Está saindo do forno uma pesquisa profunda sobre os moradores das favelas do Rio de Janeiro. Quando falo favela, estou me referindo aos aglomerados surgidos de ocupações, antigas e recentes, muitos em terrenos públicos, morros e até áreas de risco. Esclareço isso porque a nossa cara mídia, que adora apresentar as comunidades carentes como “santuários do crime” , põe no mesmo balaio e também chama de favelas conjuntos habitacionais como a Cidade de Deus,em Jacarepaguá; Nelson Mandela, em Manguinhos, e Antares, em Santa Cruz, para falar apenas de alguns.
O levantamento, financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisas, órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, não chega a surpreender. Segundo comentário do prefeito César Maia, os dados já disponíveis confirmam tendências anteriores do censo, de PNADs e pesquisas especificas.
Ao fazer referência a esse trabalho, o prefeito destacou algumas informações: 97% das casas têm TVs a Cores; 59% têm vídeo-dvd cassetes; 94% têm geladeiras; 48%, máquinas de lavar; 55%, celulares; 12%, micro-computadores; 80% moram em casa própria e paga; 84% são ligadas a rede de água; 90% à rede de esgoto e 85% à rede de energia elétrica (as outras 15% aparecem como adaptadas à rede de energia elétrica, provavelmente os “gatos”).
Mas eu fiquei mais impressionado com outras respostas. Veja: 65,4% dos entrevistados disseram que gostariam de continuar morando onde estão, contra 8,8% que preferiam outra casa, no mesmo bairro; 18,4% que se mudariam para outro bairro; 3,2% que iriam para outra cidade do nosso Estado e outros 3,6% que deixaram o Estado. Há um dado curioso: 0,6% declararam que iriam embora do Brasil.
Na resposta sobre onde nasceu o morador da favela, outra informação que eu já havia detectado, quando fui Secretário Municipal de Desenvolvimento Social pela segunda vez, entre 1989 e 1992: a maioria deles, ao contrário do que ainda propalam nossas elites, nasceu aqui mesmo, na cidade do Rio de Janeiro. Nesse capitulo, a pesquisa divide a resposta entre as cinco áreas de planejamento em que a cidade está dividida, mas na média, 54% nasceram no Rio de Janeiro. O curioso é que a única área em que os cariocas não chegam a 50% é a de maior expansão e maiores vazios – AP-4, que inclui Barra da Tijuca e Jacarepaguá.
Vale um estudo mais aprofundado das favelas para melhor compreender essa população, que soma hoje mais de 1 milhão e meio de habitantes.
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
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