Apesar desse frio que nos fez tirar o casaco do armário e, principalmente, apesar de estarmos já em agosto, um mês da pesada, aqui e ali pinta uma boa notícia. Que bom!
Essa eu faço questão de dar porque trata do problema mais sério do país – o emprego. Tudo o mais é decorrência. Se você não tem emprego, principalmente para a juventude, não pode falar em segurança. Todo mundo precisa viver de alguma de alguma coisa, de preferência do trabalho decente.
Mas se não aparece o emprego, ainda que com esses salários minguados, alguma coisa o sujeito tem de fazer para levar comida para casa. A pior delas é, sem dúvida, recorrer ao crime.Outra, mais deprimente, é sair pedir na rua ou ir dando golpes, às vezes, nos próprios amigos ou familiares.
Pois veja o que concluiu uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, divulgada na manhã desta terça-feira:
Os industriais mostraram-se mais otimistas em julho. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve alta de 2,9% no confronto com junho, indo de 118,3 para 121,7, o mais elevado desde o início da série histórica, em abril de 1995. Ante o sétimo mês do ano passado, o crescimento foi de 15,8%.
O resultado mostra que a indústria de transformação inicia o terceiro trimestre do ano aquecida e com boas perspectivas para os próximos meses, salientou a entidade em nota disponível em sua página eletrônica. Quanto às expectativas para o emprego, 32% dos empresários projetam contratar novos funcionários nos próximos três meses.
Será? Não é a primeira vez que a gente ouve falar de respostas otimistas que depois não se realizam. Pode ser que isso aconteça ou não. Mas tão importante quanto tratar de matérias urgentes como a crise aérea e essa pouca vergonha que transforma a atividade política em algo fora de propósito, todo governo que quer realmente encarar a realidade de frente tem de priorizar programas que gerem emprego.
Isso, como já disse, é mais importante do que manter o sistema assistencialista cuja maior marca é o bolsa-família, uma forma de caridade oficial que acaba acostumando mal o cidadão, como diz o baião de Luiz Gonzaga.
Por isso, daqui deste espaço, faço sinceros votos de que todos os empresários, industriais ou não, tenham condições de ampliar seus plantéis.
terça-feira, 31 de julho de 2007
segunda-feira, 30 de julho de 2007
ESSE FRIO É UMA FRIA
O PAN acabou, mas deixou em seu rastro, além de um rosário de dúvidas e incertezas, um frio de rachar. E é desse frio que há muito não sentia que gostaria de falar, pra início de conversa.
Porque fico pensando: se eu que posso comprar um casaco e um bom cobertor sofri até os ossos, imagino o sofrimento da população mais pobre, principalmente aquele que não tem nem onde dormir e vive perambulando pelas ruas da cidade.
E sabe por que eu pensei nesses nossos irmãos menos afortunados? Por que já não vejo iniciativas de repercussão como as campanhas do agasalho que são tão oportunas nessas horas.
Hoje, esse tipo de movimento parece que saiu da moda. Também pudera: a primeira dama do Brasil, dona Marisa Letícia, uma ex-operária da Dulcora, não está nem aí para a sorte dos pobres.
Ao contrário de outras esposas de presidentes, ela parece mais interessada em aparecer ao lado do marido, sempre exibindo uma roupa de grife e um tratamento de beleza típico de uma emergente. Mas fazer alguma coisa de útil, nem pensar.
Isso é muito paradoxal, com perdão da má palavra. Onde os pobres mais esperavam, eles têm que entrar na roda viva do “Bolsa Família” e mais nada. Aliás, por falar, também não é oportuno fazer uma boa avaliação desse programa que, segundo se diz, atinge a 11 milhões de brasileiros? Não seria melhor pensar num bolsa-emprego, de forma a abrir uma possibilidade de vida produtiva para os necessitados?
No momento, eu só queria mesmo que não aparecesse ninguém morto por causa do frio. Isso já aconteceu muitas vezes. Mas queria também discutir com você as ações dos governos em relação às camadas mais pobres da população, muitos moradores de favelas, que estão abandonados à própria sorte e ainda são tratados como casos de polícia.
Veja o que disse o jornal francês “ Lê Figarro”: “a economia brasileira cresceu 3,7% ano passado, mas o setor de luxo registrou expansão de 32%. "As fortunas brasileiras souberam tirar proveito da política econômica do governo Lula. Para conter a inflação, ele tem mantido as taxas de juros em níveis astronômicos, fazendo a alegria do setor financeiro". O jornal lembra que a Petrobras é seguida, no ranking das maiores empresas do país, por três bancos: Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
Porque fico pensando: se eu que posso comprar um casaco e um bom cobertor sofri até os ossos, imagino o sofrimento da população mais pobre, principalmente aquele que não tem nem onde dormir e vive perambulando pelas ruas da cidade.
