quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O ESPETÁCULO, SEM APLAUSOS, DO GOVERNO

Até onde chegará e nos levará essa comprovadamente inútil guerra com o tráfico nos morros que o governo do estado adotou como, ao que tudo indica, carro-chefe do programa de governo. A cada combate são os inocentes as vítimas maiores, mas o governador Sergio Cabral continua fazendo vista grossa para o problema maior: a ele não interessa quem são os mais atingidos desde que possa, ao final de cada invasão em favela, mostrar uma prisão como troféu de guerra. Não adianta nada: a polícia exibe traficante aqui e meia hora depois outro está em seu lugar, o que evidencia que sem ações inteligentes essa bola de neve nunca terá fim.
Em vez de peitar inutilmente os bandidos o governo examinar as conseqüências de uma batalha que se tem mostrado ineficaz. Não que não se devam combater os criminosos, mas nessa guerra é preciso cuidar antes de qualquer coisa dos inocentes, mos trabalhadores que habitam os morros e que não podem ser as maiores vítimas de um espetáculo sem resultado nenhum.
O governador buscou ensinamentos na Colômbia, mas talvez seja mais competente ouvir opiniões aqui mesmo. Como, os do juiz Walter Maierovirch, ex-secretário nacional Antidrogas e estudioso do crime organizado, que diz: “Se vê, por exemplo, pessoas que fogem, policiais que avisam os bandidos e dentro das favelas uma população pobre que fica exatamente no meio do fogo cruzado, com todos os riscos”.
O juiz classifica de “visão míope" esse olhar “que não passa das favelas, dos morros, quando a verdadeira visão do crime organizado deve ser feita em face das redes transnacionais, sem fronteiras, que fazem o abastecimento de armas e drogas. " O juiz reforça o que assistimos todo dia: “Essas operações militarizadas, mas funcionam.As operações do atual governador do Rio de Janeiro são de confronto, de guerra, e no dia seguinte a polícia não está lá Pra controlar o território e retomar o controle social”.
Em outras palavras: são apenas demonstrações para aparecer nas primeiras páginas dos jornais e na televisão. É apenas um espetáculo que o povo gostaria, mas diante dos resultados, não consegue aplaudir porque continua tudo na mesma, ou seja, o povo pagando o pato.

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