sexta-feira, 9 de novembro de 2007

AS ATROCIDADES DOS FILHINHOS-DE-PAPAI

Não é de hoje que a sociedade tenta criminalizar a pobreza, jogando nas costas da classe menos privilegiada a responsabilidade de tudo o que de ruim acontece. Quando se trata dos jovens, aqueles que menos têm oportunidade de estudar para sair da vida miserável em que foram criados, os pobres são “responsabilizados” por atos que “só gente assim pode cometer” Não é o que acontece: incidentes envolvendo agressões juvenis são protagonizados por jovens de classe média que fazem da violência uma covarde brincadeira, geralmente, contra vítimas socialmente indefesas.
Esses covardes não têm peito de encarar gente do mesmo tope. Diante de quem consegue reagir os covardes é que se acovardam, enfiam o rabo entre as pernas. Recente exemplo vem novamente da Barra da Tijuca, bairro chique de classe média. Foi lá, onde agrediram brutalmente a empregada Shirley Dias de Carvalho, que agora três estudantes (o que estudam?) agrediram prostitutas que exerciam o direito de trabalhar (gostemos ou não a prostituição é uma atividade e existe porque tem quem use os serviços).
Houve tempo em que se responsabilizava a televisão e o cinema pelos maus exemplos de violência nos filmes. Pode até ser, mas diante dos fatos passa a ser um argumento precário: os maus exemplos de agora estampam o noticiário com invasões policiais nas favelas, onde a covardia contra quem trabalha também come solta. A cada ato de crueldade os jovens justificam-se dizendo que “queriam apenas se divertir”. Há um conceito de diversão que precisa ser revisto.
Fica claro que falta diálogo dentro de casa, ou seja, cabe aos pais ensinar filhos que confundem covardia com diversão. Os jovens passaram a ter necessidades de um consumismo exacerbado (carrão e moto) que os bombardeiam com oportunidades de frustração profunda, perda de auto-estima e, em consequência, insegurança e arrogância no combate a onipotência. Podemos cobrar do poder público, mas “é fundamental dedicar tempo a pensar o que temos partilhado com os jovens”. Ouvi-los é um bom inicio. A professora Roseli Fishmann (do Júri Internacional do Prêmio Unesco de Educação pela Paz) diz: “é preciso incentivar os jovens a buscar alternativas na arte e na ciência. Cooperação ativa na sociedade é o caminho que podemos trilhar juntos”. O futuro é agora.

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