E sabe por que eu pensei nesses nossos irmãos menos afortunados? Por que já não vejo iniciativas de repercussão como as campanhas do agasalho que são tão oportunas nessas horas.
Hoje, esse tipo de movimento parece que saiu da moda. Também pudera: a primeira dama do Brasil, dona Marisa Letícia, uma ex-operária da Dulcora, não está nem aí para a sorte dos pobres.
Ao contrário de outras esposas de presidentes, ela parece mais interessada em aparecer ao lado do marido, sempre exibindo uma roupa de grife e um tratamento de beleza típico de uma emergente. Mas fazer alguma coisa de útil, nem pensar.
Isso é muito paradoxal, com perdão da má palavra. Onde os pobres mais esperavam, eles têm que entrar na roda viva do “Bolsa Família” e mais nada. Aliás, por falar, também não é oportuno fazer uma boa avaliação desse programa que, segundo se diz, atinge a 11 milhões de brasileiros? Não seria melhor pensar num bolsa-emprego, de forma a abrir uma possibilidade de vida produtiva para os necessitados?
No momento, eu só queria mesmo que não aparecesse ninguém morto por causa do frio. Isso já aconteceu muitas vezes. Mas queria também discutir com você as ações dos governos em relação às camadas mais pobres da população, muitos moradores de favelas, que estão abandonados à própria sorte e ainda são tratados como casos de polícia.
Veja o que disse o jornal francês “ Lê Figarro”: “a economia brasileira cresceu 3,7% ano passado, mas o setor de luxo registrou expansão de 32%. "As fortunas brasileiras souberam tirar proveito da política econômica do governo Lula. Para conter a inflação, ele tem mantido as taxas de juros em níveis astronômicos, fazendo a alegria do setor financeiro". O jornal lembra que a Petrobras é seguida, no ranking das maiores empresas do país, por três bancos: Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
domingo, 29 de julho de 2007
CAÇA AOS CUBANOS
A festa de encerramento do PAN, que consagrou a capacidade esportiva do Rio de Janeiro e mostrou que há um imenso potencial olímpico entre os brasileiros, foi empanada pela ausência dos atletas cubanos.
Numa verdadeira operação de “inteligência”, o governo de Cuba determinou o retorno imediato dos seus atletas, com o que abortou um plano operado em conjunto por alemães e norte-americanos para provocar deserções de alguns campeões que, naquele país que continua sendo a maior potência olímpica da América Latina, são amadores e, portanto, recebem preparação em escolas públicas gratuitas, mas não se tornarem milionários.
Acontece que em algumas modalidades o simples abandono do seu país pode lhes render milhares de dólares. Os Estados Unidos, que nunca aceitaram o sucesso esportivo de Cuba sob o governo socialista e apesar do perverso bloqueio econômico que promovem com o objetivo de asfixiar o país de Fidel Castro, mantêm uma equipe da CIA e outros organismos de espionagem atuando diretamente onde os cubanos se apresentam.
É uma verdadeira operação de CAÇA AOS CUBANOS. No PAN do Rio, a ofensiva para aliciar os atletas amadores de Cuba foi capitaneada pela Arena Box Promotions, , uma empresa alemã responsável pela profissionalização de boxeadores internacionais.
Os lutadores de boxe são os mais cobiçados, porque esse esporte no mundo é tradicionalmente controlado por verdadeiras máfias e rola muito dinheiro. Um campeão mundial pode ganhar até mais do que os milionários pilotos da Fórmula 1.
Dos quatro atletas aliciados durante o nosso PAN, dois deles - Guillermo Ringondeaux o campeão mundial nos 69 quilos, Erislandy Lara - firmaram contrato por cinco anos com essa empresa, ligada ao que há de mais sedutor no misterioso mundo do boxe.
Fidel Castro, que determinou o retorno repentino da delegação escreveu um artigo no sábado, denunciando esse assédio:
- Não só compraram os atletas que teriam ouro assegurado, como também golpearam a excelente moral dos outros atletas que seguem defendendo com entusiasmo suas medalhas de ouro - escreveu Fidel. No seu habitual texto para a imprensa com o nome "Reflexiones del comandante", lamentou:
- Cuba, cujos resultados e esforços no esporte amador não podem ser negados, sofre muito mais que outros países as mordidas das piranhas.
É por aí, infelizmente.
Numa verdadeira operação de “inteligência”, o governo de Cuba determinou o retorno imediato dos seus atletas, com o que abortou um plano operado em conjunto por alemães e norte-americanos para provocar deserções de alguns campeões que, naquele país que continua sendo a maior potência olímpica da América Latina, são amadores e, portanto, recebem preparação em escolas públicas gratuitas, mas não se tornarem milionários.
