domingo, 8 de julho de 2007

FORA DA LEI NÃO HÁ SALVAÇÃO

Que eu saiba, ninguém pediu para a polícia enfrentar os bandidos com pétalas de rosa e pó de arroz. Desafio a quem quer que seja que arranque coisa parecida dos que não aceitam que tratem as comunidades pobres – favelas e conjuntos habitacionais – como se todos tivessem devendo algum coisa.
Definitivamente, é preciso deixar claro que não há nenhuma pessoa de bem defendendo a impunidade de criminosos – sejam os dos morros ou os de colarinho branco, do Planalto Central.
Para levantar a voz contra os transgressores da Lei nos morros, seria aconselhável que nossos respeitáveis dirigentes fossem igualmente rigorosos com os ladrões dos dinheiros públicos, os titulares de um tráfico igualmente nocivo para o país – o tráfico de influências.
O que está acontecendo no Senado Federal, a mais importante casa do Poder Legislativo, deixa todo mundo na maior saia justa. Ali, à luz do dia, estão fazendo todo tipo de manobra para livrar a cara do seu presidente, o senador Renan Calheiros, que se valia de um lobista da empreiteira Mendes Junior para pagar a pensão de uma filha com a ex-amante Mônica Veloso.
Por causa do indefensável de seu delito, já renunciaram dois relatores no Conselho de Ética e já caiu um presidente, substituído por outro que responde a processo por apropriação de dinheiro público.
Nesse caso, estão cultivando pétalas de rosas e muito pó de arroz, pois, como disse o Roberto Jefferson , Renan Calheiros tem muita gente na mão. Se ele rodar, não roda sozinho.
Pior é a situação do senador Joaquim Roriz, quatro vezes governador de Brasília. Pegaram o homem ao telefone falando da divisão de uma propina de 2 milhões: um cheque do Banco do Brasil descontado no Banco de Brasília por seu presidente, homem de confiança de Roriz, que está em cana.
Eu não justificaria um crime, mostrando outro, que isso não tem sentido, não ajuda. Mas o que quero é que a lei seja aplicada por igual em todos os casos, sem discriminação de natureza alguma.
A Lei ainda é a maior arma para dar um basta nos delitos de quem quer que seja. Nossa legislação, aliás, é farta e até permissiva. Mas fora da Lei não há salvação.
O arbítrio que se comete contra uns põe em risco a vida dos demais. A tolerância que se pratica em relação a uns dá asas a outros(4.7.07).

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