quarta-feira, 22 de agosto de 2007

UMA RADIOGRAFIA DAS FAVELAS

Está saindo do forno uma pesquisa profunda sobre os moradores das favelas do Rio de Janeiro. Quando falo favela, estou me referindo aos aglomerados surgidos de ocupações, antigas e recentes, muitos em terrenos públicos, morros e até áreas de risco. Esclareço isso porque a nossa cara mídia, que adora apresentar as comunidades carentes como “santuários do crime” , põe no mesmo balaio e também chama de favelas conjuntos habitacionais como a Cidade de Deus,em Jacarepaguá; Nelson Mandela, em Manguinhos, e Antares, em Santa Cruz, para falar apenas de alguns.
O levantamento, financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisas, órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, não chega a surpreender. Segundo comentário do prefeito César Maia, os dados já disponíveis confirmam tendências anteriores do censo, de PNADs e pesquisas especificas.
Ao fazer referência a esse trabalho, o prefeito destacou algumas informações: 97% das casas têm TVs a Cores; 59% têm vídeo-dvd cassetes; 94% têm geladeiras; 48%, máquinas de lavar; 55%, celulares; 12%, micro-computadores; 80% moram em casa própria e paga; 84% são ligadas a rede de água; 90% à rede de esgoto e 85% à rede de energia elétrica (as outras 15% aparecem como adaptadas à rede de energia elétrica, provavelmente os “gatos”).
Mas eu fiquei mais impressionado com outras respostas. Veja: 65,4% dos entrevistados disseram que gostariam de continuar morando onde estão, contra 8,8% que preferiam outra casa, no mesmo bairro; 18,4% que se mudariam para outro bairro; 3,2% que iriam para outra cidade do nosso Estado e outros 3,6% que deixaram o Estado. Há um dado curioso: 0,6% declararam que iriam embora do Brasil.
Na resposta sobre onde nasceu o morador da favela, outra informação que eu já havia detectado, quando fui Secretário Municipal de Desenvolvimento Social pela segunda vez, entre 1989 e 1992: a maioria deles, ao contrário do que ainda propalam nossas elites, nasceu aqui mesmo, na cidade do Rio de Janeiro. Nesse capitulo, a pesquisa divide a resposta entre as cinco áreas de planejamento em que a cidade está dividida, mas na média, 54% nasceram no Rio de Janeiro. O curioso é que a única área em que os cariocas não chegam a 50% é a de maior expansão e maiores vazios – AP-4, que inclui Barra da Tijuca e Jacarepaguá.
Vale um estudo mais aprofundado das favelas para melhor compreender essa população, que soma hoje mais de 1 milhão e meio de habitantes.

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