Acontece que em algumas modalidades o simples abandono do seu país pode lhes render milhares de dólares. Os Estados Unidos, que nunca aceitaram o sucesso esportivo de Cuba sob o governo socialista e apesar do perverso bloqueio econômico que promovem com o objetivo de asfixiar o país de Fidel Castro, mantêm uma equipe da CIA e outros organismos de espionagem atuando diretamente onde os cubanos se apresentam.
É uma verdadeira operação de CAÇA AOS CUBANOS. No PAN do Rio, a ofensiva para aliciar os atletas amadores de Cuba foi capitaneada pela Arena Box Promotions, , uma empresa alemã responsável pela profissionalização de boxeadores internacionais.
Os lutadores de boxe são os mais cobiçados, porque esse esporte no mundo é tradicionalmente controlado por verdadeiras máfias e rola muito dinheiro. Um campeão mundial pode ganhar até mais do que os milionários pilotos da Fórmula 1.
Dos quatro atletas aliciados durante o nosso PAN, dois deles - Guillermo Ringondeaux o campeão mundial nos 69 quilos, Erislandy Lara - firmaram contrato por cinco anos com essa empresa, ligada ao que há de mais sedutor no misterioso mundo do boxe.
Fidel Castro, que determinou o retorno repentino da delegação escreveu um artigo no sábado, denunciando esse assédio:
- Não só compraram os atletas que teriam ouro assegurado, como também golpearam a excelente moral dos outros atletas que seguem defendendo com entusiasmo suas medalhas de ouro - escreveu Fidel. No seu habitual texto para a imprensa com o nome "Reflexiones del comandante", lamentou:
- Cuba, cujos resultados e esforços no esporte amador não podem ser negados, sofre muito mais que outros países as mordidas das piranhas.
É por aí, infelizmente.
sábado, 28 de julho de 2007
O RIO QUE O PAN AMOU
Com o encerramento neste domingo dos jogos pan-americanos, O Rio de Janeiro dá uma demonstração para o mundo de seu imenso potencial e, aqui para nós, o prefeito César Maia sai fortalecido, com a alma lavada.
Como eu comentei ontem, há uma imagem distorcida sobre nossa cidade, cujos problemas de segurança não são nem um pouco diferentes de outras metrópoles do mundo.
Digo isso sem querer forçar a barra. Estive em cidades dos Estados Unidos e na Europa e nunca me senti mais seguro do que aqui. Para ser justo, o único lugar onde respirei um clima de segurança efetiva foi em Havana, Cuba, onde não encontrei nenhuma criança abandonada, nem mendigos, nem pessoas em atitudes ameaçadoras.
Já em Miami, nos Estados Unidos, dá até medo andar no centro da cidade – o Down Town – depois de sete da noite. Numa das viagens que fiz aos Estados Unidos, havia um clima de consternação porque tinham assassinado dois turistas alemães.
Em Madri, na Espanha, levaram minha carteira com os cartões de crédito na véspera da volta ao Brasil. Era um domingo. Só percebi quando cheguei ao hotel, depois de pegar metrô e trem para ir visitar a cidade histórica de Aranjuez. Avisei aos dois cartões, mas já era tarde. No mesmo domingo, eles foram usados para comprar jóias em valores superiores a 13 mil dólares numa única joalheira. Tudo no esquema, com certeza. Claro que o seguro dos cartões assumiu essa dívida.
Conto isso para que a gente comece a refletir sobre essas campanhas que a própria mídia carioca alimenta. São Paulo, por ter um a população muito maior, é bem mais violento. No entanto, a imprensa de lá procura minimizar os acontecimentos negativos.
O Pan quase não se realiza no Rio de Janeiro exatamente por conta dos temores generalizados sobre segurança. Houve nesse ponto uma união entre os governos Federal e Estadual e, felizmente, não se soube de nenhum caso grave, que viesse a comprometer o brilho da grande festa esportiva.
Está provado que, em havendo vontade política, nossa cidade poderá ser de novo um dos maiores pólos internacionais de turismo, com o que isso representa em empregos e crescimento econômico. Só espero que, entre outros benefícios, o PAN tenha nos proporcionado esse.
O Rio de Janeiro tem um povo acolhedor e é a capital com maiores atrativos naturais do mundo. Agora, é mãos à obra: mais turismo e mais emprego.
Como eu comentei ontem, há uma imagem distorcida sobre nossa cidade, cujos problemas de segurança não são nem um pouco diferentes de outras metrópoles do mundo.
Digo isso sem querer forçar a barra. Estive em cidades dos Estados Unidos e na Europa e nunca me senti mais seguro do que aqui. Para ser justo, o único lugar onde respirei um clima de segurança efetiva foi em Havana, Cuba, onde não encontrei nenhuma criança abandonada, nem mendigos, nem pessoas em atitudes ameaçadoras.
Já em Miami, nos Estados Unidos, dá até medo andar no centro da cidade – o Down Town – depois de sete da noite. Numa das viagens que fiz aos Estados Unidos, havia um clima de consternação porque tinham assassinado dois turistas alemães.
