quinta-feira, 2 de agosto de 2007

E AGORA, COM A TRAGÉDIA ESCLARECIDA?

A verdade é que a tragédia com Airbus da TAM, que vem sendo exibida por protagonistas que fazem questão de esconder aquilo que lhes diz respeito, serviu paradoxalmente para mostrar a que ponto chegamos em nosso país. Se até aviões podem voar ao arrepio das regras elementares de segurança, o país já não conhece o respeito a mais nada.
Tal foi o impacto psico-social e tal a repercussão política de um acidente que a cada diz se revela um genocídio pontual. Todas as emoções e todos os sentimentos de torpor e perplexidade abafaram tudo o mais.
Mas e aí? Para este escriba que ainda considera a transparência “dos males o menor”, a melhor coisa que essa disforme CPI do “apagão aéreo” fez foi dar à luz os segundos dramáticos do desastre. Não sou do ramo, nem preciso. Mas a partir de agora minhas dúvidas se dissiparam: tornou-se claro que não era só um equipamento que estava danificado.
Essa convicção ficou ainda mais óbvia com as declarações de um deputado que também é controlador de vôo. “"Naquela configuração de pista curta e molhada, você precisava de dois reversos, spoiler e freio mecânico".
Disse isso após explicar que o avião tem quatro tipos de freio: dois aerodinâmicos que são o spoiler - a aba que abre em cima da asa do avião, que a gravação mostra que não estava funcionando; os flaps - as abas que se abrem na parte de baixo da asa; o freio mecânico e o reverso, instalado na turbina, que no Airbus só funcionava o da esquerda.
Como os diálogos de bordo não estão mais a sete chaves, não dá mais para qualquer tipo de manipulação. O piloto tentou frear, mas disse desesperado, que não estava conseguindo, até porque o “spoiler” também falhou.
Tudo às claras deu a todos nós a sensação de que ninguém está a salvo de situações tão irresponsáveis como essa. A viajar, eu, pelo menos, terei mais cautela em relação às companhias aéreas.
E então? Daqui para frente é saber até onde o governo do presidente Luiz Inácio terá forças para refazer todo o cenário, enquadrando o duopólio que se apoderou da malha aérea com a miniaturização da Varig, implantando a política de que “nada substitui o lucro”. No que, aliás, foi festejado pelas altas autoridades do país e pelo santo do ciclo, o mercado.

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