOÇO DO TAXISTA

Estão tirando todo o gás dos taxistas e apertando cada vez mais e sem dó a corda no pescoço de milhares de profissionais que enfrentam todo tipo de dificuldades. Agora é o governador Sergio Cabral que está vetando projeto que reduz em 50 % o valor atualmente cobrado pelo estado no IPVA de carros bi combustíveis (álcool e gasolina). O veto atinge mais de 65 mil proprietários de veículos biflex, que - é bom lembrar – acreditaram nas promessas de um combustível mais barato com o álcool.
Não é só: o governo do Estado pisa firme no acelerador para atropelar cruelmente os taxistas e por sugestão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviço estuda projeto de lei que acaba com a redução do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores em até 75% para carros convertidos a gás que custaram os olhos da cara aos taxistas que também acreditaram no gás como promessa de combustível mais em conta.
As medidas do governo estadual atingem proprietários de 48.089 Veículos a álcool e GNV, 505.820 de carros a gasolina e GNV e 55.913 que podem usar os três tipos de combustível. É bom lembrar que a crise no Rio foi artificial, criada para provocar a redução do consumo de gás, que não vinha da Bolívia, mas sim da bacia de Campos. Desestimular o uso de veículos a gás é também a intenção do governo do Rio na troca de passes com o time de Brasília. O prejuízo não é só dos taxistas: o Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios está decidido a mover ação indenizatória por perdas e danos.
Não é de hoje que taxistas pagam caro para exercer a profissão, que, aliás, precisa ser regulamentada urgentemente de modo a garantir a praça para os que têm realmente vocação para a prestação desse serviço tão importante para a população. A aprovação da lei 3123/00, de minha autoria, pela qual foi extinta a terceirização da permissão, foi derrubada por outra lei, quando eu estava fora da Câmara, contribuindo para o inchaço da praça. Está claro que só uma mobilização unitária (em 2008 convocarei reuniões na Câmara Municipal) de todos os que realmente trabalham, sejam antigos ou novos permissionários pode afrouxar a corda que apertam no pescoço desses profissionais que querem o que a Constituição lhes garante: o direito e a liberdade de trabalhar. O resto é pura exploração de quem não enxerga o problema com a grandeza e a justiça necessária. Querem deixar taxistas e passageiros a pé.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

OS ESTRAGOS DAS CHUVAS DE VERÃO

É a velha história de só reforçar a tranca depois da casa arrombada: toda vez que chove repetem-se às desumanas cenas envolvendo gente que já não tem nada e vai ficar com menos ainda porque a casa foi invadida pelas águas, pela lama e, principalmente pela omissão do poder público, cansado de saber que com qualquer chuvisco o Rio está literalmente ameaçado de transbordar levando em suas águas um punhado de lágrimas de moradores de comunidades carentes.
Há sempre quem se defenda com a desculpa de que chuva forte é uma fatalidade contra a qual nada se pode fazer. A cidade tem sido vítima constante de chuvas contínuas. Ninguém espera por elas e pede que se fechem as torneiras do céu, mas se é impossível evitar a chuva não é impossível evitar as tragédias que se repetem da mesma forma, como se fossem um festival de reprises de filmes na televisão. É esse filme que desabriga pessoas e as condena a uma pobreza ainda maior, a uma subvida, apavorada a cada trovoada.
As cenas são sempre as mesmas: encostas que caem, casas que desabam, móveis boiando em águas sujas, gente que morre massacrada pela lama. Todo mundo, inclusive as autoridades, sabe que quando a chuva chega maiores serão as tragédias nos locais de sempre. Fica claro, mesmo quando falta luz, que a única solução é partir para prevenção. Não é preciso esperar chover para socorrer as vítimas - vítimas que certamente seriam bem menores se nos períodos ensolarados fossem feitas as fundamentais obras de prevenção e a população, principalmente a carente, estivesse informada de como proteger-se e evitar danos maiores dos que os que ocorrem. Nada se faz simplesmente porque em dia de sol todo mundo quer ir para a praia.
Por conta da recente chuva a Defesa Civil do município atendeu em uma tarde 135 pedidos de ajuda para imóveis com infiltração, desprendimento de esboço/reboco, deslizamento de barreira, queda de muro, inundação/alagamento mais danos que poderiam ser perfeitamente evitados se necessárias providências fossem tomadas antes da casa arrombada. São medidas urgentes que certamente evitarão maiores estragos e desnecessários prejuízos aos cofres do município.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

TRISTE REALIDADE NAS COSTAS DO PAPAI NOEL

Papai Noel está cada vez mais curvado com o peso do saco. Não são presentes: o peso maior é da realidade que o Natal deixa nas ruas. É nesse tempo de solidariedade que percebemos como o Rio abriga um maior número de mendigos, gente trabalhadora cansada de estender a mão para pedir emprego se vê obrigada a estender a mesma mão calejada para ganhar e a moedinha que sirva para comprar um pão – o pão que não deve faltar nunca se levarem a sério políticas para tirar essa gente sofrida das esquinas.
A secretaria Municipal de Assistência Social está consciente do problema: o aumento do número de pedintes nessa época do ano chega a 40% na Zona Sul e a 30% na Zona Norte. O secretário municipal de Assistência Social, Marcelo Garcia diz que “o aumento de mendigos, crianças e deficientes físicos pedindo dinheiro nas ruas é sempre maior em dezembro porque os pedintes esperam não só receber dinheiro, como também presentes de Natal, roupas e brinquedos”.
Não esperam, não. O que realmente esperam é oportunidade de trabalho, que não seja esmola governamental. Não há dúvidas que qualquer um dos mendigos usaria a mão que estende agora como ferramenta de trabalho, Estudos comprovam que hoje existem três grupos distintos da população de rua: o primeiro é identificado como mendigo que mora na rua porque não tem moradia e nem emprego. O segundo grupo é de pessoas que tem moradia, mas estão desempregadas e vêem a rua como alternativa de renda. Já o terceiro grupo é caracterizado por meninos que se vestem como mendigos e vão para rua praticar atos criminosos.
Não é crime pedir esmola: estar na rua não configura ato criminoso. Crime é não permitir que quem esteja obrigado a fazer da rua moradia possa trabalhar para morar e comer sem passar por nenhum tipo de humilhação. Está comprovado que o desemprego é o principal motivo do aumento da população de rua. Especialistas dizem que até uns anos atrás tínhamos a figura do mendigo tradicional, aquela pessoa que vivia de esmolas e era até conhecida pelas redondezas. Com o aumento do desemprego a rua começou a ser vista como alternativa de acesso à renda. Não é essa a alternativa de rua espera e nem aquela que o governo deve oferecer. A solução não é esconder a verdade em abrigos. Ora, se o desemprego é a causa do aumento de mendigos, a solução é o estender a mão e oferecer o pedinte mais quer: emprego. Sem isso as ruas ficarão cheias. Até o ponto que nem Papai Noel aguentará.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

MENINAS-MÃES PRECISAM DE ATENÇÃO

Fica cada vez mais distante o tempo em que nossas meninas brincavam de boneca carregando no colo um “bebê” de louça, de plástico ou de pano. Ainda brincam de papai e mamãe só que agora a boneca é um bebê de verdade. Não é mais diversão: estatísticas revelam que uma em cada cinco crianças nascidas no Brasil é filha de mãe adolescente.
O que antes era passatempo infantil virou um sério problema que afeta famílias despreparadas emocional e financeiramente, que se deparam não com uma vida, mas sim com mais um problema. Falta de informação é o principal motivo da gravidez na adolescência, responsável por 20,5% do total de nascimentos no país em 2006. A gravidez na adolescência não é uma questão nova: desde 1980 o número de adolescentes entre 15 e 19 anos aumentou 15%, ou seja, 700 meninas em idade de brincar de boneca estão se tornando mães: 13% dos partos foram realizados em garotas entre 10 e 14 anos. É grave problema social diretamente relacionado às condições econômicas das jovens que tem menor assistência do poder público em locais de baixo desenvolvimento no Norte e Nordeste e nas periferias das grandes cidades.
Fica claro que além de reforçar o alcance da informação é preciso, como sugere a professora e pediatra Marilucia Picanço, promover a distribuição de métodos contraceptivos no sistema de saúde e criar um programa permanente que trate do assunto nas escolas.
A distribuição de contraceptivos certamente mobilizará grupos do contra que não se permitem olhar a gravidez na adolescência com a gravidade que realmente representa. É fundamental também que se informe às adolescentes e aos grupos do contra, que não se trata de um método abortivo e sim de uma pílula que pode ser ingerida após a relação sexual e que vai impedir a fecundação, como esclarecem os especialistas.
Parto na adolescência impede, revelam estudos, que as adolescentes continuem a estudar, o que interfere em maiores dificuldades de inserção profissional. As estatísticas não mostram simples números: alertam para a urgência de entender o problema como um todo e perceber definitivamente que a gravidez na adolescência envolve muito mais do que problemas físicos, pois há também os emocionais e sociais, entre outros.
Se quisermos jovens saudáveis no futuro é obrigatório olhar agora para as meninas-mães que, por falta de informação, nem sabem direito o que estão fazendo. É hora de ensinar e aprender.

A “ÉTICA” QUE SERVE A INTERESSES

Eu sempre digo: por trás de cada atitude despropositada de alguém em qualquer patamar do poder há uma motivação escamoteada, nem sempre lícita.
Essa inédita manifestação do banqueiro Marcílio Marques Moreira de pedir a cabeça do ministro do Trabalho, sob o pretexto de que ele exerce cargo na direção de um partido não tem nada a ver com as funções da desfalcada Comissão de Ética Pública, que ele preside provisoriamente desde o mal-fadado governo FHC.
Além de ser um dos grandes defensores da demolição dos direitos trabalhistas legados por Getúlio Vargas, o embaixador que sempre foi muito bem remunerado servidor dos bancos e grandes empresas multinacionais, está tiririca porque o ministro Carlos Lupi quer modernizar a Carteira do Trabalho, com o que poderá atingir a American BankNote, empresa que recebe cerca de R$ 5 milhões por ano para confeccionar as carteiras profissionais antigas. Ele é membro do Conselho de Administração desse conglomerado norte-americano.
Isto é o que denunciam as centrais sindicais em nota oficial, na qual pedem ao presidente Lula o imediato afastamento do banqueiro, que lembra a fábula da raposa posta para tomar conta do galinheiro.
As entidades representativas dos trabalhadores afirmam com todas as letras em sua nota oficial: “Vale ressaltar que o Sr. Marcílio Marques Moreira, além de presidente das Comissão de Ética Pública, integra também os conselhos de empresas como IBM, Coca-Cola, Novohotel, GE, Hoescht, ABN (banco holandês), Sendas, entre outros. Isto também gera conflitos de interesses, desabilitando-o a continuar como presidente em exercício de uma instituição que prega a ética e a moralidade”.
Assinada pela Força Sindical, Nova Central Sindical, UGT, CGTB e CNTM, a nota informa as entidades pedirão diretamente ao presidente Lula o afastamento do banqueiro do cargo ao qual jamais poderia ter sido alçado, mesmo sem a remuneração explícita. O encontro com o presidente estava agendado para ontem, durante a 4ª Marcha dos Trabalhadores a Brasília.
O documento não conta da missa um terço, até porque não expõe um extenso currículo de serviços prestados pelo embaixador durante os 76 anos de vida, 18 dos quais na vice-presidência do grupo Unibanco. Nem da “consultoria” que presta a bancos norte-americanos com grande atuação no Brasil.
O presidente Lula, que o manteve no cargo para não parecer que queria manipular a Comissão de Ética Pública, também deve estar muito desconfortável. Provavelmente, não acreditava que esse eterno prestador de serviços das grandes empresas fosse pôr as unhas de fora logo no seu governo.