Em Madri, na Espanha, levaram minha carteira com os cartões de crédito na véspera da volta ao Brasil. Era um domingo. Só percebi quando cheguei ao hotel, depois de pegar metrô e trem para ir visitar a cidade histórica de Aranjuez. Avisei aos dois cartões, mas já era tarde. No mesmo domingo, eles foram usados para comprar jóias em valores superiores a 13 mil dólares numa única joalheira. Tudo no esquema, com certeza. Claro que o seguro dos cartões assumiu essa dívida.
Conto isso para que a gente comece a refletir sobre essas campanhas que a própria mídia carioca alimenta. São Paulo, por ter um a população muito maior, é bem mais violento. No entanto, a imprensa de lá procura minimizar os acontecimentos negativos.
O Pan quase não se realiza no Rio de Janeiro exatamente por conta dos temores generalizados sobre segurança. Houve nesse ponto uma união entre os governos Federal e Estadual e, felizmente, não se soube de nenhum caso grave, que viesse a comprometer o brilho da grande festa esportiva.
Está provado que, em havendo vontade política, nossa cidade poderá ser de novo um dos maiores pólos internacionais de turismo, com o que isso representa em empregos e crescimento econômico. Só espero que, entre outros benefícios, o PAN tenha nos proporcionado esse.
O Rio de Janeiro tem um povo acolhedor e é a capital com maiores atrativos naturais do mundo. Agora, é mãos à obra: mais turismo e mais emprego.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
AGRESSÕES GRATUITAS
Logo no início dos jogos pan-americanos, um gringo dos Estados Unidos foi mandado embora porque pôs na Vila Olímpica um cartaz com a frase: “Bem-vindo ao Congo”, insinuando, agressivamente, que “isso aqui é uma África”.
Apesar da grosseria gratuita, pouco se comentou a respeito. Afinal, estava no começo da competição e a única coisa que aconteceu foi a monumental vaia à delegação daquele país metido a besta no mesmo dia em que o presidente Lula levou a sua.
Agora, enquanto dão amplos espaços para o ato idiota de dois policiais militares que tentaram extorquir policiais norte-americanos num boite – eles já estão presos e vão pagar caro por isso – pouco se fala do “manual de sobrevivência” que os chefes da delegação norte-americana distribuíram a seus atletas, com tantos avisos e conselhos que parece que, a seus olhos, “isso aqui é um Iraque”.
O manual distribuído aos integrantes da equipe, pelo Comitê Olímpico dos EUA, falava de uma situação tão ameaçadora que, certamente, os atletas esperavam encontrar guerras nas favelas, seqüestros-relâmpagos nos caixas eletrônicos, doenças contagiosas em cubos de gelo ou na água doce e até "malandros" (chamados de "Good Samaritan") tentando se aproveitar da ingenuidade deles.
No capítulo de segurança, um texto informa que nossas comunidades pobres, “conhecidas como favelas", têm uma criminalidade sem controle, onde a polícia não está presente. Em outro parágrafo, o livro alerta os atletas sobre os seqüestros-relâmpagos ("quicknapping"), principalmente em caixas eletrônicos, e avisa que a violência na cidade não tem hora e nem local para acontecer, como se lá fosse um oásis de tranquilidade.
As informações do livro explicam a atitude agressiva do gerente Kevin Neuendorf que, na chegada da delegação americana escreveu com caneta vermelha, em letras garrafais, a preconceituosa frase: "Welcome to the Congo!". O funcionário do comitê americano, que voltou para o país antes mesmo do início do Pan, também tinha na mesa um enorme spray higienizador de ambientes, que serve para afastar mosquitos.
Tanto cuidado, talvez, tenha acontecido após ele ler a parte do manual distribuído pelo comitê que trata de dicas de saúde. O texto diz que os atletas devem usar repelentes e andar de calça, camisas longas e bonés na rua. Só faltaram dizer que o Rio é capital da Argentina. São esses gringos que ainda mandam no mundo.
Apesar da grosseria gratuita, pouco se comentou a respeito. Afinal, estava no começo da competição e a única coisa que aconteceu foi a monumental vaia à delegação daquele país metido a besta no mesmo dia em que o presidente Lula levou a sua.
Agora, enquanto dão amplos espaços para o ato idiota de dois policiais militares que tentaram extorquir policiais norte-americanos num boite – eles já estão presos e vão pagar caro por isso – pouco se fala do “manual de sobrevivência” que os chefes da delegação norte-americana distribuíram a seus atletas, com tantos avisos e conselhos que parece que, a seus olhos, “isso aqui é um Iraque”.
