Sabemos que na prática infelizmente ainda é (até quando?) o poder exercido através do dinheiro que determina o tratamento dado aos cidadãos. Quem mora melhor recebe tratamento diferenciado em qualquer situação, especialmente quando se trata, como agora, de ações policiais de combate ao tráfico. O tráfico não é privilégio das favelas: se espalha também, tanto no consumo quanto na comercialização, nos luxuosos apartamentos com vista para o mar.
Tratamento diferenciado é o que vem sendo adotado pela Secretaria de Segurança quando policiais despreparados invadem morros em verdadeiras operações de guerra que podem até prender,quando muito, um ou dos bandidos, mas ameaçam a vida de centenas de trabalhadores que vivem nas favelas porque a nossa política de habitação, assim como tantas outras,não lhes dá oportunidade de morar com mais conforto e menos perigo.
O Secretário de Segurança diz que “um tiro em Copacabana é uma coisa, na Coréia é outra coisa”. Parece que quando se trata de Copacabana (ou outros bairros de classe média e alta) há um cuidado especial para não tumultuar o ambiente e não fazer, em meio a um tiroteio muitas vezes desnecessário, vítimas inocentes como tem acontecido nas comunidades carentes. Carentes de tudo. Menos de tiros disparados pela polícia.
Já disse e repito que ninguém é contra a prisão de bandidos. O que se exige é que não se use dois pesos e duas medidas durante as ações policiais. Bandidos são bandidos em barracos caindo aos pedaços ou em milionários e bem decorados apartamentos. Fazer operações policiais diferenciadas é como diz a Dra. Margarida Pressburger, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, “assumir publicamente que para o governo o morador de classe média da Zona Sul recebe tratamento diferente e tem direitos de cidadania que o trabalhador que mora na favela não tem”.
Ações policiais não dependem de uma política de confrontos que atinge inocentes. É fundamental adotar ações de inteligência para evitar que o morador de áreas menos privilegiadas seja obrigado a ficar no fogo cruzado. Trabalhador não é bandido e, portanto, não deve ser tratado como tal. Em nenhum lugar ou em qualquer situação. Em tempo: esse tratamento diferenciado não é exclusivo da polícia. De um modo geral, os órgãos públicos oficializaram há muitos anos essa situação injusta, que só Brizola teve coragem de questionar.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
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