É sempre assim: depois da tragédia aparecem os “especialistas” para apontar suas causas. Se elas pareciam tão óbvias, por que nada se fez preventivamente e, o que é pior, nada se cobrou? Foi assim que abri esta coluna logo após a tragédia de Congonhas.
Não deu outra. Hoje, no sétimo dia de um massacre na nossa cara, continua o jogo de empurra e, o que é mais alarmante, não há sinais de lucidez no trato com uma crise que prossegue, transformando a viagem de avião numa aventura semelhante a uma montanha russa.
O pior nisso tudo é a politização e a excessiva preocupação empresarial, como observou, aos prantos, a mãe de uma das vítimas: “eles só querem saber de política e de dinheiro”.
Nessa macabra olimpíada de desastres mortais, uns querem jogar tudo em cima da pista de Congonhas, liberada à pressas, por pressão das empresas, que parecem mandarem e desmandarem na ANAC, o órgão do governo encarregado de “expedir normas e estabelecer padrões mínimos de segurança de vôo, de desempenho e eficiência, a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços aéreos e de infra-estruturas aeronáutica e aeroportuária, inclusive quanto a equipamentos, materiais, produtos e processos que utilizarem e serviços que prestarem”, conforme o inciso XXXI do artigo 4º do seu Regulamento.
Depois que se descobriu que o avião sinistrado estava com problemas no reverso direito – que ajuda a reduzir a velocidade e a frear – a TAM está fazendo das tripas coração para dizer que o “manual do fabricante” permitia tal liberalidade por dez dias.
De fato, depois do que fizeram com a Varig, deixaram todo o sistema na marca do pênalti. Na sexta-feira, outro avião da TAM teve que entrar em manutenção e deixou a pé quase duas dezenas de passageiros em Belém. Isto porque ela não tem um único aparelho de reserva.
Sem querer livrar a cara do governo, a quem incumbe fiscalizar a sério, punir se necessário, estou propenso a acreditar que esse modelo de comadres, com apenas duas companhias, é o grande vilão. Veja: no avião que caiu, um piloto da companhia viajava de carona, clandestinamente. Estavam a bordo 187 pessoas, quando o mesmo manual limitava a 185. Havia, portanto, excesso de peso. Como se explicar tanto desprezo pela segurança dos passageiros e dos próprios tripulantes?
E eu bem que ia falar de outro assunto.
domingo, 22 de julho de 2007
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