O manual distribuído aos integrantes da equipe, pelo Comitê Olímpico dos EUA, falava de uma situação tão ameaçadora que, certamente, os atletas esperavam encontrar guerras nas favelas, seqüestros-relâmpagos nos caixas eletrônicos, doenças contagiosas em cubos de gelo ou na água doce e até "malandros" (chamados de "Good Samaritan") tentando se aproveitar da ingenuidade deles.
No capítulo de segurança, um texto informa que nossas comunidades pobres, “conhecidas como favelas", têm uma criminalidade sem controle, onde a polícia não está presente. Em outro parágrafo, o livro alerta os atletas sobre os seqüestros-relâmpagos ("quicknapping"), principalmente em caixas eletrônicos, e avisa que a violência na cidade não tem hora e nem local para acontecer, como se lá fosse um oásis de tranquilidade.
As informações do livro explicam a atitude agressiva do gerente Kevin Neuendorf que, na chegada da delegação americana escreveu com caneta vermelha, em letras garrafais, a preconceituosa frase: "Welcome to the Congo!". O funcionário do comitê americano, que voltou para o país antes mesmo do início do Pan, também tinha na mesa um enorme spray higienizador de ambientes, que serve para afastar mosquitos.
Tanto cuidado, talvez, tenha acontecido após ele ler a parte do manual distribuído pelo comitê que trata de dicas de saúde. O texto diz que os atletas devem usar repelentes e andar de calça, camisas longas e bonés na rua. Só faltaram dizer que o Rio é capital da Argentina. São esses gringos que ainda mandam no mundo.
A LIÇÃO DE UMA MÃE CORAGEM
Pode haver lucidez onde a dor da perda do filho faz sangrar o coração de uma mãe? Pode, acredite. A carta de Adi Maria Vasconcellos Soares, que perdeu o jovem Luís Fernando Soares Zacchini no acidente do Airbus da TAM me tocou profundamente.
Gostaria que você a lesse por inteiro. Mas como é maior do que este espaço (maior sob todos os aspectos, aliás) vou pinçar alguns trechos, porque eles fazem parte de uma aula magna, que deveria ser lida em todos os meios de comunicação.
“Perdi o meu único filho. Ninguém, a não ser outra mãe que tenha passado por semelhante tragédia, pode ter experimentado dor maior”.
“Há muito eu sabia que desastres aéreos iriam acontecer. Sabia que os vôos neste país não oferecem segurança no céu e na terra. Que no Brasil a voracidade de vender bilhetes aéreos superou o respeito à vida humana. A culpa é lançada sobre um número insuficiente de mal remunerados operadores aéreos ou sobre as condições das turbinas dos aviões. Um Governo alheio a vaias é responsável pelo desmonte de uma das mais respeitáveis e confiáveis empresas aéreas do mundo, a VARIG, em benefício da TAM, desde então, a principal provedora de bilhetes pagos pelo Governo.
“Quando os usuário aguardam uma explicação, à falta de respeito ao cidadão juntam-se o escárnio e a cruel vulgaridade de uma ministra recomendando aos viajantes prejudicados que relaxem e gozem. Assuntos de alcova não condizentes com a reta postura moral e respeito exigidos no exercício de cargos públicos”. “Aqueles que deveriam comandar a responsabilidade pelo tráfego aéreo no Brasil nada fazem exceto conchavos. Aceitam as vantagens de um cargo sem sequer diferenciarem caixa preta de sucata. Tanto que oneraram e humilharam o país ao levar o material errado para ser examinado em Washington. Essas são as mesmas autoridades agraciadas com louvor e condecorações do Governo em nome do povo brasileiro, enquanto toda a nação, no auge de sofrimento, chorava a perda de seus filhos”.
Não pensei, contudo, que teria de passar por mais um insulto: ouvir a falsidade de um presidente, sob a forma de ensaiadas e demagógicas palavras de conforto. Um texto certamente encomendado a um hábil redator, dirigido mais à opinião pública do que a nossos corações, ao nosso luto, às nossas vítimas. Palavras que soaram tão falsas quanto a forçada e patética tentativa que demonstrou ao simular uma lágrima”.
Gostaria que você a lesse por inteiro. Mas como é maior do que este espaço (maior sob todos os aspectos, aliás) vou pinçar alguns trechos, porque eles fazem parte de uma aula magna, que deveria ser lida em todos os meios de comunicação.
“Perdi o meu único filho. Ninguém, a não ser outra mãe que tenha passado por semelhante tragédia, pode ter experimentado dor maior”.
“Há muito eu sabia que desastres aéreos iriam acontecer. Sabia que os vôos neste país não oferecem segurança no céu e na terra. Que no Brasil a voracidade de vender bilhetes aéreos superou o respeito à vida humana. A culpa é lançada sobre um número insuficiente de mal remunerados operadores aéreos ou sobre as condições das turbinas dos aviões. Um Governo alheio a vaias é responsável pelo desmonte de uma das mais respeitáveis e confiáveis empresas aéreas do mundo, a VARIG, em benefício da TAM, desde então, a principal provedora de bilhetes pagos pelo Governo.