PRESSÃO ATREVIDA SOBRE UM MINISTRO

Há um clima de indignação diante de um atrevido ofício do banqueiro Marcílio Marques Moreira, em nome de uma Comissão de Ética Pública, dando prazo até o dia 6 de dezembro para o ministro Carlos Lupi decidir se fica no Ministério do Trabalho ou na direção do PDT.
No Senado, o ex-ministro Dornelles fez um pronunciamento incisivo, lembrando que presidia o PP quando foi ministro do Trabalho de FHC e ninguém reclamou. Ainda citou outros casos de dirigentes partidários que exerceram simultaneamente ministérios sem precisar afastar-se de suas responsabilidades partidárias.
O que causou maior estranheza é que nos seus 19 artigos o Código de Ética Pública faz qualquer referência a um virtual conflito entre hierarquia partidária e exercício de cargos essencialmente políticos.
Tal é o óbvio: são os partidos que exercem o poder numa democracia, cabendo a eles as indicações de seus representantes no Executivo. Nenhum titular de um cargo governamental é obrigado a renegar sua filiação e suas responsabilidades partidárias porque uma precária comissão assim entende.
De fato, quem pode discutir se um ministro deve ou não afastar-se do cargo partidário são seus correligionários. Brizola nunca precisou afastar-se do comando do PDT quando desempenhou por duas vezes o mandato de governador do Estado do Rio de Janeiro.
É muito mais honesto o exercício transparente de um mandato partidário ao tempo do cargo público do que esse jogo hipócrita em que o governante continua dando as cartas através de terceiros de sua confiança, como acontece nas nossas barbas.
Porque o estar no governo pesa muito num ambiente em que as vértebras partidárias são quebradas por quem tem a caneta na mão. O próprio PDT já amargou “rachas” clamorosos quando governantes o abandonaram, cooptando maltas de arrivistas, inclusive filiados que se consideravam a fina flor da coerência ideológica.
A verdade é que o ministro Carlos Lupi, objeto do ultimato sem qualquer fundamento jurídico, começa a desapontar aos que apostavam que ele não teria como sobreviver, postando-se na defesa da legislação trabalhista, ante o cerco astucioso de alguns influentes, próximos e poderosos interessados em remover históricas conquistas sociais.
Quem se beneficia com esse jogo baixo é fácil de identificar. Mas é de se perguntar ao grupo dos quatro depositários da “ética pública” se está mudando o foco de sua missão de boa fé ou se quer simplesmente criar embaraços para o governo, alvejando quem tem a responsabilidade de honrar o legado de Leonel Brizola e de zelar pelos pétreos direitos dos trabalhadores.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

PERIGO DA AIDS RONDA NOSSOS JOVENS

Embora a dificuldade com os Planos de Saúde e no atendimento em hospitais públicos ainda seja grande o Brasil, pode orgulhar-se de ter um dos melhores programas no tratamento da Aids, uma eficiência reconhecida mundialmente.
Infelizmente isso ainda não significa que estamos livres da contaminação e, portanto, da doença: dados coletados pelo Ministério da Saúde no ano passado mostram que a Aids aumentou mais entre as meninas do que entre os meninos, em uma proporção de 10 para 6, o quer deixa evidente a necessidade mais informações e de campanhas de prevenção.
Em primeiro lugar, alertam os especialistas, é necessário fazer o jovem entender que mesmo quando está apaixonado o sexo seguro é a única maneira eficiente de prevenção, principalmente porque as relações sexuais são muito instáveis nessa fase da vida.
A constatação de que o aumento de casos acontece entre os jovens derruba o velho conceito de que é o homem, maduro que não gosta de usar a fundamental camisinha. Mentira: recente estudo do psiquiatra Jairo Bauer, conselheiro da Secretaria Nacional Antidrogas, mostrou que 70% dos jovens entendem o que significa sexo seguro, mas mesmo assim um grande grupo (44%) acredita que pode contrair a doença. Ou seja: não se protege.
O dado que mais preocupa é o de que o Brasil ainda tem um alto grau de gravidez na adolescência, apesar de 74% dos jovens considerarem a camisinha o melhor método contraceptivo, seguido pela pílula (22%) e em parte porque as garotas ainda preferem confiar na palavra do parceiro em vez de pedir que ele use a camisinha durante a transa.
Além de campanhas de esclarecimento o psiquiatra Jairo Bauer afirma que os pais têm papel fundamental para conversar sobre sexo, embora muitas vezes o adolescente não queira falar sobre o assunto. Mesmo assim o jovem precisa saber que pode recorrer aos pais, até porque a recente pesquisa mostra que só 17% dos adolescentes usam preservativo na maioria das relações e que 55% dos jovens com mais de 16 anos têm vida sexual ativa e que 28% dos adolescentes pretendem deixar de usar camisinha quando estiverem em uma relação considerada estável.
Mais motivos para que conscientizemos os jovens de que sexo seguro é uma forma de prazer com vida. Sem camisinha o prazer pode significar doença e morte. Cabe a nós orientar nossos filhos. Todos os dias.

PALAVRAS PERDIDAS NO JOGO DA VIOLÊNCIA

"A polícia precisa ser dura com os traficantes para acabar com a violência. Sem rigor a polícia perde a guerra contra a violência" – quem disse em entrevista ao Jornal da Record foi o presidente Lula. Ora, ninguém espera que a polícia ofereça flores e jantares românticos aos marginais, mas isso não significa que nessa guerra diária os trabalhadores sejam as maiores vítimas de ações descontroladas e de balas perdidas que sempre encontram o endereço no corpo de um inocente, como tem acontecido corriqueiramente no desgovernado Rio.
Diz mais o sempre presidente, que, aliás, goza de toda segurança possível: "Tem algumas pessoas que pensam que é só polícia, e não é só polícia. É preciso ter polícia, mas é preciso que tenha o Estado cuidando da educação, da saúde e do lazer para que se possa cuidar com carinho do povo e reduzir a violência". É exatamente o que o povo espera há anos, especialmente nos últimos oito de muitas promessas, que aconteça, mas fica tudo perdido, como as balas, nos discursos que já conhecemos de cor e não aguentamos mais.
Quase na mesma hora em que o presidente falava o tiroteio comia solto na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha em mais uma violenta e nada produtiva ação policial: não houve uma única prisão e nem armas e drogas foram aprendidas. Pura perda de tempo e só mais uma desnecessária demonstração de força que, como sempre fez vítimas inocentes, duas fatais: um catador de papelão (traficante de lixo?) e um cabo da PM, além de quatro feridos, três por estilhaços de balas, o que prova que o tiroteio comeu solto.
Mais uma vez a população trabalhadora foi a mais prejudicada: pelo menos 4 mil alunos de seis escolas da comunidade ficaram sem aulas. O intenso e inútil tiroteio deixou novamente os moradores no meio do fogo cruzado e muito, que só querem e merecem levar a vida em paz, tiveram que refugiar-se em uma igreja. Pedir a proteção de Deus, já que a do Estado é o diabo. O saldo de mais uma invasão policial mal planejada com 120 homens, teve atiradas quatro granadas atiradas, um caveirão atingido e o Hospital Getúlio Vargas sobrecarregado com atendimento às vítimas. Estatística do HGV mostra que aumentou o número de atendimento aos feridos por balas: até agora são 689 (210 a mais do que 2006).Resta à população repetir: "esse filme eu já vi" e aguardar que autoridades escrevam novo roteiro permitindo que o povo tenha um final feliz no real filme da vida.

PALAVRAS PERDIDAS NO JOGO DA VIOLÊNCIA

"A polícia precisa ser dura com os traficantes para acabar com a violência. Sem rigor a polícia perde a guerra contra a violência" – quem disse em entrevista ao Jornal da Record foi o presidente Lula. Ora, ninguém espera que a polícia ofereça flores e jantares românticos aos marginais, mas isso não significa que nessa guerra diária os trabalhadores sejam as maiores vítimas de ações descontroladas e de balas perdidas que sempre encontram o endereço no corpo de um inocente, como tem acontecido corriqueiramente no desgovernado Rio.
Diz mais o sempre presidente, que, aliás, goza de toda segurança possível: "Tem algumas pessoas que pensam que é só polícia, e não é só polícia. É preciso ter polícia, mas é preciso que tenha o Estado cuidando da educação, da saúde e do lazer para que se possa cuidar com carinho do povo e reduzir a violência". É exatamente o que o povo espera há anos, especialmente nos últimos oito de muitas promessas, que aconteça, mas fica tudo perdido, como as balas, nos discursos que já conhecemos de cor e não aguentamos mais.
Quase na mesma hora em que o presidente falava o tiroteio comia solto na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha em mais uma violenta e nada produtiva ação policial: não houve uma única prisão e nem armas e drogas foram aprendidas. Pura perda de tempo e só mais uma desnecessária demonstração de força que, como sempre fez vítimas inocentes, duas fatais: um catador de papelão (traficante de lixo?) e um cabo da PM, além de quatro feridos, três por estilhaços de balas, o que prova que o tiroteio comeu solto.
Mais uma vez a população trabalhadora foi a mais prejudicada: pelo menos 4 mil alunos de seis escolas da comunidade ficaram sem aulas. O intenso e inútil tiroteio deixou novamente os moradores no meio do fogo cruzado e muito, que só querem e merecem levar a vida em paz, tiveram que refugiar-se em uma igreja. Pedir a proteção de Deus, já que a do Estado é o diabo. O saldo de mais uma invasão policial mal planejada com 120 homens, teve atiradas quatro granadas atiradas, um caveirão atingido e o Hospital Getúlio Vargas sobrecarregado com atendimento às vítimas. Estatística do HGV mostra que aumentou o número de atendimento aos feridos por balas: até agora são 689 (210 a mais do que 2006).Resta à população repetir: "esse filme eu já vi" e aguardar que autoridades escrevam novo roteiro permitindo que o povo tenha um final feliz no real filme da vida.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

NOSSO ENCONTRO SOBRE GÁS É HOJE

Desculpem o jogo de palavras, mas é inevitável: hoje é dia de nos enchermos de gás para discutir a crise do GNV que nos ameaça com aumentos de preços e possibilidade de apagão. Muito se fala, mas por enquanto não houve proposta concreta de solução. É com promessas que tentam minimizar a angústia da população, especialmente do trabalhador que acreditou na alternativa, converteu seu carros e está ameaçado de ficar no ora veja.
A audiência pública que, por minha iniciativa, acontece hoje, a partir das 9 horas, na Câmara Municipal pretende dar voz aos trabalhadores, os maiores prejudicados. Talvez partam de quem sofre diretamente na carne sugestões de imediatas alternativas que não prejudiquem o 1 milhão e 400 mil proprietários de veículo que usam GNV.
O que parece claro é que vão querer dobrar o preço do gás natural para o consumidor pagar a conta - uma conta muito cara porque além de doer no bolso dói na crença que se deu às promessas feitas pelos governos: com intensa propaganda das distribuidoras e menores tributos o consumo do GNV para veículos cresceu e os motoristas que fizeram as conversões de motores pagando entre R$ 2 mil e R$ 3mil estão vendo esse sacrificado investimento escorrer pelo ralo, entrar pelo cano.
Não são os veículos queimam maior quantidade de gás. Ao contrário: a Petrobrás consome em suas unidades industriais os mesmo 7 milhões der gás cúbicos utilizados por toda a frota nacional de veículos que optaram pela conversão. É hora de levar em conta propostas como a de “acelerar investimentos para a redução de queima de gás em Plataformas de Petróleo e de “converter algumas termoelétricas em geração opcional com outros combustíveis”.
O aumento das reservas de combustíveis fósseis no Brasil é visto com pessimismo: para que isso aconteça será necessário investir muito e desenvolver tecnologia de extração submarina em profundidades incomuns, além de viabilizar o aproveitamento das reservas a custos suportáveis pelo mercado.
Muito complicado para o consumidor comum convencido de que com um déficit diário de 30 milhões de metros cúbicos da produção de gás (hoje alcançamos 25 milhões de metros cúbicos) a Petrobras não tem condições de assegurar o fornecimento de gás natural a curto e médio prazo. É urgente a busca de alternativas que não se restrinjam a propostas esquecidas no fundo da gaveta de quem já deveria ter resolvido o problema.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

