terça-feira, 9 de outubro de 2007

POR UMA SOLUÇÃO HUMANA PARA OS CAMELÔS

Todo dia abrimos o jornal e tem notícia envolvendo os camelôs em um ponto qualquer da cidade. Os camelôs continuam sendo injustamente perseguidos e não parece haver por parte das autoridades qualquer desejo de negociação (camelôs, convenhamos, sabem negociar) para selar a paz com os ambulantes e para a cidade. Não é tão difícil chegar a uma solução satisfatória.
É o que se supõe diante do encantamento que o prefeito César Maia mostrou recentemente diante da tranqüila (nenhum tipo de perseguição violenta e absurda) ação dos camelôs que se plantam nas ruas de Manhattan, em Nova Iorque. Em seu ex-blog o prefeito lembra que lá, “há camelôs autorizados - em geral nas esquinas - e outros não autorizados” e os “policiais não dão a mínima bola e ficam nas esquinas sem molestar a nenhum deles”.
Esse comportamento não é obra do acaso: algum tipo de acordo deve ter sido feito para encontrar a solução – uma solução que, aliás, pode estar próxima da nossa realidade se houver boa vontade de acertar ponteiros. Camelôs são pessoas que querem apenas exercer o direito de trabalhar, como faz qualquer cidadão decente. O cada vez maior número de ambulantes (ambulantes existem desde 1904 quando eram 5208 registrados na Prefeitura do então Distrito Federal) é consequência do desemprego que levou para a informalidade, como mostram estudos, ex-metalúrgicos, motoristas, professoras, todos desempregados, além de jovens que nunca tiveram acesso ao primeiro emprego. Dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho, criada em 1919 para promover a justiça social e que tem escritórios no Brasil desde 1950) mostram que entre 1990 e 2001 de cada 100 pontos de trabalho na América Latina 69 são infirmais. O nosso Ministério do Trabalho estima que cerca de 40 milhões de brasileiros atuem no setor do trabalho informal.
Como o estímulo é mais eficiente em qualquer atividade esse é o momento de criar políticas que não obriguem o camelô a fugir de perseguições diárias como se um bandido fosse. É mais competente encontrar fórmulas para estimular o trabalho autônomo organizado. Sem violência e perseguição.

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