“Quando os usuário aguardam uma explicação, à falta de respeito ao cidadão juntam-se o escárnio e a cruel vulgaridade de uma ministra recomendando aos viajantes prejudicados que relaxem e gozem. Assuntos de alcova não condizentes com a reta postura moral e respeito exigidos no exercício de cargos públicos”. “Aqueles que deveriam comandar a responsabilidade pelo tráfego aéreo no Brasil nada fazem exceto conchavos. Aceitam as vantagens de um cargo sem sequer diferenciarem caixa preta de sucata. Tanto que oneraram e humilharam o país ao levar o material errado para ser examinado em Washington. Essas são as mesmas autoridades agraciadas com louvor e condecorações do Governo em nome do povo brasileiro, enquanto toda a nação, no auge de sofrimento, chorava a perda de seus filhos”.
Não pensei, contudo, que teria de passar por mais um insulto: ouvir a falsidade de um presidente, sob a forma de ensaiadas e demagógicas palavras de conforto. Um texto certamente encomendado a um hábil redator, dirigido mais à opinião pública do que a nossos corações, ao nosso luto, às nossas vítimas. Palavras que soaram tão falsas quanto a forçada e patética tentativa que demonstrou ao simular uma lágrima”.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
CARTA DE UMA MÃE CORAGEM (ÍNTEGRA)
Aos governantes e à família brasileira,
Perdi o meu único filho.
Ninguém, a não ser outra mãe que tenha passado por semelhante tragédia, pode ter experimentado dor maior.
Mesmo sem ter sido dada qualquer publicidade à missa que ontem oferecemos à alma de meu filho, Luís Fernando Soares Zacchini, mais de cem pessoas compareceram. Em todos os olhos havia lágrimas. Lágrimas sinceras de dor, de saudade, de empatia. Meus olhos refletiam todos os prantos derramados por ele, por mim, por seu filhinho, por sua esposa, por todos parentes e amigos. Por todos os sacrificados na catástrofe do Aeroporto de Congonhas.
Há muito eu sabia que desastres aéreos iriam acontecer. Sabia que os vôos neste país não oferecem segurança no céu e na terra. Que no Brasil a voracidade de vender bilhetes aéreos superou o respeito à vida humana. A culpa é lançada sobre um número insuficiente de mal remunerados operadores aéreos ou sobre as condições das turbinas dos aviões. Um Governo alheio a vaias é responsável pelo desmonte de uma das mais respeitáveis e confiáveis empresas aéreas do mundo, a VARIG, em benefício da TAM, desde então, a principal provedora de bilhetes pagos pelo Governo. Que a opinião pública é desviada para supostos erros de bodes expiatórios, permitindo aos ambíguos incompetentes que nos governam continuarem sua ação impune. Que nossos aeroportos não têm condições de atender à crescente demanda de vôos cujo preço é o mais caro do mundo. Quando os usuário aguardam uma explicação, à falta de respeito ao cidadão juntam-se o escárnio e a cruel vulgaridade de uma ministra recomendando aos viajantes prejudicados que relaxem e gozem. Assuntos de alcova não condizentes com a reta postura moral e respeito exigidos no exercício de cargos públicos. Assessores do presidente deste país eximem-se da responsabilidade e do compromisso com a segurança de nosso povo exibindo gestos pornográficos. Gestos mais apropriados a bordéis do que a gabinetes presidenciais. Ao invés de se arrependerem de uma conduta chula, incompatível com a dignidade de um povo doce e amável como o brasileiro, ainda alardeiam indignação, único sentimento ao alcance dos indignos. Aqueles que deveriam comandar a responsabilidade pelo tráfego aéreo no Brasil nada fazem exceto conchavos. Aceitam as vantagens de um cargo sem sequer diferenciarem caixa preta de sucata. Tanto que oneraram e humilharam o país ao levar o material errado para ser examinado em Washington. Essas são as mesmas autoridades agraciadas com louvor e condecorações do Governo em nome do povo brasileiro, enquanto toda a nação, no auge de sofrimento, chorava a perda de seus filhos.
Tudo isto eu sabia. A mim, bastava-me minha dor, bastava meu pranto, bastava o sofrimento dos que me amam, dos que amaram meu filho. Nenhum choro ou lamento iria aumentar ou minorar tanta tristeza. Dores iguais ou maiores que a minha, de outras mães, dos pais, filhos e amigos dos mortos necessitam de consolo. A solidariedade e amor ao próximo obrigam-nos a esquecer a própria dor.
