Na coluna de ontem, falei do ex-deputado federal do Mato Grosso, preso em Brasília para responder a 108 acusações levantadas pelo Polícia Federal. Servindo à máfia das ambulâncias superfaturadas, ele papou mais de 3 milhões de reais em propinas.
A notícia da sua prisão saiu sem nenhum destaque nos jornais de terça-feira. Afinal, são tantos os casos de políticos envolvidos, que os jornais já não se escandalizam.
Mas eu aproveitei para lembrar que todos os deputados, senadores, vereadores, prefeitos, governadores e o próprio presidente da República são eleitos pelo povo. Por você também, meu prezado e minha prezada.
Aí você poderá alegar que não sabia das tendências daquele que mereceu seu voto. Afinal, a grande maioria dos eleitores não quer nem saber: vota num candidato em troca de favores, de olhos fechados para tudo o mais.
Mas não é bem assim: há casos de políticos notoriamente envolvidos em trapaças, como Paulo Maluf, em São Paulo, que têm o prazer de exibir a maior votação dada a um candidato a federal em todo país, no ano passado.
O Brasil não tem uma tradição de voto criterioso, até porque a maioria dos eleitores acaba deixando para escolher quase na hora de ir às urnas. E o faz muitas vezes sem saber nem em quem está votando, tanto que muitos não lembram hoje em que deputado votaram no ano passado.
O resultado é que perdemos uma boa oportunidade de usar a democracia a nosso favor. Abrimos mão da nossa grande arma, o voto, e depois ficamos aí a ouvir escândalos atrás de escândalos, como se não tivéssemos nada com isso. E temos!
Hoje, para ganhar uma eleição, o político tem de contar principalmente com o fracasso dos hospitais e postos de saúde do governo. Ele se aproveita disso e monta serviços sociais que têm uma manutenção caríssima porque, em muitos casos, além de darem o atendimento médico, precisam oferecer ambulâncias e medicamentos, além de fisioterapia.
É certo que tais serviços não podem ser pagos tão somente com seus vencimentos. Hoje, um vereador ganha líquido 5 mil reais por mês. Isso não paga nem as despesas com uma única ambulância, que incluem combustíveis, motorista e um para-médico.
O resultado é que os políticos têm de correr atrás por outros meios para manter a fidelidade desse tipo de eleitor. E é aí que a porca torce o rabo.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
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