COMPUTADOR PODE SER ARMA PERIGOSA

Vamos dar um “enter”, fazer um “download” e reconhecer que hoje nesses é quase impossível viver sem utilizar a informática. Não há dúvida de que nos próximos anos o computador será ferramenta obrigatória para todos.
A informática é a maior revolução da era moderna, mais até do que foi a impressão com a descoberta Gutemberg. A informática permite a maior velocidade de comunicação do mundo: com a Internet hoje é perfeitamente possível enviar uma carta para um milhão de pessoas e percorrer milhões de páginas simultaneamente através de programas de buscas. Isso sem falar na possibilidade de vender livros para um público potencial de mais de cem países.
Também é preciso reconhecer que a informática virou uma poderosa arma em mãos inescrupulosas: através do computador estão invadindo nossas vidas, contas bancárias e nos enchendo de vírus, como se já não bastassem os que andam soltos no ar. Nem é preciso ter computador doméstico para ser um “marginal eletrônico”: estão aí as lan-houses (casas de computadores em rede) que permitem o uso e abuso. Permitiam: foi sancionada no Rio a lei 5.132 que obrigas as lan-houses a manterem um cadastro de usuários e a arquivar informações referentes à data, hora, identificação do usuário e terminal do computador.
Sou contra qualquer tipo de repressão, mas é necessário reconhecer que nesse caso a prevenção é o remédio mais eficaz para evitar que usuários mal intencionados façam estragos em vidas honestas de quem usa o computador como uma insubstituível ferramenta de trabalho. Nesse aspecto o Brasil foi o país que registrou o maior aumento no uso de computadores ente 2002 e 2007 com aumento de usuários de 22% para 44%.
Com o facilitado acesso à informática faz com que especialistas alertem para cuidados fundamentais como o de não abrir a guarda disponibilizando dados pessoais e endereços eletrônicos a três por dois, não permitido do que empresas ou usuários individuais invadam a sua intimidade.
É preciso aprender a gerenciar a visibilidade de seus dados e evitar um nocivo rastreamento de “mãos bandidas”. O computador serve para facilitar nossas vidas. Não para ser uma nova e moderna maneira de nos roubar. Em matéria de falcatruas já chega (e como chega!) as que nos ameaçam diariamente por todos os lados. Computador não é arma.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A DOLOROSA REALIDADE DA APOSENTADORIA

É uma dolorosa ilusão acreditar que quando a aposentadoria chegar, depois de muitos anos de labuta intensa o trabalhador poderá descansar e usufruir merecido descanso. Nada disso: a baixa remuneração das aposentadorias e o alto custo de vida obrigam aposentados a voltar ao mercado de trabalho para complementar a renda.
É uma das conclusões do Relatório Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho. Aposentados entre 50 e 64 anos são os que mais retornam ao serviço e só no ano passado foram 4.196.286 (aumento de 9,77% em relação à 2005). Uma prova concreta de que o que a Previdência paga não dá nem para a saída.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi avalia que a necessidade de rendimento extra é a principal razão, mas destaca também o fato das empresas estarem buscando funcionários com experiência. Lupi vê um lado bom: “Seria ruim se estivesse diminuindo o emprego nas outras faixas, o que não está acontecendo”. Mesmo assim o RAIS detectou que a única faixa que mostrou retração no emprego foi aquela entre 16 e 17 anos, com uma queda de 2,07%. Portanto, olhemos para nossos velhos e também para nossos jovens.
A aposentadoria é um fenômeno historicamente recente, instituído na sociedade industrial como um direito adquirido pelos trabalhadores. Mas não dá para negar que a passagem do trabalho ao repouso é acompanhada de modificações que marcam profundamente a vida dos indivíduos. Associações de defesa do aposentado atribuem a obrigatoriedade de voltar ao trabalho ao achatamento das aposentadorias e pensões, resultado de uma política e um comportamento social que estigmatiza e excluiu os direitos de cidadania dos idosos e, portanto, dos aposentados.
Estudos mostram que entre 1991 e 2000 o número de aposentados no Brasil cresceu em média 35%. Calcula-se que só no Rio estejam cerca de 1,5 milhões de idosos aposentados, quase todos obrigados a abrir mão da justa sombra e água fresca para retornar, por absoluta necessidade financeira, ao mercado de trabalho, que não lhes oferece muito e nem os trata com o respeito. Parece que voltamos ao passado, aos períodos históricos quando idosos, eram encarados, na maioria das vezes, como sendo “inúteis” ou “sobrantes” estarem fora do processo produtivo.
Não mais. Estão é recebendo pouco e pagando caro por conta de uma política que nunca os tratou com atenção. É preciso e já olhar para o presente e o futuro para retribuir aos aposentados, o que com trabalho conquistaram: uma real aposentadoria.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

JUSTIÇA PARA MULHERES NO TRABALHO

Por mais que o homem reconheça e aplauda as conquistas da mulher, a conduta da sociedade continua machista. Esse comportamento é mais acentuado mercado de trabalho, no qual a mulher teve, em 2006, aumento de 6,59% na mão de obra, mas não nos salários.
Na maioria das vezes mesmo exercendo quando com competência os mesmos cargos do que os homens, as mulheres ganham menos: dependendo do nível de escolaridade a diferença salarial chega a ser de 51,7% da remuneração dos homens com nível superior.
Um justo reconhecimento salarial é a luta que as heróicas mulheres enfrentam, com determinação, agora e são vitoriosas, como confirma o ministro do Trabalho Carlos Lupi: ”Os dados mostram que a mulher está entrando no mercado de trabalho mais preparada e está conquistando sua liberdade com maior informação e escolaridade”.
Briga antiga: nos últimos 50 anos houve uma inserção crescente das mulheres na força de trabalho, graças a uma combinação de fatores econômicos e sociais como, por exemplo, o avanço da industrialização. A predominância das mulheres na ocupação de vagas é registrada, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais, especialmente na faixa de trabalho com nível superior incompleto por 79,5% mil de mulheres e 70,5% mil de homens. Estudos revelam que 80% das mulheres que exercem atividades de serviços são professoras, comerciarias, cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas ou com funções na área da saúde. O mesmo estudo conclui que para a maioria das mulheres a primeira ocupação foi no serviço doméstico remunerado e que 56% das domésticas são negras e usufruem de menor salário.
A sociedade não reconhece a mulher exerce dupla jornada de trabalho: além de atividades fora ainda se ocupa das tarefas doméstica. Ainda assim as mulheres são vítimas de preconceitos (é a exercida inferioridade do sexo feminino em relação ao masculino), além de abusos (assédio sexual no trabalho) que comprovam o tratamento desigual a que as mulheres ainda estão sujeitas. Estudos dizem que “o tratamento patriarcal e machista da sociedade brasileira está na base da marginalização profissional da mulher”.
Dados da RAIS mostram que a diferença salarial no rendimento médio entre os dois sexos vem caindo e a tendência é que a diferença seja cada vez menor. Nada mais justo. Reconheçamos a importância da mulher no mercado de trabalho e olhando para ela com o máximo de carinho. Sempre.

POLÍCIA CONTRA TODOS NA FAVELA É UM ERRO

Neste sábado, fui ao Jacarezinho para uma reunião com os coordenadores e monitores do projeto Mel, uma das boas iniciativas da Prefeitura do Rio de Janeiro, que, lá, mantém 500 jovens e adolescentes voltados para alguns cursos ligados ao esporte e ao lazer.
A reunião foi no bloco “Não tem Mosquito”, no centro da comunidade, bem atrás da virtualmente desativada “Casa da Paz”. Como entrei pela “prainha”, na Avenida Dom Helder Câmara, percorri os trechos mais movimentados, principalmente a feirinha, que funciona lá de domingo a domingo.
Fazia uma semana, tinha passado quase um dia no Jacarezinho por conta de um problema com a elevatória que manda água para a parte de cima do morro. Para prestar minha ajuda aos moradores, contei com a máxima boa vontade do pessoal da CEDAE, do seu presidente Wagner Victer, ao diretor Armando e ao gerente Cláudio Amós.
É que, por azar, ao ser instalada, a bomba da elevatória pifou de novo, o que obrigou os técnicos da CEDAE a trabalharem no próprio domingo para entregar a bomba de novo em condições no feriado de Zumbi dos Palmares.
Mas, dessa vez, as pessoas que me abordavam em suas ruas – há 25 anos lido com aquela comunidade e quase todo mundo me conhece - vieram fazer queixa dos excessos da polícia, em suas constantes operações, quase sempre sem o menor respeito pelos seus cidadãos.
Algumas pessoas me pararam no Largo do Cruzeiro para se queixar da invasão de suas casas. Eram trabalhadores que estavam indignados com a forma com que os policiais entravam: não havendo ninguém, usavam de chaves mixas para abrir suas portas.
Isso aconteceu na hora das crianças voltarem da escola, todas fora da comunidade, com exceção dos dois CIEPs de tempo integral construídos por Brizola bem junto à favela.
Essas queixas têm se tornando corriqueiras e parecem refletir uma política de governo tão equivocada quanto estéril: a polícia ataca indiscriminadamente na favela, com o objetivo de acuar seus moradores e levá-los a pagarem pela existência de bandidos em suas vielas.
Ao contrário do que imaginam as autoridades, esse tipo de pressão só serve para desgastar a polícia e expor seus efetivos a uma situação desconfortável. Uma polícia que não tem o menor respeito pelos direitos dos cidadãos só porque eles moram numa favela está fadada ao fracasso no combate ao crime, por mais armada que esteja. É isso que o governador precisa considerar, sob pena de criar um ambiente cada vez mais desfavorável à segurança que é devida a todos os cidadãos, sem exceção.

OS ERROS DO “CAMINHO CERTO”

“Estou convencido de que estamos no caminho certo” – essa tem sido a declaração padrão do governador Sergio Cabral toda vez que é questionado sobre qualquer ação de enfrentamento policial com a bandidagem. Fico me perguntando o que será que o governador entende por “caminho certo”?
Será que “caminho certo” é esse que leva bandidos a assaltar um cada vez um maior número de turistas em Copacabana, o nosso ainda maior cartão postal. Ou é o que faz embocada para matar três policias em Campo Grande, e outro na Tijuca. Ou será a já comprovada ineficiência de invasões policiais, com “caveirões” e tudo, nas favelas do morro e do asfalto? Isso sem contar outros crimes.
Ora, se a polícia não consegue sua própria proteção como acreditar que poderá proteger a população? O fato é que a política de segurança desenvolvida pelo governo Sergio Cabral só tem rendido, além de balas perdidas, vítimas inocentes e críticas.
Há dias Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial da Organização das Nações Unidas não negou fogo e fez duras críticas à política de segurança do estado, que “prejudica a imagem do Brasil e do Rio”: “Fiquei muito constrangido – disse – com as declarações infelizes do governador defendendo e até incitando a violência policial no Rio. Isso é uma vergonha e tem repercussão internacional”.
O relator da ONU diz ainda que o governador "não tem idéia do que declarações desse tipo fazem ao país, não só junto aos órgãos da ONU, mas em toda a comunidade internacional”. Sem contar os estragos que tem feito na carne de toda a comunidade do estado.
Há quem argumente que a execução de policiais faz a policia agir com rapidez e eficiência. É assim mesmo, mas o ideal é que ações de inteligência sejam feitas constantemente sem que policiais tenham sido vítimas, mesmo quando se desconfia de alguma aliança criminosa.
Assaltos (e morte do italiano atropelado ao perseguir o ladrão) a turistas repercutem negativamente no mundo: jornais italianos, por exemplo, estamparam a notícia de que “o Rio é uma das cidades mais violentas do mundo, mas os fatos sangrentos continuam confinados principalmente aos subúrbios, longe das famosas praias”. Nenhum exagero.
Mostra que o “caminho certo” do qual o governador se orgulha é o que faz turistas tomarem o caminho de volta para casa enquanto a população do estado pensa em fugir para bem longe desse “caminho certo” que só tem mostrado rumos errados.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

GÁS: “O CONSUMIDOR QUE SE VIRE”