Não pensei, contudo, que teria de passar por mais um insulto: ouvir a falsidade de um presidente, sob a forma de ensaiadas e demagógicas palavras de conforto. Um texto certamente encomendado a um hábil redator, dirigido mais à opinião pública do que a nossos corações, ao nosso luto, às nossas vítimas. Palavras que soaram tão falsas quanto a forçada e patética tentativa que demonstrou ao simular uma lágrima. Não, francamente eu não merecia ter de me submeter a mais essa provação nem necessitava presenciar a estúpida cena: ver o chefe da nação sofismar um sofrimento que não compartilhava conosco.
Senhores governantes: há dias vejo o mundo através de lágrimas amargas mas verdadeiras. Confundem-se com as lágrimas sinceras e puras de todos os corações amigos. Há dias, da forma mais dolorosa possível, aprendi o que é o verdadeiro amor. O amor humano, o Amor Divino. O amor é inefável, o amor é um sentimento despojado de interesse, não recorre a histriônicas atitudes políticas.
Não jorra das bocas, flui do coração!
E que Deus nos abençoe!
Adi Maria Vasconcellos Soares
Porto Alegre, 21 de julho de 2007.
Perdi o meu único filho.
Ninguém, a não ser outra mãe que tenha passado por semelhante tragédia, pode ter experimentado dor maior.
Mesmo sem ter sido dada qualquer publicidade à missa que ontem oferecemos à alma de meu filho, Luís Fernando Soares Zacchini, mais de cem pessoas compareceram. Em todos os olhos havia lágrimas. Lágrimas sinceras de dor, de saudade, de empatia. Meus olhos refletiam todos os prantos derramados por ele, por mim, por seu filhinho, por sua esposa, por todos parentes e amigos. Por todos os sacrificados na catástrofe do Aeroporto de Congonhas.
Há muito eu sabia que desastres aéreos iriam acontecer. Sabia que os vôos neste país não oferecem segurança no céu e na terra. Que no Brasil a voracidade de vender bilhetes aéreos superou o respeito à vida humana. A culpa é lançada sobre um número insuficiente de mal remunerados operadores aéreos ou sobre as condições das turbinas dos aviões. Um Governo alheio a vaias é responsável pelo desmonte de uma das mais respeitáveis e confiáveis empresas aéreas do mundo, a VARIG, em benefício da TAM, desde então, a principal provedora de bilhetes pagos pelo Governo. Que a opinião pública é desviada para supostos erros de bodes expiatórios, permitindo aos ambíguos incompetentes que nos governam continuarem sua ação impune. Que nossos aeroportos não têm condições de atender à crescente demanda de vôos cujo preço é o mais caro do mundo. Quando os usuário aguardam uma explicação, à falta de respeito ao cidadão juntam-se o escárnio e a cruel vulgaridade de uma ministra recomendando aos viajantes prejudicados que relaxem e gozem. Assuntos de alcova não condizentes com a reta postura moral e respeito exigidos no exercício de cargos públicos. Assessores do presidente deste país eximem-se da responsabilidade e do compromisso com a segurança de nosso povo exibindo gestos pornográficos. Gestos mais apropriados a bordéis do que a gabinetes presidenciais. Ao invés de se arrependerem de uma conduta chula, incompatível com a dignidade de um povo doce e amável como o brasileiro, ainda alardeiam indignação, único sentimento ao alcance dos indignos. Aqueles que deveriam comandar a responsabilidade pelo tráfego aéreo no Brasil nada fazem exceto conchavos. Aceitam as vantagens de um cargo sem sequer diferenciarem caixa preta de sucata. Tanto que oneraram e humilharam o país ao levar o material errado para ser examinado em Washington. Essas são as mesmas autoridades agraciadas com louvor e condecorações do Governo em nome do povo brasileiro, enquanto toda a nação, no auge de sofrimento, chorava a perda de seus filhos.
Tudo isto eu sabia. A mim, bastava-me minha dor, bastava meu pranto, bastava o sofrimento dos que me amam, dos que amaram meu filho. Nenhum choro ou lamento iria aumentar ou minorar tanta tristeza. Dores iguais ou maiores que a minha, de outras mães, dos pais, filhos e amigos dos mortos necessitam de consolo. A solidariedade e amor ao próximo obrigam-nos a esquecer a própria dor.
Não pensei, contudo, que teria de passar por mais um insulto: ouvir a falsidade de um presidente, sob a forma de ensaiadas e demagógicas palavras de conforto. Um texto certamente encomendado a um hábil redator, dirigido mais à opinião pública do que a nossos corações, ao nosso luto, às nossas vítimas. Palavras que soaram tão falsas quanto a forçada e patética tentativa que demonstrou ao simular uma lágrima. Não, francamente eu não merecia ter de me submeter a mais essa provação nem necessitava presenciar a estúpida cena: ver o chefe da nação sofismar um sofrimento que não compartilhava conosco.
