domingo, 5 de agosto de 2007

CÁRCERE PRIVADO MÓVEL

Como eu falei na coluna de ontem, a tal caça aos atletas amadores de Cuba, que levou dois deles a abandonarem a Vila do PAN antes mesmo de disputarem a medalha em que eram favoritos, está sendo desmascarada pelos acontecimentos.
Eles, que estavam vivendo uma situação ilegal no Brasil, num verdadeiro CÁRCERE PRIVADO MÓVEL bancado por seus aliciadores, só esperavam ontem seus passaportes para retornarem ao seu país, que tem no investimento do governo no esporte uma de suas grandes preocupações.
Para que você reflita a respeito dessa situação irresponsável e perversa, que tenta virar a cabeça de jovens preparados na escola do amadorismo, veja o que disse o advogado da empresa alemã, provavelmente ligada à máfia do Boxe para “comprar” os atletas cubanos num verdadeiro tráfico de pessoas humanas.
''Há muitas décadas, o mundo do esporte está dominado pelo dinheiro”. E mais:
''Nós poderíamos ir a Cuba e fazer negócios com o governo. “Oferecer, digamos US$ 200 mil ou US$ 300 mil por medalhistas de ouro, mas o governo não quer”.
É bonito isso? Você, que está com nojo da corrupção dos nossos políticos, o que tem a dizer dessa forma de corromper atletas formados na escola do amadorismo? Qual a diferença entre molhar a mão de um político para garantir uma boquinha e aproveitar-se de jogos olímpicos para seduzir jovens, afastando-os de suas pátrias e do convívio de suas famílias?
Por que só com os atletas cubanos? Não há campeões de outros países, onde o profissionalismo é considerado o máximo, que também poderiam ser “contratados” por essa empresa alemã, a serviço dos capangas do sr. Bush?
Os rapazes que bem poderiam estar exibindo novas medalhas, como muitos dos seus colegas da maior potência olímpica latino-americana (apesar de ter apenas 11 milhões de habitantes), agora não sabem o que vão dizer em casa.
Eles, mas do que qualquer outro cubano, não podem se queixar do governo que lhes oferece casa, comida, instrução, treinamento e roupa lavada desde crianças. Não podiam assim, de repente, virar as costas para o povo que pagou tudo isso com muito sacrifício, até porque Cuba é asfixiada há mais de 45 anos por um brutal bloqueio econômico patrocinado pelos Estados Unidos, cuja agência de espionagem tentou matar Fidel Castro, seu legendário líder, mais de 200 vezes.

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