Pelo visto, não querem mexer na planilha dos custos do gás. Preferem manter o velho sistema de intermediação lucrativa, apoiado pela constante ameaça de desviar o gás veicular para as indústrias, jogando um consumidor contra o outro, e desconhecendo que hoje são os carros a gás chegam a quase um milhão e meio, dos quais 450 mil são, no Rio de Janeiro.
Temos então milhares de brasileiros sob ameaça de toda natureza: enquanto os preços do gás já superam a marca de R$ 1,5 o metro cúbico, ao invés de procurar respostas positivas, as autoridades procuram o caminho mais rotineiro: o consumidor que se vire.
Na audiência realizada terça-feira na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado, a Sra. Maria das Graças Fortes, diretora de Gás e Energia da Petrobras, não colocou panos quentes: o preço do gás natural vai subir a partir do ano que vem, ou seja, daqui a pouco.
Não escondeu o jogo: “Certamente nós teremos um aumento do preço do gás em 2008 e 2009. Isso é necessário”. Pelas contas do governo pode até ser necessário, mas só é porque deixaram a crise atingir uma gravidade que deveria ter sido ser resolvida diante de alertas dados nos últimos sete anos.
O anunciado reajuste será entre 15% e 25%. Quer dizer: vai pro brejo a economia que a utilização do GNV prometia principalmente aos taxistas que precisam desse combustível para trabalhar. Mais uma vez o povo é quem vai pagar a conta, mas mesmo assim a Petrobras considera “isso razoável, porque quem vende gás vive de existência e da continuidade de compradores. Não adianta sonhar com preços com os não se vende”. Mas fizeram o consumidor sonhar com uma economia que já se sabia não seria era real.
A Petrobras é definitiva: “Além das correções do preço, nós precisamos de um aumento real, algo que vai ser dosado, suavizado ao longo dos dois próximos anos”.
Para a diretora da Petrobrás “é necessária uma revisão do preço do gás natural para que ele, adequadamente valorizado, possa continuar sendo cobiçado por todas as operadoras”. Desde que o povo pague a fatura. O mais grave: entre a Bolívia e o consumidor, o preço do gás é multiplicado por 60. Pode?
Desculpem a insistência, mas os faros mostram como é importante a audiência pública que acontecerá, no próximo dia 30, na Câmara Municipal. Só assim poderemos encontrar propostas que não sejam apenas as de meter a mão no bolso do consumidor.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

DEFICIENTES: UM ESTATUTO CONTRA A CONSTITUIÇÃO

Até que ponto vai à limitação de uma pessoa portadora de deficiência física? A resposta aos limites que a sociedade, impõe, principalmente por preconceito, ganhou resposta definitiva durante a realização do Parapan, a olimpíada dos deficientes físicos, no Rio. Não houve limitações para que atletas de todo o mundo mostrassem que de muletas, em cadeiras de roda, com paralisia cerebral ou sem visão, mostrassem capacidade de vencer obstáculos quando lhes é dada oportunidade que lhes permita desenvolver atividades, esportivas ou não, continuando úteis à sociedade que os trata com restrições. Sem respeito.
A Constituição de 1988 estabeleceu como uma das bases de sustentação da ordem econômica a valorização do trabalho, com a finalidade de oferecer existência digna e distribuir justiça social através da redução das desigualdades sociais.
Esse tipo de assistência nunca saiu do papel. Já em 1978 a deficiência física ganhou status constitucional com Emenda 12 que garante educação especial e gratuita; assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do País; proibição de discriminação, inclusive quanto à admissão ao trabalho ou ao serviço público e salário; possibilidade de acesso a edifícios e logradouros públicos.
Agora a Câmara dos Deputados abre nova questão que propõe o Estatuto do Portador de Deficiência. A medida reinicia a partir de amanhã a mobilização de pessoas com deficiência contra o Estatuto, considerado um passo atrás nas conquistas. obtidas até hoje.
Portadores de deficiência levam para a discussão, inclusive com a Presidência da República, argumentos que se opõe ao novo modelo: 1) o estatuto é um retrocesso. Como lei à parte prejudica a inclusão social das pessoas com deficiência, colocando-as como cidadãs diferentes e reforçando a discriminação e o preconceito; 2) o Brasil possui a melhor legislação das Américas para pessoas com deficiência. Só é preciso que as leis sejam cumpridas e estatuto não é palavra mágica pára isso. O estatuto para pessoas com deficiência é a Constituição.
A sociedade que precisa abrir mais portas para que pessoas com deficiência se mostrem capazes, mas não deixa de ser importante que as leis sejam cumpridas. Essas e todas as outras.
Se há uma área em que precisamos de ações verdadeiramente afirmativas, essa é a dos portadores de deficiência. Num mundo de grandes soluções tecnológicas, não há mais ambiente para qualquer tipo de discriminação, como acaba configurando o estatuto proposto.

A GENTE JÁ NÃO VIVE SEM ESSE GÁS

Má-fé, incompetência, irresponsabilidade, manipulação de informações, jogo de interesses e principalmente desrespeito aos direitos elementares do cidadão – não, não se trata de um simples conjunto de palavras. Representam observações e definições que definem perfeitamente toda essa confusão sobre a crise do gás natural.
Crise que estava escancarada pra que providencias tivessem sido tomadas antes que o país fizesse tantas vítimas como, por exemplo, os 450 mil veículos que se hoje servem hoje desse combustível só no Rio de Janeiro, prejudicando o trabalho de taxistas que fizeram um grande esforço para atender os apelos de conversão que o governo oferecia como salvação da lavoura. E que não conseguirão sobreviver com um combustível mais caro.
Acreditamos e entramos pelo cano (do gás e das promessas). Apesar do, como sempre, exagerado otimismo do governo: desde 2000 e 2001 a crise colocava as “unhas de fora”: das 23 concessões autorizadas naqueles anos para a construção de novas hidroelétricas nenhuma, pasme, saiu do papel. Já se previa que sem essas obras o país dependeria cada vez mais de usinas termoelétricas que precisam de gás para operar. O governo minimiza o problema: “Quem tiver táxi a gás vai continuar usando seu táxi a gás. Quem tiver gás encanado vai continuar utilizando gás encanado”, diz o presidente Lula. Mas sabemos que não será bem assim. Já não era em 2006 quando sem energia hidroelétrica o aumento deveria ser coberto pela geração de termoelétricas que dependem de gás.
Tentam jogar toda a responsabilidade no fornecimento que vinha da Bolívia, mas a culpa fica aqui mesmo: não tomaram nenhuma providência, embora todos soubessem que eram necessárias e fundamentais. A crise do gás renderá ainda muitas desculpas, acusações e conversa fiada. O mais importante é buscar soluções urgentes que não ameacem cada vez mais os trabalhadores, taxistas principalmente, com um “apagão” de sobrevivência. Vamos discutir o assunto com clareza e com sugestões para uma solução urgente. Sem esse papo furado que o povão, o que sofre mais, não entende. É o que acontecerá no próximo dia 30 na Câmara Municipal com uma audiência pública na qual, por minha iniciativa, poderemos encontrar uma saída que tranqüilize os usuários de GNV. Petrobras e distribuidoras também estão convocadas.

PROSTITUIÇÃO: QUEM USA, LEGALIZA

O medo de falar a verdade e de enxergar com clareza fazem com que a hipocrisia esteja cada vez mais presente, Agora circula em torno do projeto do deputado Fernando Gabeira propondo legalizar a prostituição.
A prostituição é atividade antiga, exercida (não há estatística oficial, mas há quem fale em 500 mil meninas prostituindo-se no país) no mundo inteiro. O fato é que se faz maior o número de mulheres que buscam sobrevivência vendendo a única coisa que lhes resta: o corpo.
Em Brasília a discussão em torno da legalização anda mais acalorada do que os encontros festivos e escondidos. Legalizar a prostituição é reconhecer uma realidade que existe no país e que fingimos não ver, mesmo utilizando os serviços prestados. No último dia 7 o projeto foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça, mas com emendas será votado.
A legalização é o reconhecimento de um trabalho de mulheres que são usadas e exploradas de todas as formas e ultimamente alvo de agressões de filhinhos de papai que certamente também se servem de seus serviços. Com o trabalho legalizado a exploração diminui e uma categoria profissional passa a ser reconhecida e sai da clandestinidade, o que deve ser revisto sem hipocrisia em muitas outras atividades necessárias e exercidas, mas não legalmente reconhecidas.
A deputada Maria do Rosário tem uma visão real: “É uma discussão importante porque tira da invisibilidade de setores historicamente marginalizados”. A prostituição começou há menos de 2 séculos com o nascimento das grandes cidades, da classe dominante burguesa, do modelo de família monogâmica e da noção de fidelidade que normatizou a sexualidade das pessoas.
A sociedade utiliza de forma velada a oferta como uma maneira dos homens viverem as fantasias irrealizáveis, os desejos proibidos no território do lar. Recente pesquisa feita por um jornal carioca mostrou que 60% dos entrevistados aprovam a legalização da prostituição. O povo não é hipócrita.
O momento é de acabar com a marginalidade que exclui as prostitutas. Legalizar é fazer justiça com um grande número de trabalhadoras (prostituição é trabalho, sim) que não podem ser “mercadoria” de uma sociedade hipócrita que utiliza os serviços, mas não quer que ninguém saiba.

É PRECISO SALVAR OS TAXISTAS DA CRISE DO GNV

Toda vez que uma grande crise atinge o Brasil a discussão em torno do problema vira técnica e política e o povão, sempre o mais prejudicado, fica sem entender nada no meio de um “blábláblá” que procura culpados, faz acusações, especula, mas não propõe solução alternativa e imediata. É assim com a crise no fornecimento de gás veicular.
O povo não quer ouvir opiniões técnicas e promessas para soluções a longo (bota longo nisso) prazo. O que pesa no bolso do trabalhador que investiu, com incentivo do governo, um bom dinheiro para ter acesso ao GNV, é a economia que pode deixar, como lhe prometeram, de fazer: o gás natural veicular significa, na prática, redução real de 70% de despesas, além de poluir menos e contribuir para aumentar a vida do motor.
Há, sim, indústrias prejudicadas (em conseqüência os trabalhadores pagam a conta com ameaças de demissões), mas o prejuízo maior tem sido sem dúvida para os taxistas, os mesmos que apostaram nas promessas do governo e investiram na adaptação de suas ferramentas de trabalho em busca de mais justas alternativas de faturamento e, portanto, melhores condições de vida.
É para discutir com clareza a crise no fornecimento do gás natural veicular e as ameaças ao trabalho dos taxistas que Câmara Municipal realizará, por minha iniciativa, audiência pública para oferecer propostas em defesa do direito dos taxistas a um combustível que viabilize suas atividades. Mais: será discutida também a defasagem das tarifas.
Autoridades do setor, inclusive da Petrobras, estarão presentes para discutir com clareza até porque, como diz o engenheiro Wagner Victer “o consumo do GNV é aquele em que o gás natural tem a maior abrangência de usuários no país, mais até do que o consumo residencial”.Atualmente é de7 milhões de m3 por dia e inferior a 20% do consumo nacional de gás natural.
De saída Wagner Victer propõe “redução drástica no consumo de gás natural pela própria Petrobras em suas unidades industriais (refinarias), além da aceleração de investimentos para a redução da queima de gás em Plataformas de Petróleo”. O que não se pode é queimar a esperança de uma classe que investiu grande por mais gás para o trabalho. E para a vida.

O TIRO NO ESCURO DA VIOLÊNCIA POLICIAL

Não se pode permitir que qualquer “cara pálida” venha ao Brasil ditar regras de comportamento, mas admito que devemos levar em conta as conclusões de Phillip Alston, relator da Organização das Nações Unidas depois de estudar ações policiais bancadas pelo governo do estado.
Aliás, o governador Sergio Cabral nem recebeu o representante da ONU. Não quis conversa porque sabe que o trabalho desordenado da polícia não tem resultado na diminuição da violência e combate ao tráfico.
O relator da ONU não poupou críticas às práticas policiais, especialmente ”assassinatos cometidos sob o argumento de resistência à prisão”. Sobre a invasão que deixou, no dia 27 de junho. 19 mortos no Complexo do Alemão, o relator concluiu que “a operação foi conduzida por razões políticas, para mostrar que o governo é duro com o crime, mas na realidade o Alemão deveria ter um programa social comunitário”.
Não só o Alemão: programas comunitários em todas as favelas são ações que podem levar a uma solução definitiva para que inocentes moradores das comunidades não sejam vítimas, como aconteceu no Alemão, de uma polícia que “atirou em tudo em volta e depois saiu. Isso não aumenta a segurança”. O relator sugere investigação rigorosa das mortes causadas por policiais: “os autos de resistência são eufemismo para casos de execuções cometidas por policiais”.
A prepotência (ou seria o medo da verdade?) não permitiu o que o governador ouvisse as críticas e não desse ouvido para sugestões como, por exemplo, melhoria nos salários dos policiais (“a baixa remuneração favorece a corrupção”); mais recursos e independência para policias técnicas; garantia de segurança de testemunhas de execuções; garantia de acompanhamento das investigações de mortes causadas por policiais e garantia da segurança dos presos (“o governo deve controlar as cadeias e encerrar práticas onde novos presos que não pertencem a nenhuma facção precisam escolher uma”).
É exagero afirmar que conselhos resolvam um problema que aumenta com a violenta ação policial, gerando represálias. Também é exagero não ouvir o que um estudioso tem a dizer. É pretensão de quem posa de salvador da pátria e nada resolve porque não ouve ninguém, especialmente as comunidades carentes.

