quinta-feira, 11 de outubro de 2007

DIA DA CRIANÇA, MAS NÃO DE TODAS

Hoje é Dia da Criança. Deveria ser, mas infelizmente não é bem assim: nem todas as crianças ganharão presentes, almoços especiais, uma festinha qualquer. A realidade que perambula pelas ruas nos rostos de meninos e meninas sujos e maltrapilhos mostra diariamente que o abandono infantil se acentua e na maioria das vezes fingimos não ver. Ou ver e não querer enxergar.
Nenhuma criança escolhe fazer da rua, onde deveria apenas brincar, moradia por pirraça ou teimosia. Estudos comprovam que de milhares de crianças abandonadas apenas 5,2% são órfãos. Existem muitos e cruéis motivos que fazem as crianças preferirem a rua. As causas mais freqüentes são: pobreza (24,2%), abandono (19,9%), violência doméstica (11,7%) e pais dependentes de álcool e drogas (11,4%).
São números perversos que nos mostram claramente que não se faz necessário olhar apenas para as crianças, mas também e talvez principalmente para os s pais, que também precisam de atenção e orientação que lhes permita dar aos filhos famílias sólidas, se não financeiramente pelo menos afetivamente. Afinal, ninguém troca o amor de um lar pelo frio e medo de ruas sombrias, esburacadas e sujas. Tão sujas quanto o descaso que faz de crianças que deveriam sorrir apenas vítimas de uma política social injusta e desumana.
Pesquisas mostram que 2% das crianças que perambulam pelas ruas não têm família ou algum parente que as ampare. Cruel: 92% estão na rua paras escapar das agressões físicas cometidas por pais ou responsáveis, melhor dizendo, irresponsáveis. Em 1976, em Brasília, a CPI do menor abandonado concluiu que pelo menos 2 milhões de crianças abandonadas perambulavam pelo Brasil. Nada da se fez.
Criado através de decreto nº.4867 do presidente Artur Bernardes no dia 5 de novembro de em 1924 (a sugestão, em 1920, foi do deputado federal Galdino do Valle Filho) o Dia da Criança ( só passou a ser mundialmente comemorado em 1960) nasceu para ser um dia de festa, mas só terá sentido e estará completa quando houver reais políticas capazes de resolver o problema. É fundamental olhar mais para nossas crianças. Só assim poderemos olhar melhor para o futuro.

Nenhum comentário: