quarta-feira, 21 de novembro de 2007

PROSTITUIÇÃO: QUEM USA, LEGALIZA

O medo de falar a verdade e de enxergar com clareza fazem com que a hipocrisia esteja cada vez mais presente, Agora circula em torno do projeto do deputado Fernando Gabeira propondo legalizar a prostituição.
A prostituição é atividade antiga, exercida (não há estatística oficial, mas há quem fale em 500 mil meninas prostituindo-se no país) no mundo inteiro. O fato é que se faz maior o número de mulheres que buscam sobrevivência vendendo a única coisa que lhes resta: o corpo.
Em Brasília a discussão em torno da legalização anda mais acalorada do que os encontros festivos e escondidos. Legalizar a prostituição é reconhecer uma realidade que existe no país e que fingimos não ver, mesmo utilizando os serviços prestados. No último dia 7 o projeto foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça, mas com emendas será votado.
A legalização é o reconhecimento de um trabalho de mulheres que são usadas e exploradas de todas as formas e ultimamente alvo de agressões de filhinhos de papai que certamente também se servem de seus serviços. Com o trabalho legalizado a exploração diminui e uma categoria profissional passa a ser reconhecida e sai da clandestinidade, o que deve ser revisto sem hipocrisia em muitas outras atividades necessárias e exercidas, mas não legalmente reconhecidas.
A deputada Maria do Rosário tem uma visão real: “É uma discussão importante porque tira da invisibilidade de setores historicamente marginalizados”. A prostituição começou há menos de 2 séculos com o nascimento das grandes cidades, da classe dominante burguesa, do modelo de família monogâmica e da noção de fidelidade que normatizou a sexualidade das pessoas.
A sociedade utiliza de forma velada a oferta como uma maneira dos homens viverem as fantasias irrealizáveis, os desejos proibidos no território do lar. Recente pesquisa feita por um jornal carioca mostrou que 60% dos entrevistados aprovam a legalização da prostituição. O povo não é hipócrita.
O momento é de acabar com a marginalidade que exclui as prostitutas. Legalizar é fazer justiça com um grande número de trabalhadoras (prostituição é trabalho, sim) que não podem ser “mercadoria” de uma sociedade hipócrita que utiliza os serviços, mas não quer que ninguém saiba.

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