O ESPETÁCULO, SEM APLAUSOS, DO GOVERNO

Até onde chegará e nos levará essa comprovadamente inútil guerra com o tráfico nos morros que o governo do estado adotou como, ao que tudo indica, carro-chefe do programa de governo. A cada combate são os inocentes as vítimas maiores, mas o governador Sergio Cabral continua fazendo vista grossa para o problema maior: a ele não interessa quem são os mais atingidos desde que possa, ao final de cada invasão em favela, mostrar uma prisão como troféu de guerra. Não adianta nada: a polícia exibe traficante aqui e meia hora depois outro está em seu lugar, o que evidencia que sem ações inteligentes essa bola de neve nunca terá fim.
Em vez de peitar inutilmente os bandidos o governo examinar as conseqüências de uma batalha que se tem mostrado ineficaz. Não que não se devam combater os criminosos, mas nessa guerra é preciso cuidar antes de qualquer coisa dos inocentes, mos trabalhadores que habitam os morros e que não podem ser as maiores vítimas de um espetáculo sem resultado nenhum.
O governador buscou ensinamentos na Colômbia, mas talvez seja mais competente ouvir opiniões aqui mesmo. Como, os do juiz Walter Maierovirch, ex-secretário nacional Antidrogas e estudioso do crime organizado, que diz: “Se vê, por exemplo, pessoas que fogem, policiais que avisam os bandidos e dentro das favelas uma população pobre que fica exatamente no meio do fogo cruzado, com todos os riscos”.
O juiz classifica de “visão míope" esse olhar “que não passa das favelas, dos morros, quando a verdadeira visão do crime organizado deve ser feita em face das redes transnacionais, sem fronteiras, que fazem o abastecimento de armas e drogas. " O juiz reforça o que assistimos todo dia: “Essas operações militarizadas, mas funcionam.As operações do atual governador do Rio de Janeiro são de confronto, de guerra, e no dia seguinte a polícia não está lá Pra controlar o território e retomar o controle social”.
Em outras palavras: são apenas demonstrações para aparecer nas primeiras páginas dos jornais e na televisão. É apenas um espetáculo que o povo gostaria, mas diante dos resultados, não consegue aplaudir porque continua tudo na mesma, ou seja, o povo pagando o pato.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

É PRECISO SALVAR OS TAXISTAS DA CRISE DO GÁS

Wagner Victer propõe “redução drástica no consumo de gás natural pela própria Petrobras em suas unidades industriais (refinarias), além da aceleração de investimentos para a redução da queima de gás em Plataformas de Petróleo”.



Toda vez que uma grande crise atinge o Brasil a discussão em torno do problema vira técnica e política e o povão, sempre o mais prejudicado, fica sem entender nada no meio de um “blábláblá” que procura culpados, faz acusações, especula, mas não propõe solução alternativa e imediata। É assim com a crise no fornecimento de gás veicular।



O povo não quer ouvir opiniões técnicas e promessas para soluções a longo (bota longo nisso) prazo. O que pesa no bolso do trabalhador que investiu, com incentivo do governo, um bom dinheiro para ter acesso ao GNV, é a economia que pode deixar, como lhe prometeram, de fazer: o gás natural veicular significa., na prática, redução real de 70% de despesas, além de poluir menos e contribuir para aumentar a vida do motor.
Há, sim, indústrias prejudicadas (em conseqüência os trabalhadores pagam a conta com ameaças de demissões), mas o prejuízo maior tem sido sem dúvida para os taxistas, os mesmos que apostaram nas promessas do governo e investiram na adaptação de suas ferramentas de trabalho em busca de mais justas alternativas de faturamento e, portanto, melhores condições de vida.
É para discutir com clareza a crise no fornecimento do gás natural veicular e as ameaças ao trabalho dos taxistas que Câmara Municipal realizará, por minha iniciativa, audiência pública para oferecer propostas em defesa do direito dos taxistas a um combustível que viabilize suas atividades. Mais: será discutida também a defasagem das tarifas.
Autoridades do setor, inclusive da Petrobras, estarão presentes para discutir com clareza até porque, como diz o engenheiro Wagner Victer “o consumo do GNV é aquele em que o gás natural tem a maior abrangência de usuários no país, mais até do que o consumo residencial”.Atualmente é de7 milhões de m3 por dia e inferior a 20% do consumo nacional de gás natural.
De saída Wagner Victer propõe “redução drástica no consumo de gás natural pela própria Petrobras em suas unidades industriais (refinarias), além da aceleração de investimentos para a redução da queima de gás em Plataformas de Petróleo”. O que não se pode é queimar a esperança de uma classe que investiu grande por mais gás para o trabalho. E para a vida.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

CHÁVEZ DITADOR? É MUITA CARA DE PAU

Foram tantos os e-mails recebidos sobre a coluna a respeito do grito do rei Juan Carlos que, infelizmente, não pude responder todos a tempo. Espero que até amanhã cumpra a tarefa, como hábito, e assim alimentar essa conversa com todos os que me honram com seus comentários, concordando ou não.
Mas, desde já, gostaria de esclarecer algo que me incomoda bastante, logo a mim, que paguei com dois anos de cadeia (16 dias de tortura) por me insurgir contra a ditadura que infelicitou o Brasil por 20 anos e deixou seqüelas até hoje.
É que entre os que fizeram o coro do rei havia certa insistência em chamar de ditador o presidente reeleito da Venezuela, num pleito que testemunhei com meus próprios olhos.
Neste caso, eu gostaria que você (principalmente quem pensa assim) me esclarecesse na forma do direito por que considera Hugo Chávez ditador. Será por que teve coragem de encarar o mister Bush e os grandes interesses internacionais? Ditador é quem não reza pela cartilha de Washington, dos grandes bancos e da Escola das Américas? Será que essa pecha é por causa do despreparo ou manipulação da nossa mídia?
Hugo Rafael Chávez Frias foi eleito presidente pela primeira vez em dezembro de 1998 com 56% dos votos. Como na sua plataforma, em fevereiro de 1999 convocou um plebiscito para decidir se o povo concordava com uma Assembléia Constituinte. O plebiscito foi realizado com a presença de observadores internacionais e 70% dos venezuelanos concordaram com a proposta. Na eleição, seus partidários do Pólo Patriótico deram um banho, fazendo 120 dos 131 constituintes.
Elaborada a nova Constituição, novo plebiscito. Com apoio de 72,21% dos eleitores, a nova Carta foi aprovada pelo povo. Chávez renunciou para submeter-se a uma nova eleição já dentro da Constituição de 99. Ganhou outra vez com 60% dos votos.
Em 12 de abril de 2002, sofreu um golpe encabeçado por empresários, todas as redes de televisão e pelegos sindicais da CTV. Com o apoio de generais mercenários (alguns anistiados mais tarde), o empresário Pedro Carmona assumiu e fechou tudo – Congresso e Judiciário. Três dias depois, com o povo nas ruas, Chávez foi resgatado por um grupo de oficiais e reassumiu em meio a uma grande festa.
Daí para uma nova vitória na eleição do ano passado foi um passo: ganhou do governador de Zúlia com 60% dos votos. Todos os seus triunfos foram mediante eleições e plebiscitos limpos, devidamente vigiados, com imprensa livre, alguns governadores adversários e partidos de oposição atuantes. Como você tem a cara de pau de chamar alguém consagrado pela maioria de ditador?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

CALA BOCA JÁ MORREU, VIVA O PLEBEU!

Quem quiser, fique com o rei. Eu estou com o plebeu e não abro. E fico muito fulo com essa turma que bate palma para um cara pálida que não faz nada de útil, mas vive nababescamente às custas do povo espanhol.
Veja o que aconteceu: como não é de perder a viagem, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez (o macho que falta aqui) , aproveitou uma reunião de governantes “ibero-americanos” no Chile para lembrar a participação do governo espanhol, então encabeçado por José Maria Aznar (de um partido de direita) na fracassada tentativa de golpe para derrubá-lo, em 2002. Nessa trampa, como quem não quer nada, estava o próprio rei Juan Carlos, á cata de algo que fazer.
O atual primeiro-ministro Zapatero, que não tem nada de sapateiro, mas é neto de um coronel republicano fuzilado pelos falangistas de Franco, na sangrenta guerra civil espanhola, e encabeça um partido dito Socialista Operário (meu Deus, como se manipulam as palavras), resolveu tomar as dores do seu antecessor, de quem disse cobras e lagartos até outro dia.
Chávez foi esclarecer qualquer coisa quando sua majestade, o boa vida, resolveu aparecer na fita como se estivesse passando um carão nos seus súditos. “Por que você não se cala?”. Cala boca já morreu, viva o plebeu!
Nessa única aparição durante toda a reunião, o rei espanhol arrancou os frenéticos aplausos daqueles que não se conformam com as atitudes nacionalistas do presidente venezuelano, que tem o apoio da grande maioria do seu povo, como se verá no referendo de 6 der dezembro.
Não entendi. A figura de um rei para mim já é uma excrescência. Rei, aliás, só mesmo o Momo e olhe lá. Há mais de duzentos anos que mandaram os reis da França para a guilhotina porque a rainha Maria Antonieta, diante da fome geral, mandou que o povo se virasse, comendo brioches.
Esse rei metido a besta está no bem bom por um capricho do ditador Francisco Franco que, depois de derrubar o governo republicano com a ajuda da aviação de Hitler, resolveu restaurar o trono no último capítulo de sua ditadura cruel.
O rei fica no Palácio com seus parentes e seus queridinhos, come do bom e do melhor, viaja, passeia, caça, faz tudo o que um parasita gosta, enquanto o povo espanhol trabalha, trabalha quem nem uma mula.
Seu filhote já está lá, com a vida ganha, à espera da boca palaciana. Por isso, esse grandalhão que foi feito rei não gostou da rebeldia do mulato venezuelano, da mesma forma que seus antepassados exterminaram milhões de índios e ninguém diz nada. Ou será que vamos voltar ao ser colônias?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

RACISMO À BRASILEIRA É POR BAIXO DO PANO

Existe preconceito racial no Brasil? – essa é uma pergunta feita constantemente e para a qual a resposta é da boca pra fora, um sonoro e hipócrita não. Mas não é o que o dia a dia nos mostra: recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que o perfil do empregado que as empresas procuram é de homens (63%) e brancos (58%), números que descartam friamente os negros. Se não é preconceito é o quê?
Outra manifestação preconceituosa e que pode, é a que destina cotas para estudantes negros nas universidades. Não estão, como se finge acreditar, beneficiando os negros: estão passando a mão na cabeça deles para disfarçar as restrições que enfrentam diariamente.
Vejamos: o branco é mais bem colocado socialmente, mas isso não o faz um aluno mais preparado do que um estudante negro que mete a cara nos livros porque sabe que para poder continuar estudando precisa ser aluno exemplar. Mesmo assim enfrentará como mostra a pesquisa, mais dificuldade para uma vaga no mercado de trabalho.
O estudo do Ipea revela que embora 9,134 milhões de pessoas procurem (em2007) emprego no país apenas 1,673 milhões estão aptas para ocupar as vagas disponíveis, mas não especifica a cor da pele dos que estão e não estão aptos. Não é exatamente a aptidão que pesa mais na hora da escolha final. A cor da pele tranca com cadeados de preconceito as portas do mercado de trabalho.
Sem opções de restam para enorme fatia do povo trabalhos informais, “atividades de sobrevivência de populações marginalizadas no mercado de trabalho”. Daí, maior número de ambulantes e quebra galhos, de milhões de trabalhadores movimentando a economia informal.
O número de empregos formais gerados no Brasil esse ano, diz o estudo, deveria ser 473% maior que a 1.592 milhões de ofertas. Conta simples: faltam mais de oito milhões de empregos para a promessa de criar 10 milhões de frentes de trabalho. Resumindo: falta de emprego afeta brancos e negros, mas as poucas vagas limitam mais a possibilidade do negro trabalhar com carteira direitos trabalhistas. Estão tirando dos negros (e pobres) todos os direitos: com o preconceito enrustido fica pior. E preciso que as coisas fiquem claras para todas as raças, todas as pessoas.
E vamos parar com a hipocrisia que, infelizmente, é a marca mais saliente dos nossos dias.

