Não é de hoje que eu, você, toda a população ouve falar em um tal “milagre brasileiro”. Existe, sim, mas não é um milagre brasileiro, como o tão prometido, mas nunca cumprido, por todos os governantes. É isso sim o milagre do brasileiro, povo heróico que sobrevive com um salário mínimo que os governos consideram vantajoso, mas que está completamente fora da realidade.
Os R$ 380 pagos hoje (nem todo mundo recebe “isso tudo”) não dão nem para a saída na hora de cobrir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte e previdência (que também não oferece muito). Enfim, o que a Constituição prevê para que um cidadão brasileiro possa ter uma vida menos sacrificada. Eu poderia dizer uma vida mais digna, mas não é o caso: dignidade sobra nesse povo que sobrevive dando verdadeiras cambalhotas para ter o que comer no dia a dia socialmente injusto. Injusto em tudo.
O salário mínimo ideal deveria ser 4,5 vezes maior do que é pago (quando é) atualmente. Os cálculos são do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Para o Dieese o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 1737,16. Talvez assim o mínimo fosse, em todos os sentidos, o máximo.
Os R$ 380 pagos atualmente mal dão para comprar uma cesta básica. Para o Dieese um trabalhador que ganha um salário mínimo por mês compromete quase a metade (48,41%) da remuneração, descontada a previdência (que, aliás, também não oferece muito) na compra da cesta básica de alimentos que no Rio de Janeiro é de R$187, 95, o que, convenhamos, não é suficiente pra alimentar razoavelmente uma família. Há um ano o percentual do salário mínimo necessário para a compra da cesta básica era de 46,04%. Quer dizer: aumentou 3,37%.
Esses são os números (e os números não mentem) de uma realidade que, pelo visto, não tem qualquer perspectiva de melhora: por mais que os governos até se vangloriem de estabelecer o máximo (aí já é outra discussão) o salário do trabalhador continuará sendo sempre e literalmente o mínimo. O mínimo dos mínimos. E reconhecidamente um dos mais baixos de todo o mundo. Na América Latina: só no Haiti o piso é menor.
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
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