Logo no início dos jogos pan-americanos, um gringo dos Estados Unidos foi mandado embora porque pôs na Vila Olímpica um cartaz com a frase: “Bem-vindo ao Congo”, insinuando, agressivamente, que “isso aqui é uma África”.
Apesar da grosseria gratuita, pouco se comentou a respeito. Afinal, estava no começo da competição e a única coisa que aconteceu foi a monumental vaia à delegação daquele país metido a besta no mesmo dia em que o presidente Lula levou a sua.
Agora, enquanto dão amplos espaços para o ato idiota de dois policiais militares que tentaram extorquir policiais norte-americanos num boite – eles já estão presos e vão pagar caro por isso – pouco se fala do “manual de sobrevivência” que os chefes da delegação norte-americana distribuíram a seus atletas, com tantos avisos e conselhos que parece que, a seus olhos, “isso aqui é um Iraque”.
O manual distribuído aos integrantes da equipe, pelo Comitê Olímpico dos EUA, falava de uma situação tão ameaçadora que, certamente, os atletas esperavam encontrar guerras nas favelas, seqüestros-relâmpagos nos caixas eletrônicos, doenças contagiosas em cubos de gelo ou na água doce e até "malandros" (chamados de "Good Samaritan") tentando se aproveitar da ingenuidade deles.
No capítulo de segurança, um texto informa que nossas comunidades pobres, “conhecidas como favelas", têm uma criminalidade sem controle, onde a polícia não está presente. Em outro parágrafo, o livro alerta os atletas sobre os seqüestros-relâmpagos ("quicknapping"), principalmente em caixas eletrônicos, e avisa que a violência na cidade não tem hora e nem local para acontecer, como se lá fosse um oásis de tranquilidade.
As informações do livro explicam a atitude agressiva do gerente Kevin Neuendorf que, na chegada da delegação americana escreveu com caneta vermelha, em letras garrafais, a preconceituosa frase: "Welcome to the Congo!". O funcionário do comitê americano, que voltou para o país antes mesmo do início do Pan, também tinha na mesa um enorme spray higienizador de ambientes, que serve para afastar mosquitos.
Tanto cuidado, talvez, tenha acontecido após ele ler a parte do manual distribuído pelo comitê que trata de dicas de saúde. O texto diz que os atletas devem usar repelentes e andar de calça, camisas longas e bonés na rua. Só faltaram dizer que o Rio é capital da Argentina. São esses gringos que ainda mandam no mundo.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
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