UM ESTADO PERDIDO NAS COMUNIDADES

Em entrevista a Ana Maria Tahan e Rodrigo Camarão, publicada ontem no JB, o governador Sérgio Cabral definiu com todas as letras a visão do seu governo sobre as comunidades carentes: ação policial num ambiente de guerra e “fim do paternalismo”.
Isso explica todos os recordes de execuções policiais nas favelas e conjuntos habitacionais. E o porquê da desativação dos programas sociais, com o isolamento da Secretaria de Ação Social, dirigida sem o mínimo de motivação por Benedita da Silva.
Ele afirmou sem rodeios: “vamos parar com a relação paternal. A política da bica d'água se sofisticou, mas permaneceu. Temos de quebrar essa política. Fazer intervenções para valer”.
Depois de acentuar que estava em guerra e isso tem suas conseqüências, o governador declarou: “Não estou disputando com o tráfico. A área precisa ser recuperada pelo poder público. Não é o Cabral versus o tráfico. Romantizaram o tráfico, romantizaram a favela”.
Essa visão explica a mais completa omissão do Estado em relação às áreas marginalizadas, que há 11 meses só têm notícia da presença policial em cinematográficas operações, como aquela na antiga Fazenda Coqueiros, hoje conhecida como favela da Coréia, filmada ao vivo e a cores.
Seria combater a “relação paternal” manter virtualmente fechada a Casa do Paz do Jacarezinho? Ali, em dois anos, foram realizados mais de 200 mil atendimentos em todas as áreas, inclusive com o funcionamento de um curso de segundo grau adaptado à realidade da comunidade. Lá, nem o diretor foi nomeado até hoje.
Seria abandonar a “relação paternal” paralisar o projeto que asseguraria o fornecimento de água para o Jacarezinho, uma comunidade de mais de 70 mil habitantes? Lá, depois de muito esforço nosso, a Prefeitura construiu um castelo d’água com a capacidade de 250 mil litros, usando recursos do “favela-bairro”. A obra está pronta desde fevereiro, mas vai acabar virando um heliporto para os helicópteros da polícia, já que até hoje a CEDAE não fez a ligação com a rede e não há nenhuma indicação de que tal providência esteja em seus planos.
Se o governador quer mesmo enfrentar a violência, não pode abandonar os cidadãos que vivem em comunidades, que passaram a ser vistas como guetos suspeitos, para os quais o Estado só tem uma mão, a da polícia. Agindo assim, com essa cabeça, o governador não vai nos proporcionar nenhuma segurança e ainda terá que investir em novos cemitérios.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

DE OLHO PARA NÃO SER A PRÓXIMA VÍTIMA

Quando se fala em saúde a melhor maneira de evitar doenças é prevenir. A prevenção também é a melhor “arma” contra a violência que se espalha pelas grandes cidades e mantém a população sempre com medo de ser “a bola da vez”.
Todo dia tomamos conhecimento de um novo “modus operandi” usado contra vítimas indefesas. A mais recente me chegou como alerta e aconselha a não abrir o vidro de carro em nenhuma hipótese.
A prática agora, desenvolvida nos sinais de trânsito, é a de meninos e meninas que jogam líquido para limpar o pára-brisa e pedem que o motorista (preferem as mulheres) abra o vidro para dar uma moedinha ou ouvir um pedido qualquer. Abriu, perdeu: imediatamente a ameaça de receber na cara um jato de ácido que permite roubar a bolsa, o rádio, o que estiver dando sopa.
A prevenção deve começar com um alerta como o que me foi enviado e que transferi para muitas pessoas como faço agora com, você cidadão desprotegido. Não é só no carro que podemos ser vítimas de nova modalidade de roubo. Prevenir é fundamental: segundo relatório de outubro do Instituto de Segurança Pública o número de roubos a pedestres aumentou 49% estabelecendo um recorde desde 1991. Até agora acontecerem no Rio 29.361 roubos (27% na Zona Oeste, 10,9% no Centro e 8,9% na Zona Sul).
A 2ª Vara da Infância e Juventude registrou aumento de roubos e furtos praticado por meninos e meninas (que deveriam estar na escola, como Brizola desejava para e com os CIEPS) com menos de 18 anos. O telefone celular e um dos mais atraentes objetos: a quantidade de aparelhos roubados aumentou 9,4% (foram roubados 1.243 telefones).
As estatísticas mostram a realidade que faz importante que alertas como o que recebi sejam espalhados para o maior número de pessoas. Há mais conselhos: 1) não ostente jóia e relógio; 2) evite andar por locais escuros; 3) separe o dinheiro necessário para pequenos gastos; 4) se achar que está sendo seguido atravesse a rua ou entre em um estabelecimento movimentado; 5) na rua mantenha distância mínima de 30 metros para pessoas que não conhece: o marginal precisa de 5 metros para fazer a abordagem; 6) caminhe no centro da calçada e contra o sentido do trânsito. Melhor é prevenir-se e alertar o maior número de pessoas. Dependemos cada vez mais uns dos outros. Por isso, temos que ficar com um olho no padre e outro na missa.

JOVENS RIQUINHOS NO NEGÓCIO DAS DROGAS

O que leva jovens de classe média, com razoáveis condições de vida, a se tornarem bandidos? - essa é a pergunta que mais nos fazemos ultimamente. A prisão da quadrilha de estudantes-traficantes (especializada em de drogas sintéticas) faz mais presente à questão.
Não é a primeira vez que jovens de classe média, quase todos filhinhos de papai, se envolvem no submundo. É claro que não se deve generalizar e incluir todos os jovens no mesmo saco. Há jovens interessados em ações mais efetivas, sejam no engajamento político ou porque simplesmente estão conscientes que o caminho das drogas é perigoso e sem volta.
Teoricamente muitas explicações podem ser dadas, mas a teoria não tem sido colocada em prática e o resultado tem sido, como mostra o noticiário, catastrófico. Duas teses são as mais discutidas: a primeira mostrando que jovens de classe média se envolvem no crime porque acham que para filhinhos de papai não haverá punição. Portanto, é a impunidade que incentiva e acoberta o crime. Outra tese é a de os maus exemplos de práticas ilegais vem de cima, de gente engravatada e bem sucedida que não precisava participar de mensalões e outros esquemas, mas participa por conta da impunidade.
Culpa dos pais? Talvez seja a falta de diálogo uma das razões. Outras existem e para os psicólogos a busca de bens materiais vendidos como forma de status, leve os jovens de classe média a ganhar, às custas de vidas preciosas de jovens como eles, a boa vida que o mercado de consumo praticamente impõe. A playboyzada presa não precisava envolver-se com o crime para sobreviver: todos moradores de endereços nobres e estudantes de faculdades particulares. O significado “playboy” perdeu o sentido: passou a ser sinônimo de bandido e não mais de jovens que só queriam diversão, sombra e água fresca sem prejudicar ninguém. Estudos mostram que aumenta a paticipação de jovens de classe média no crime e a escola tem culpa nisso. Para a psicóloga Maria Irene Maluf, a escola tem que ser atraente, mas os pais também devem conhecer os amigos dos filhos e manter contato com a equipe pedagógica da escola”.
Não se pode, repito, condenar toda a juventude por conta de meia dúzia de jovens mal orientados. É preciso encontrar solução. Perguntas não resolvem nada. Respostas e ações, sim, até porque estamos diante de um fato novo: sabíamos que era farto o consumo de drogas entre filhinhos de papai – agora ficamos sabendo também que muitos deles são também traficantes.

AS ATROCIDADES DOS FILHINHOS-DE-PAPAI

Não é de hoje que a sociedade tenta criminalizar a pobreza, jogando nas costas da classe menos privilegiada a responsabilidade de tudo o que de ruim acontece. Quando se trata dos jovens, aqueles que menos têm oportunidade de estudar para sair da vida miserável em que foram criados, os pobres são “responsabilizados” por atos que “só gente assim pode cometer” Não é o que acontece: incidentes envolvendo agressões juvenis são protagonizados por jovens de classe média que fazem da violência uma covarde brincadeira, geralmente, contra vítimas socialmente indefesas.
Esses covardes não têm peito de encarar gente do mesmo tope. Diante de quem consegue reagir os covardes é que se acovardam, enfiam o rabo entre as pernas. Recente exemplo vem novamente da Barra da Tijuca, bairro chique de classe média. Foi lá, onde agrediram brutalmente a empregada Shirley Dias de Carvalho, que agora três estudantes (o que estudam?) agrediram prostitutas que exerciam o direito de trabalhar (gostemos ou não a prostituição é uma atividade e existe porque tem quem use os serviços).
Houve tempo em que se responsabilizava a televisão e o cinema pelos maus exemplos de violência nos filmes. Pode até ser, mas diante dos fatos passa a ser um argumento precário: os maus exemplos de agora estampam o noticiário com invasões policiais nas favelas, onde a covardia contra quem trabalha também come solta. A cada ato de crueldade os jovens justificam-se dizendo que “queriam apenas se divertir”. Há um conceito de diversão que precisa ser revisto.
Fica claro que falta diálogo dentro de casa, ou seja, cabe aos pais ensinar filhos que confundem covardia com diversão. Os jovens passaram a ter necessidades de um consumismo exacerbado (carrão e moto) que os bombardeiam com oportunidades de frustração profunda, perda de auto-estima e, em consequência, insegurança e arrogância no combate a onipotência. Podemos cobrar do poder público, mas “é fundamental dedicar tempo a pensar o que temos partilhado com os jovens”. Ouvi-los é um bom inicio. A professora Roseli Fishmann (do Júri Internacional do Prêmio Unesco de Educação pela Paz) diz: “é preciso incentivar os jovens a buscar alternativas na arte e na ciência. Cooperação ativa na sociedade é o caminho que podemos trilhar juntos”. O futuro é agora.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

ESTÃO CORTANDO AS ASAS DO BRASIL

Não há estatística oficial (não interessa aos patrões e, pelo visto, muito menos ao governo), mas basta um levantamento no que tem sido publicado sobre a crise da aviação comercial para chegar ao preocupante número de mais de 12 mil aeroviários, aeronautas e aeroportuários demitidos desde 2002 quando a TAM mandou inicialmente para o espaço 524 funcionários. Entre ex-funcionários da Transbrasil (1.000 demissões e falência decretada em 2003), Vasp (4.500 demissões em 2005 e Varig (5.500 demissões) e agora 1.100 demissões anunciadas pela BRA (sem falar da Webjet) é inevitável concluir que nossa a aviação comercial vai de mal a pior, o que ajuda a entender o apagão aéreo que envergonha o país. Aqui e no mundo.
A conseqüência mais grave dessa crise será a abertura dos nossos céus para vôos domésticos feitos por empresas estrangeiras. Hoje, já não podemos cumprir as obrigações internacionais: para cada 4 vôos de empresas estrangeiras, temos um de empresa brasileira.
Funcionários das maiores empresas aéreas brasileiras estão sendo jogados nas latas de lixo dos aeroportos sem receber indenizações e respeito. Os péssimos exemplos anteriores exigem que a vigilância em torno da BRA seja total para evitar que seus trabalhadores também tenham seus direitos trabalhistas usurpados sem que se tome uma providência enérgica. Não é tolerável aceitar que empresas aéreas simplesmente mandem funcionários para o espaço como se fossem peças quebradas que não servem para mais nada,mas já serviram.
O discurso da BRA, que só começou a ter vôos regulares a partir de 2006 (em 2000 era empresa de fretamento de vôos) é praticamente o mesmo das outras companhias, que muito falaram e nada cumpriram deixando no ora veja os funcionários, como deixavam passageiros.
Em nota oficial a BRA tenta mostrar preocupação com passageiros pedindo procurar guichês da empresa para orientações. Esqueceu que já na noite de terça-feira suas lojas e balcões não teriam condições de atendimento: funcionários eram comunicados da demissão em massa. Nenhuma preocupação com os aeroviários abandonados repetindo procedimento ocorrido em outras empresas que devem explicações até hoje. O presidente da Federação Nacional de Trabalhadores do Transporte Aéreo, Uébio José da Silva, não esconde o temor que “funcionários da BRA tenham o fim que tiveram trabalhadores de outras empresas e fiquem a ver navios”.
Para a BRA a suspensão dos vôos é temporária. Não será. É mais um vôo sem volta deixando 1100 trabalhadores pendurados em um pára-quedas que se espatifará no solo.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

