domingo, 22 de julho de 2007

A FALTA QUE A VARIG FAZ

Decididamente, essa semana não foi a que pedimos a Deus. Aconteceu de tudo, quase tudo de ruim. Nós não merecemos. E olha que foi uma semana olímpica, com muitos brasileiros ligados nos jogos pan-americanos, que se realizam no Rio com sucesso maior do que o esperado.
É como se a gente não pudesse ser feliz. O acidente com o Airbus da TAM em Congonhas foi uma metralhada que atingiu o país de norte a sul e ainda está causando perdas e danos em toda a população, mesmo em quem nunca chegou nem perto de um aeroporto.
Porque foi um abuso sem tamanho. E não há quem possa ser apontado como o grande vilão. Há, sim, infelizmente, uma porção de pilotos trabalhando com os nervos à flor da pele. Agora, para pousar, eles pensam duas vezes.
Um fokker da mesma TAM fez uma operação perigosa em Congonhas, ao arremeter (subir de novo) na hora que ia encostar os pneus no chão. O mesmo aconteceu com um Boeing da Gol, em São Luiz do Maranhão.
A revelação oficial de que o aparelho sinistrado andava com os freios em pandarecos e já tinha dado outro susto não livra o governo federal da responsabilidade na administração do Aeroporto de Congonhas. E outros mais. E nem do caos aéreo que se instalou desde o temerário complô que levou a Varig a um estado de falência virtual, deixando a ver navios a mais experiente e qualificada corporação do Brasil.
É isso: na raiz de toda essa balbúrdia está a insensatez patrocinada por alguns malucos com assentos em Brasília, que deixaram derrapar a maior companhia aérea da América Latina, com seus 80 anos de sabedoria acumulada e um elenco profissional praticamente insubstituível.
Todo mundo sabe hoje que o deliberado abandono da Varig viria favorecer as duas empresas emergentes, que não acumularam as perdas decorrentes de políticas tarifárias irreais e de outras galhofas incrementadas no passado por governos que não entendem patavina de aviação.
Agora, só resta ao governo do presidente Lula fazer uma autocrítica séria e recomeçar tudo do zero. Isso significa dar ao transporte aéreo a prioridade estratégica indispensável, incluindo a reavaliação da postura em relação a Varig.
Com certeza, muito desse caos não teria acontecido se o governo tivesse entendido a tempo que a Varig não era apenas uma frota aérea em dificuldades.
coluna@pedroporfirio.com

Nenhum comentário: