quarta-feira, 29 de agosto de 2007

UMA GOSTOSA SENSAÇÃO DE JUSTIÇA

Ainda há JUSTIÇA no Brasil. Essa a sensação que cortou o país de norte a sul, de leste a oeste, ou como diriam os meus contemporâneos, do Oiapoque ao Chuí. Tudo porque não escapou um na primeira manifestação do Supremo Tribunal Federal sobre os 40 figurões da República pegos com a mão na massa, recebendo ou pagando por fora para garantir apoio cego ao governo.
Foi apenas o começo. Durante cinco dias, como nunca aconteceu antes, a mais alta corte de Justiça deliberou sobre a denúncia apresentada pelo Procurador Geral da República, na qual a principal estrela era o Zé, outrora poderoso chefão da Casa Civil, de cujo humor dependeu por anos a sorte dos próprios colegas de Brasília e de todo o nosso gigante adormecido.
Nunca é demais lembrar: o primeiro “julgamento” aconteceu no crepúsculo de agosto, mês de péssimas lembranças, como o suicídio do presidente Getúlio Vargas e a esquisita renúncia do presidente Jânio Quadros.
Sob o ponto de vista do rito jurídico, não foi muito. O Supremo decidiu apenas se aceitava ou não denúncia contra a patota que usou e abusou de tudo o que esses podres poderes permitem. Aceitar as denúncias, como afinal aconteceu, não é sequer presumir uma condenação. Mas já é muito.
Já é uma condenação moral, política, um rotundo chega pra lá, um assim não dá mais, basta de impunidade!
Não seria a rigor razão pra foguetório. Mas num país em que praticamente só os pobres, os negros e os marginalizados pagam o pato, ver banqueiros e trambiqueiros de colarinho branco no banco dos réus já é um avanço. Estamos no Brasil e não na China, onde passam pelas armas sem dó nem piedade os corruptos e ladrões dos dinheiros públicos.
Outro dia, escrevi para meu filho, que entrou para a Faculdade de Direito, sobre toda essa responsabilidade do Poder Judiciário. Se a Justiça dos homens falha, sobra pra todo mundo. Qualquer um pode pisar na bola, que ainda dá pra consertar. Um juiz, não. Principalmente se esse juiz estiver lá, no topo, com todos os poderes que o regime de direito lhes confere.
A Justiça – disse então – não é só o STF, que não poderia virar as costas ao clamor de uma nação cansada de tanto sofrer por causa dessa impunidade crônica. Só espero que a decisão do Supremo motive todo o corpo judiciário, inclusive seus pilares, como os juizes de primeira instância, inclusive, e principalmente, os das chamadas varas empresarias.

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