UMA VISÃO DETURPADA DAS COMUNIDADES

Decorridos dez meses da posse do governador Sérgio Cabral, parece claro que pegou o pior caminho para enfrentar o desafio da violência urbana. Além do relatório da Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal, que apontou sinais evidentes de execuções nas operações policiais do Complexo do Alemão, o governador, em sua primeira experiência à frente do Executivo, tem feito pronunciamentos infelizes, que refletem uma visão deturpada da realidade.
Além de se posicionar pelo aborto como forma de prevenir a proliferação de criminosas nas camadas pobres da população, o que chocou a gregos e troianos, Sérgio Cabral assumiu o discurso da criminalização da comunidade como um todo. Como os conjuntos populares são tratados como favelas, aí a carga se estende a todos os segmentos onde moram os trabalhadores que, por sinal, ganham péssimos salários.
Ontem, a presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, divulgou um manifesto com a assinatura de dezenas de entidades e personalidades, no qual declara sua indignação diante dos rumos adotados pelo governo do Estado. Pela importância do documento, faço questão de transcrevê-lo na íntegra:
“As afirmativas do Governador do Estado do RJ de que as favelas são fábricas de marginais refletem uma política de segurança pública militarizada, que coloca como alvo os setores mais pobres e marginalizados da população. Estes não carecem de tiros e sim de políticas públicas eficientes e competentes.
A criminalidade é fenômeno social que permeia as relações em todas as sociedades e, como sabemos, não é exclusiva dos setores pobres e excluídos. A diferença encontra-se, em verdade, no tratamento conferido aos crimes praticados nas diferentes classes sociais. Insere-se nesta ótica turva a declaração do Secretário de Segurança Pública, que distinguiu uma bala perdida em Copacabana daquela no Complexo do Alemão.
Nossa preocupação se estende ao posicionamento de certos setores da mídia que reforçam a ideologia do extermínio, em afronta ao Estado Democrático e de Direito, como o contido no editorial de jornal [carioca] de grande circulação do dia 26 de outubro, onde se lê que "as camadas pobres da população converteram-se numa fábrica de reposição de mão-de-obra para o exército da criminalidade".
Repudiamos e denunciamos a política de segurança pública fundada no confronto militar e, sem apreciarmos aqui eventual direito à interrupção de gravidez indesejada, entendemos que o aborto não pode ser tido como instrumento de política demográfica, de saneamento ou de eugenia”.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O BATE-BOCA NA AVIAÇÃO E QUEM PAGA O PATO

Falando em português claro: parecia birra de criança a permanência de Milton Zuanazzi na presidência da Agência Nacional de Aviação Civil. Agora ele, que nada fez na época do apagão aéreo que prejudicou o país, maltratou a população e deu enorme prejuízo, resolveu sair fora, o que deveria ter feito no início da crise. Mas, não: preferiu travar uma infantil queda de braço com o ministro da Defesa Nelson Jobim.
Zuanazzi foi o último diretor da crise, que nem acabou direito a deixar o cargo. Esqueceu lição simples que se aprende na adolescência freqüentando festas: devemos ir embora dos lugares aonde não nos querem e sair por cima de cabeça erguida. O ex-presidente da Anac preferiu bater pé e contribuiu com a crise ao alimentar uma briguinha infantil.
Antes de partir Zuanazzi, que permaneceu o tempo que quis porque o cargo de diretor é garantido por mandato e só pode ser retirado em casos especiais como, por exemplo, processo por improbidade administrativa, fez uma festa e deu entrevista, garantindo que a crise aérea não acabou e que não será tão fácil resolver rapidamente o problema que atinge usuários da aviação comercial.
Mais grave: é tal a incompetência e a omissão nessa área de interesses poderosos que até quem não pega avião está pagando o pato, como aconteceu na queda de um jatinho neste fim de semana em São Paulo.
A aviação comercial brasileira iniciou-se em 1927 quando a empresa Condor Syndikat transportou passageiros no hidroavião “Atlântico”. Não era vôo pioneiro no país: o primeiro foi em 22 de outubro de 1911 (da Praça Mauá até Ilha do Governador) com o aviador Edmond Plauchu, ex-mecânico de Santos Dumont. No dia 14 de outubro tinha sido fundado (na redação do jornal A Noite) o Aeroclube Brasileiro, que no ano seguinte fez sua primeira escola de aviação. A primeira empresa brasileira de aviação foi a Varig fundada em 1927 com rotas entre Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande.
O afastamento de Zuanazzi rendeu: enquanto o ministro da Defesa dizia aliviado que “Zuanazzi está saindo porque não concorda com minhas idéias”, o ex- presidente da Anac garantia que a crise aérea não está resolvida e que ‘existe uma agenda oculta no país que não quer que pobre ande de avião”. Uma declaração que não explica muito, mas nos deixa a certeza de que, como dizia o Barão de Itararé, “há mais no ar do que os aviões de carreira”.

SEM ANISTIA A DEMOCRACIA É CAPENGA

Como você sabe, o país foi surpreendido em 1964 por um golpe militar que depôs o presidente João Goulart e suspendeu todas as garantias constitucionais, retirando do povo o mais sagrado dos seus direitos – o de eleger seus governantes.
Desde aquele primeiro de abril, um clima de arbitrariedades, terror e medo se instalou, agravando-se ano a ano, com perseguições políticas, prisões, torturas e assassinatos nos porões dos órgãos de segurança.
Todas as tentativas de restabelecer a democracia foram vãs, devido, principalmente, à política dos Estados Unidos para a América Latina. Além do Brasil, países como Chile, Argentina e Uruguai caíram em mãos de ditaduras violentas, todas instaladas sob o pretexto de evitar uma suposta ameaça comunista.
Como não havia lei, quem estava no poder fazia o que queria. A imprensa estava amordaçada, as universidades e escolas públicas, os sindicatos e outras entidades estavam sob intervenção ou controle dos órgãos de segurança.
Fora m dias trágicos, que duraram vinte anos. Quando, finalmente, o último dos ditadores passou a Presidência para um civil, o estrago já estava feito. Milhares de famílias haviam sido atingidas, com a perda dos seus filhos, o exílio, prisões, e, o que é mais grave, a interrupção das carreiras. Muitos cientistas brasileiros tiveram que atravessar a fronteira, ante o ambiente de suspeição que podia levar a todo tipo de perseguição.
A partir do meio da década de 70, foram ganhando corpo os movimentos pela anistia geral, ampla e irrestrita. Anistia quer dizer esquecimento e reparação dos danos causados pelas arbitrariedades da ditadura.
Na edição de ontem do nosso jornal POVO, inspirada pelo nosso presidente Alberto Ahmed, a editora Giselle Santana dedicou uma página ao assunto, numa matéria muito bem produzida pela repórter Renata Onaindia. Ela noticiou a audiência de hoje à tarde na Câmara Municipal, com a presença da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Junior.
E enfocou com destaque a situação do advogado Rodrigo Farias Lima, meu companheiro de prisão e uma das maiores vítimas do arbítrio, que até hoje espera a sua anistia reparadora. É um caso que serve de exemplo sobre a grande realidade: não se pode falar que no Brasil já vivemos um regime de direito, enquanto situações como a sua não tiveram um desfecho decente. Nossos últimos presidentes, FHC e Lula, sofreram muito menos e são hoje anistiados políticos. Quatro décadas depois da implantação daquele regime, é hora de remover as manchas que ainda persistem na vida pública brasileira.

MULHER FORTE NA POLÍTICA É A BOA NOTÍCIA

A eleição de Cristina Kirchner na presidência da Argentina reafirma o avanço das mulheres na política. A notícia da escolha de uma mulher em país tão próximo reabre a possibilidade de uma representante feminina comandar o Brasil (o Chile é governado por Michele Bachelet e na Alemanha é a primeira-ministra Angela Mekel quem dá as ordens).
No Brasil a sabedoria popular tem visão simples sobre eleição de uma mulher. Para o povão “só uma mulher é capaz de arrumar essa casa chamada Brasil, como arruma a sua”. Não é simples assim (o jogo político é mais complicado do que isso), mas de é um retrato do que pode ocorrer.
Especulações surgem e analistas políticos não descartam a possibilidade de uma mulher na Presidência do Brasil e entre os nomes especulados merecem atenção os da ex-senadora Heloísa Helena e das ministras Ellen Gracie e Dilma Roussef.
É difícil qualquer previsão, o que não impede constatar a força política feminina: mulheres já representam 8.2% entre os responsáveis pela elaboração de leis no país: são 42 deputadas (5,6% do total) entre os 515 na Câmara Federal. No Senado 10 das 85 cadeiras são ocupadas pela ala feminina, representando 12,3% do total. É claro que esses números não refletem nem o número de mulheres, que são mais de 50% da população, nem sua presença no mercado de trabalho.
No entanto, já há sinais alentadores no horizonte da vida pública. A maior participação da mulher na política “é responsável – dizem os analistas – pela gradativa mudança de mentalidade que vem se processando na sociedade”. No Brasil a mulher só obteve direito ao voto em 1932, depois da luta iniciada em 1919. Só após a década de 1980 a mulher, que já conquistava espaço no crescimento industrial do país, teve significativa participação política.
A elaboração da nova constituição brasileira deu às mulheres legitimidade de reivindicações, inclusive na política institucional com a criação de Conselhos da condição feminina, delegacia da mulher, coletivo de mulheres nos partidos e sindicatos, implementação da lei de cotas.
Presença feminina na política não é “onda passageira”: todo ano aumenta. É cedo para prever candidaturas, mas é possível avaliar, como a cientista política Lucia Hippolito que “a princípio na há resistência ou preconceito no eleitorado brasileiro”. Descobriremos isso nas urnas.

