Aqui entre nós, você acha que o caminho para reduzir a pobreza é dar essa merreca que chamam de bolsa família? Está bem, de graça, até injeção na veia. Como estão a perigo, milhões de brasileiros vêm recorrendo a esse tipo de quebra-galho para ter pelo menos o que comer. Mas isso vai ser assim, a vida toda?
O Brasil vai ficar nessa? O cidadão acaba achando que não precisa mais correr atrás do prejuízo com o suor do seu rosto. Isso não é bom nem para ele, que fica sempre na dependência da ajudinha do governo, nem para nós, que trabalhamos e não levamos jeito pra sair pedindo grana por aí. Afinal, o dinheiro que vai para esse saco sem fundo deixa de ir para algum lugar - como a educação e a saúde, que estão em pandarecos.
Falo sobre isso porque um professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro fez uma pesquisa para declarar o óbvio: o aumento do salário mínimo acima da inflação foi que pesou mesmo na redução da pobreza. Pesou pouco, mas pesou mais do que essa ajuda que mais parece uma esmola oficial. Essa opinião do economista João Sabóia está dando o que falar. Embora o mínimo não seja lá essas coisas, é muito mais maneiro. E ainda tem a vantagem de ser não ser favor nenhum. Você trabalha, produz e tem direito a um salário. E, pesando bem, você sempre está merecendo mais do que recebe por seu trabalho.
Eles lá, os tais economistas, não chegam a um acordo sobre a importância do salário mínimo na redução da pobreza, mas que ele subiu mais do que a inflação nos últimos anos, ah isso não se pode negar. E se você passa a ganhar mais, sem gastar mais, logo você está no lucro. Um lucrinho, claro. Mas já é algum.
O que quero dizer é que o certo mesmo, como venho insistindo, é tratar de duas coisas: aumentar o número de empregos e pagar direito, como no tempo do Getúlio Vargas. Esses programas de ajuda podem até servir, mas na emergência, como já acontece com o auxílio-desemprego. Agora, fazer dessa bolsa uma fonte de renda a perder de vista é no mínimo uma grande estupidez, com perdão da má palavra.
E já que estamos falando de salários, é bom lembrar: se só o mínimo tiver aumentos acima da inflação, daqui a pouco, todo mundo vai ganhar igual, nivelando por baixo. Para não tirar o gosto de quem já ganha melhor, todos os aumentos deviam na mesma base. Do contrário, você há de concordar comigo, a emenda vai ser pior do que o soneto.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
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