terça-feira, 27 de novembro de 2007

A DOLOROSA REALIDADE DA APOSENTADORIA

É uma dolorosa ilusão acreditar que quando a aposentadoria chegar, depois de muitos anos de labuta intensa o trabalhador poderá descansar e usufruir merecido descanso. Nada disso: a baixa remuneração das aposentadorias e o alto custo de vida obrigam aposentados a voltar ao mercado de trabalho para complementar a renda.
É uma das conclusões do Relatório Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho. Aposentados entre 50 e 64 anos são os que mais retornam ao serviço e só no ano passado foram 4.196.286 (aumento de 9,77% em relação à 2005). Uma prova concreta de que o que a Previdência paga não dá nem para a saída.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi avalia que a necessidade de rendimento extra é a principal razão, mas destaca também o fato das empresas estarem buscando funcionários com experiência. Lupi vê um lado bom: “Seria ruim se estivesse diminuindo o emprego nas outras faixas, o que não está acontecendo”. Mesmo assim o RAIS detectou que a única faixa que mostrou retração no emprego foi aquela entre 16 e 17 anos, com uma queda de 2,07%. Portanto, olhemos para nossos velhos e também para nossos jovens.
A aposentadoria é um fenômeno historicamente recente, instituído na sociedade industrial como um direito adquirido pelos trabalhadores. Mas não dá para negar que a passagem do trabalho ao repouso é acompanhada de modificações que marcam profundamente a vida dos indivíduos. Associações de defesa do aposentado atribuem a obrigatoriedade de voltar ao trabalho ao achatamento das aposentadorias e pensões, resultado de uma política e um comportamento social que estigmatiza e excluiu os direitos de cidadania dos idosos e, portanto, dos aposentados.
Estudos mostram que entre 1991 e 2000 o número de aposentados no Brasil cresceu em média 35%. Calcula-se que só no Rio estejam cerca de 1,5 milhões de idosos aposentados, quase todos obrigados a abrir mão da justa sombra e água fresca para retornar, por absoluta necessidade financeira, ao mercado de trabalho, que não lhes oferece muito e nem os trata com o respeito. Parece que voltamos ao passado, aos períodos históricos quando idosos, eram encarados, na maioria das vezes, como sendo “inúteis” ou “sobrantes” estarem fora do processo produtivo.
Não mais. Estão é recebendo pouco e pagando caro por conta de uma política que nunca os tratou com atenção. É preciso e já olhar para o presente e o futuro para retribuir aos aposentados, o que com trabalho conquistaram: uma real aposentadoria.

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