UM GOL DE PLACA TAMBÉM FORA DE CAMPO

A frase mais ouvida nos últimos dias é “o Brasil ficou mais verde e amarelo para sediar a Copa do Mundo de 2014”: éramos candidato único. Não havia como perder. Alegria justificada: o futebol é sem dúvida a maior paixão do povo brasileiro. E o maior engodo.
Sempre que a seleção esta bem em uma competição (na Copa, que vencemos cinco vezes, nem se fala) a bola na rede funciona também como uma cortina para fazer esquecer graves problemas que o país enfrenta e enfrentará. Já aconteceu. Acontecerá de novo. É jogo sem apito final.
É importante a Copa no Brasil até porque realiza uma mágica financeira com reforma e construção de estádios em 12 de capitais consumindo milhões de reais, os mesmo milhões que não aparecem quando se fala na construção de hospitais, e escolas, e na reforma da educação, da saúde, mais dignas aposentadorias e melhor salário para trabalhadores, os mesmos que fazem o futebol ser tão importante.
O futebol é dos poucos fenômenos de massa que consegue unir,
(democraticamente) em torno de uma mesma paixão, todas as classes sociais, além de atrair a atenção do mundo. Para a Copa de 2014 acredita-se que cerca de 500 mil turistas estarão por aqui, ou seja, mais divisas, mais empregos, maior segurança. Pena que dure pouco. Exatamente como o fim de uma partida de futebol: a vitória, assim como a derrota, é esquecida em menos de uma semana.
Agora vários governadores estiveram na Suíça para acompanhar o nada surpreendente anúncio da escolha do Brasil. O país precisa da torcida e do entusiasmo de seus governadores, mas não só na hora do futebol, esporte que realizou a primeira competição internacional em 1930 (vitória do Uruguai). Em 1942 e1946 não houve partidas internacionais por causa da 2ª guerra mundial.
A Copa do Mundo (o Brasil é o único país que participou de todas) é o segundo maior evento esportivo do mundo. (os Jogos Olímpicos é a maior). O Futebol projetou-se final do século XIX. Em 1900,1904 e 1906 fez parte dos Jogos Olímpicos.
É importante sediar a Copa dentro de 7 anos, mas sem esquecer que nesse período é mais importante marcar gols de placa em programas sociais. Aí sim festejaremos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A COVARDIA DOS HOMENS NOS CONSULTÓRIOS

Os homens não são tão corajosos quanto pensam ser. Pelo menos na hora de procurar um médico para tratar de “certos assuntos”, os homens se acovardam, se envergonham e reagem com um machismo que muitas vezes pode ser fatal. Alguns assuntos científicos são tabu para a maioria dos homens que, por exemplo, não gostam nem de ouvir falar, em exame de próstata ou em ejaculação precoce que, aliás, atinge cerca de 30% dos homens.
A ejaculação precoce que tanto envergonha e até apavora a população masculina foi tema de recente Congresso de Urologia realizado em Salvador, Bahia. A escolha do tema foi conseqüência da conclusão médica de que o problema, sempre tratado com muita discrição, tem feito, por absoluta falta de ajuda médica e psicológica, o homem sofrer em silêncio com uma situação de fácil solução. A ejaculação prematura é um dos problemas sexuais mais freqüentes nos homens (e, portanto, nos casais) e é responsável por 40% das queixas em consultórios de terapeutas sexuais.
São vários os motivos que causam ejaculação precoce que se dá quando a ejaculação é mais rápida do que a esperada, muitas vezes antes até de concretizar a relação sexual. Algumas da causas da ejaculação precoce ou prematura são: 1) aumento anormal de sensibilidade na glande peniana; 2) ansiedade frente ao desempenho sexual; 3) inexperiência sexual; 4) primeira experiência com parceira que tenha estimulado o coito rápido e 5) culpa ou sentimentos negativos em relação à parceira.
Calma, não é o fim do mundo: procurar um urologista soluciona o problema rapidamente com medicamentos simples (geralmente um antidepressivo leve que além de retardar a ejaculação, diminui sintomas de angústia, nervosismo e ansiedade que atrapalham na hora do sexo). Em primeiro lugar é preciso perder a vergonha de falar sobre o assunto, assim como é necessário acabar com o machismo que faz com que muitos homens se envergonhem e se recusem a submeter-se, a partir dos 35 anos, ao anual exame de próstata, o que acaba possibilitando um câncer descoberto tardiamente e por isso mesmo fatal. O homem deve conscientizar-se que não é procurando um especialista que perderá a hombridade. Pelo contrário: um homem sexualmente saudável é sempre mais feliz.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

COMO EVITAR DOENÇAS QUE LEVAM ÀS EMERGÊNCIAS

Problemas cardíacos são as maiores causas de morte, o que leva a uma constatação: é preciso cuidar melhor da saúde, especialmente do coração. Cardiologistas alertam que é fundamental buscar atendimento nas primeiras duas horas em que se sentem os chamados sintomas críticos. A falta de assistência em tempo pode causar a morte.
A orientação é a mais correta, mas há um contra senso entre o que a maior parte da população pode e deve fazer. Como procurar medicação urgente e adequada diante da dificuldade de ser atendido em hospital público, quase todos mais “doentes”?
Apesar da precariedade ocorrem no Brasil 45 milhões de emergências por ano (um quarto da população), das quais 4 milhões e 500 mil relacionadas ao coração. Diante da possibilidade de penar na fila de um hospital a solução é a prevenção, que, aliás, é necessária em qualquer problema de saúde. Em relação ao coração a primeira medida é livrar-se do fumo e do álcool, o que é correto, mas não é fácil: estudos revelam que fumo e álcool são os vícios mais difíceis de tratar. Portanto, largar o fumo depende mais de força de vontade do que de aconselhamento médico, embora existam cuidados medicamentosos para esses vícios.
É um vício a também a exagerada ingestão de gordura diária: eliminar alimentos gordurosos é assim como controlar a pressão e a vida sedentária praticando exercícios constantes são “obrigações” diárias. O estresse é responsável por 30% dos casos de arritmia.
E o saneamento básico?
O grande número de atendimentos de urgência, mesmo que precários, nos hospitais está ligado principalmente à falta de saneamento básico nas comunidades carentes. O Anuário Estatístico do IBGE, divulgado em 2006 revelou que 50% dos 54 milhões de domicílios (média de 3,5 pessoas por domicílio) não contam com rede de esgoto, o que segundo estatística mundial é gravíssimo: “quanto ,menor for a rede de esgoto, maior é o índice de mortalidade, a começar pela mortalidade infantil”.
Tratar o coração é necessário, assim como cuidar da população que não tem saneamento básico. Água limpa e saída para água suja reduzem em 20% a mortalidade, segundo estudo da ONU. Melhorar as comunidades é saneamento. Saneamento é saúde e saúde é progresso.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

MAIS AÇÃO, MENOS CONVERSA NAS FAVELAS

As favelas mereceram recente pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Universitário de Pesquisa do estado que por motivos de segurança não identificou as favelas pesquisadas. A lei da mordaça se impõe até nessa hora. Pesquisadores ouviram 150 moradores de 45 favelas de um total de 700 que existem no Rio.
Os moradores de favelas reclamam, com razão, de “operações policiais que não distinguem pessoas de bem de marginais” e querem segurança policial nas favelas desde que haja “uma mudança profunda nas atividades de rotina” e o fim de ações que colocam em risco milhares de trabalhadores. Depois de ouvir 150 moradores a pesquisa conclui que a convivência com o tráfico é vista como “forçada e não desejada” porque é permeada pela “brutalidade e arbitrariedade”. Também com a polícia.
Embora esteja no foco do noticiário favela não é novidade no Rio: o termo favela surgiu na Guerra de Canudos, por volta de 1807, quando uma cidadela foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim conhecido porque era coberto por uma planta com esse nome. As habitações nos morros cresceram quando os soldados deixaram de receber os soldos e passaram a morar em construções provisórias instaladas em alguns morros, habitados também por outros desempregados. Já naquela época a falta de habitação era o principal motivo da busca de espaço para instalar a família. 100 anos depois as favelas continuam crescendo desordenadamente e pelo mesmo motivo: falta de programas que garantam ao trabalhador a oportunidade de ter onde morar com conforto e fundamental estrutura de saneamento básico.
Nos últimos dez anos pelo menos uma favela com mais de 50 casas surgiu no Rio. Em 2000 o censo do IBGE revelou que a cidade ganhou 119 favelas, a partir de 1991. Eram na época 513 favelas no Rio. Hoje são 700, com a maior concentração em Jacarepaguá que tem 68 favelas distribuídas por sub-bairros como Anil e Taquara.
Fala-se muito (ultimamente até demais), mas ouvir a voz da favela só terá valor quando estudos e idéias não ficarem apenas no papel, como é costume. Favelas precisam de soluções urgentes e efetivas que não sejam as violentas e socialmente ineficientes ações policiais.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

SAÚDE É DIREITO DE TODOS E OBRIGAÇÃO DO GOVERNO

A saúde do povo está na mão de hospitais públicos praticamente abandonados. Parece que a “doença” dos hospitais não tem cura, o que nos impõe também sacrifícios para poder pagar mensalmente as extorsivas prestações que supostamente nos dão a garantia (nem sempre tão garantida assim) de atendimento através de um plano de saúde.
Os planos de saúde merecem tantas reclamações dos usuários que fez necessária a criação de um plantão no Fórum para atender problemas que nos feridos e finais de semana. Os plantonistas prestam informações e fazem contato com o hospital e o plano de saúde para solucionar o problema criado pelas falsas promessas dos planos de saúde que na hora de vender serviços oferecem de tudo, mas depois não cumprem nada. Deixam o usuário na mão. Tenha em destaque telefones do Plantão Judiciário: 3133-4144 e 2588-4144. Não seria necessário se os planos de saúde fossem tão honestos quanto os usuários que pagam altíssimas prestações por serviços que muitas vezes não recebem. Ou se os hospitais públicos funcionassem como devem.
O ministro Temporão está empenhado também em melhorar o atendimento público de saúde. Conseguiu verba de R$2 milhões para aplicar na reforma de hospitais. É pouco, mas já é alguma coisa para quem não via a cor do dinheiro. Se as pessoas estão doentes é preciso tratá-las, mas nenhum tratamento será necessário se houver prevenção. Saúde de verdade é orientar e alimentar a população para evitar qualquer tipo de mal. O melhor exemplo de um verdadeiro plano de saúde é o que existe em Cuba, com médico de família, que faz o acompanhamento de cada pessoa em caráter preventivo. Daí aquele pequeno país apresentar os melhores índices no campo da medicina de toda a América Latina, apesar do perverso bloqueio econômico dos Estados Unidos.
Se Planos de Saúde já são uma ”doença” instalada, é preciso, sim, evitar que o mal se agrave. São muitas as empresas que oferecem aos empregados regalias de um plano médico, como se tratar da saúde da população fosse um favor, um benefício. É obrigação do Estado.
Os planos de saúde ditam as regras do mercado: impõe preços e severas regras como a manter prisioneiros, através de absurdas carências, os associados. Isso pode acabar: o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão encaminhou, através da Agência Nacional de Saúde, proposta permitindo que o usuário mude de plano sem cumprir a cruel e carência. A medida aumentará a concorrência e dará ao consumidor maior e melhor opção de escolha.

UM DIA DE FESTA, MESMO SEM FESTA

Hoje para mim é dia de festa. É Dia Nacional do Livro. Deveria ser a festa de todos, mas não é porque não há por aqui no o saudável hábito da leitura. O brasileiro gostaria, mas não lê muito ou porque não tem acesso aos livros, ou porque não sabe, mas principalmente porque não cresceu aprendendo que um livro constrói para a formação do cidadão muito mais do que se imagina. Afinal, palavras nunca se perdem.
Recente pesquisa mostrou que o brasileiro “tem fome de livros”, mas mesmo assim outro estudo revela que “no Brasil a categoria dos “sem-livro” é maior que a dos sem-teto ou dos sem- terra”. Nada menos do que 75% dos brasileiros não dominam o exercício da leitura,um número que inclui os analfabetos absolutos - sem qualquer habilidade de leitura e escrita, os 68% considerados analfabetos funcionais, que têm dificuldades para compreender e interpretar textos.
Pode ser o maior, mas não é o único problema. Outra grave limitação é a falta de condições financeiras pra adquirir um livro. Especialistas dizem que o preço do livro é alto demais e alertam: “como um país espera crescer se, em alguns casos, o preço de um livro chega a 33% do salário. Diante dessa realidade é oportuno pensar em uma possível isenção de impostos para diminuir o custo de um livro e iniciar movimentos que primeiro dêem ao povo a oportunidade de segurar um livro na mão e depois a ler esse livro corretamente”.
A leitura é o maior dos ensinamentos das e de vida e um dos maiores prazeres. É importante que desde cedo seja incentivado, nas escolas e em casa,o hábito da leitura. Só assim no futuro os livros sairão das prateleiras e teremos uma população mais informada e melhor preparada. O dia 29 de outubro foi escolhido para ser o Dia Nacional do Livro por ser as data da fundação Biblioteca Nacional (um dos maiores patrimônios do país), que nasceu em 1810 com a transferência da Real Biblioteca portuguesa para o Brasil com acervo der 60 mil peças.
Foi e é nos livros que recolho ensinamentos. Quando estive preso político a leitura foi grande companheira. A maior das esperanças. Sou autor de sete livros (outros virão) e falar sobre o Dia Nacional do Livro não é em causa própria. É em benefício de todos. Do país.