Papai Noel está cada vez mais curvado com o peso do saco. Não são presentes: o peso maior é da realidade que o Natal deixa nas ruas. É nesse tempo de solidariedade que percebemos como o Rio abriga um maior número de mendigos, gente trabalhadora cansada de estender a mão para pedir emprego se vê obrigada a estender a mesma mão calejada para ganhar e a moedinha que sirva para comprar um pão – o pão que não deve faltar nunca se levarem a sério políticas para tirar essa gente sofrida das esquinas.
A secretaria Municipal de Assistência Social está consciente do problema: o aumento do número de pedintes nessa época do ano chega a 40% na Zona Sul e a 30% na Zona Norte. O secretário municipal de Assistência Social, Marcelo Garcia diz que “o aumento de mendigos, crianças e deficientes físicos pedindo dinheiro nas ruas é sempre maior em dezembro porque os pedintes esperam não só receber dinheiro, como também presentes de Natal, roupas e brinquedos”.
Não esperam, não. O que realmente esperam é oportunidade de trabalho, que não seja esmola governamental. Não há dúvidas que qualquer um dos mendigos usaria a mão que estende agora como ferramenta de trabalho, Estudos comprovam que hoje existem três grupos distintos da população de rua: o primeiro é identificado como mendigo que mora na rua porque não tem moradia e nem emprego. O segundo grupo é de pessoas que tem moradia, mas estão desempregadas e vêem a rua como alternativa de renda. Já o terceiro grupo é caracterizado por meninos que se vestem como mendigos e vão para rua praticar atos criminosos.
Não é crime pedir esmola: estar na rua não configura ato criminoso. Crime é não permitir que quem esteja obrigado a fazer da rua moradia possa trabalhar para morar e comer sem passar por nenhum tipo de humilhação. Está comprovado que o desemprego é o principal motivo do aumento da população de rua. Especialistas dizem que até uns anos atrás tínhamos a figura do mendigo tradicional, aquela pessoa que vivia de esmolas e era até conhecida pelas redondezas. Com o aumento do desemprego a rua começou a ser vista como alternativa de acesso à renda. Não é essa a alternativa de rua espera e nem aquela que o governo deve oferecer. A solução não é esconder a verdade em abrigos. Ora, se o desemprego é a causa do aumento de mendigos, a solução é o estender a mão e oferecer o pedinte mais quer: emprego. Sem isso as ruas ficarão cheias. Até o ponto que nem Papai Noel aguentará.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
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