segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

MENINAS-MÃES PRECISAM DE ATENÇÃO

Fica cada vez mais distante o tempo em que nossas meninas brincavam de boneca carregando no colo um “bebê” de louça, de plástico ou de pano. Ainda brincam de papai e mamãe só que agora a boneca é um bebê de verdade. Não é mais diversão: estatísticas revelam que uma em cada cinco crianças nascidas no Brasil é filha de mãe adolescente.
O que antes era passatempo infantil virou um sério problema que afeta famílias despreparadas emocional e financeiramente, que se deparam não com uma vida, mas sim com mais um problema. Falta de informação é o principal motivo da gravidez na adolescência, responsável por 20,5% do total de nascimentos no país em 2006. A gravidez na adolescência não é uma questão nova: desde 1980 o número de adolescentes entre 15 e 19 anos aumentou 15%, ou seja, 700 meninas em idade de brincar de boneca estão se tornando mães: 13% dos partos foram realizados em garotas entre 10 e 14 anos. É grave problema social diretamente relacionado às condições econômicas das jovens que tem menor assistência do poder público em locais de baixo desenvolvimento no Norte e Nordeste e nas periferias das grandes cidades.
Fica claro que além de reforçar o alcance da informação é preciso, como sugere a professora e pediatra Marilucia Picanço, promover a distribuição de métodos contraceptivos no sistema de saúde e criar um programa permanente que trate do assunto nas escolas.
A distribuição de contraceptivos certamente mobilizará grupos do contra que não se permitem olhar a gravidez na adolescência com a gravidade que realmente representa. É fundamental também que se informe às adolescentes e aos grupos do contra, que não se trata de um método abortivo e sim de uma pílula que pode ser ingerida após a relação sexual e que vai impedir a fecundação, como esclarecem os especialistas.
Parto na adolescência impede, revelam estudos, que as adolescentes continuem a estudar, o que interfere em maiores dificuldades de inserção profissional. As estatísticas não mostram simples números: alertam para a urgência de entender o problema como um todo e perceber definitivamente que a gravidez na adolescência envolve muito mais do que problemas físicos, pois há também os emocionais e sociais, entre outros.
Se quisermos jovens saudáveis no futuro é obrigatório olhar agora para as meninas-mães que, por falta de informação, nem sabem direito o que estão fazendo. É hora de ensinar e aprender.

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