Existe preconceito racial no Brasil? – essa é uma pergunta feita constantemente e para a qual a resposta é da boca pra fora, um sonoro e hipócrita não. Mas não é o que o dia a dia nos mostra: recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que o perfil do empregado que as empresas procuram é de homens (63%) e brancos (58%), números que descartam friamente os negros. Se não é preconceito é o quê?
Outra manifestação preconceituosa e que pode, é a que destina cotas para estudantes negros nas universidades. Não estão, como se finge acreditar, beneficiando os negros: estão passando a mão na cabeça deles para disfarçar as restrições que enfrentam diariamente.
Vejamos: o branco é mais bem colocado socialmente, mas isso não o faz um aluno mais preparado do que um estudante negro que mete a cara nos livros porque sabe que para poder continuar estudando precisa ser aluno exemplar. Mesmo assim enfrentará como mostra a pesquisa, mais dificuldade para uma vaga no mercado de trabalho.
O estudo do Ipea revela que embora 9,134 milhões de pessoas procurem (em2007) emprego no país apenas 1,673 milhões estão aptas para ocupar as vagas disponíveis, mas não especifica a cor da pele dos que estão e não estão aptos. Não é exatamente a aptidão que pesa mais na hora da escolha final. A cor da pele tranca com cadeados de preconceito as portas do mercado de trabalho.
Sem opções de restam para enorme fatia do povo trabalhos informais, “atividades de sobrevivência de populações marginalizadas no mercado de trabalho”. Daí, maior número de ambulantes e quebra galhos, de milhões de trabalhadores movimentando a economia informal.
O número de empregos formais gerados no Brasil esse ano, diz o estudo, deveria ser 473% maior que a 1.592 milhões de ofertas. Conta simples: faltam mais de oito milhões de empregos para a promessa de criar 10 milhões de frentes de trabalho. Resumindo: falta de emprego afeta brancos e negros, mas as poucas vagas limitam mais a possibilidade do negro trabalhar com carteira direitos trabalhistas. Estão tirando dos negros (e pobres) todos os direitos: com o preconceito enrustido fica pior. E preciso que as coisas fiquem claras para todas as raças, todas as pessoas.
E vamos parar com a hipocrisia que, infelizmente, é a marca mais saliente dos nossos dias.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
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