Senhores governantes: há dias vejo o mundo através de lágrimas amargas mas verdadeiras. Confundem-se com as lágrimas sinceras e puras de todos os corações amigos. Há dias, da forma mais dolorosa possível, aprendi o que é o verdadeiro amor. O amor humano, o Amor Divino. O amor é inefável, o amor é um sentimento despojado de interesse, não recorre a histriônicas atitudes políticas.
Não jorra das bocas, flui do coração!
E que Deus nos abençoe!
Adi Maria Vasconcellos Soares
Porto Alegre, 21 de julho de 2007.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
OLHAI OS IDOSOS E APOSENTADOS
O país talvez não tenha acordado ainda para uma realidade do maior alcance social: sua população vive cada vez mais – hoje já são quase 13 milhões os brasileiros com mais de 60 anos. E, no entanto, não existem políticas públicas para responder a esse fato, que é altamente positivo, mas traz impõe uma reformulação das ações governamentais.
Não dá mais para entender que tratar da chamada terceira idade é fazer bailes ou simplesmente discursos de homenagem aos velhinhos.
Falo isso a propósito do crescimento do Movimento dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do PDT, que nesta quarta-feira empossou Maria José Latgé como sua presidente. E ela já disse a que veio: vai colocar toda a estrutura de que dispõe para abraçar a causa dos aposentados da Varig e de todos quantos foram atingidos por medidas e crises neste país.
Porque os últimos anos têm sido particularmente amargos para os aposentados e pensionistas, condenados a um futuro em que vão acabar reduzidos a um salário mínimo, embora em 60% das famílias brasileiras a renda dos mais velhos pesa quase que como primeira fonte.
A eleição de Maria José Latgé para a presidência do Movimento dos Aposentados do PDT é um dos acontecimentos mais importantes na vida desse partido fundado por Leonel Brizola, provavelmente o único a ter em sua estrutura um segmento organizado de aposentados, pensionistas e idosos.
O exemplo dos brizolistas poderia se aplicar a todos os demais partidos, na medida em que seriam estes, num regime verdadeiramente democrático, as grandes trincheiras dos segmentos sociais.
Os mais velhos são verdadeiros arquivos do pensamento em condições de repassarem seus conhecimentos e de prestarem serviços em muitas áreas. N o entanto, o comum é uma pessoa que perder o emprego a partir dos 40 anos ser desprezada para uma outra oportunidade, como se fosse peso morto.
Há políticas de incentivos ao primeiro emprego – que infelizmente ainda não vingaram – mas, infelizmente, as autoridades ainda não entenderam que as atitudes das empresas em relação aos mais velhos não passam de grandes equívocos, implementados por uma visão míope da mão de obra.
Precisamos agir em todos os níveis, sejamos da terceira idade ou não, para levar os governos e pensarem com mais responsabilidade sobre esse grande contingente humano.
Não dá mais para entender que tratar da chamada terceira idade é fazer bailes ou simplesmente discursos de homenagem aos velhinhos.
Falo isso a propósito do crescimento do Movimento dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do PDT, que nesta quarta-feira empossou Maria José Latgé como sua presidente. E ela já disse a que veio: vai colocar toda a estrutura de que dispõe para abraçar a causa dos aposentados da Varig e de todos quantos foram atingidos por medidas e crises neste país.
Porque os últimos anos têm sido particularmente amargos para os aposentados e pensionistas, condenados a um futuro em que vão acabar reduzidos a um salário mínimo, embora em 60% das famílias brasileiras a renda dos mais velhos pesa quase que como primeira fonte.
A eleição de Maria José Latgé para a presidência do Movimento dos Aposentados do PDT é um dos acontecimentos mais importantes na vida desse partido fundado por Leonel Brizola, provavelmente o único a ter em sua estrutura um segmento organizado de aposentados, pensionistas e idosos.
O exemplo dos brizolistas poderia se aplicar a todos os demais partidos, na medida em que seriam estes, num regime verdadeiramente democrático, as grandes trincheiras dos segmentos sociais.
Os mais velhos são verdadeiros arquivos do pensamento em condições de repassarem seus conhecimentos e de prestarem serviços em muitas áreas. N o entanto, o comum é uma pessoa que perder o emprego a partir dos 40 anos ser desprezada para uma outra oportunidade, como se fosse peso morto.
Há políticas de incentivos ao primeiro emprego – que infelizmente ainda não vingaram – mas, infelizmente, as autoridades ainda não entenderam que as atitudes das empresas em relação aos mais velhos não passam de grandes equívocos, implementados por uma visão míope da mão de obra.
Precisamos agir em todos os níveis, sejamos da terceira idade ou não, para levar os governos e pensarem com mais responsabilidade sobre esse grande contingente humano.
terça-feira, 24 de julho de 2007
SOLIDARIEDADE À SANTA CASA
Quem nesta cidade não precisou e foi bem atendido no Hospital Geral da Santa Casa? Pode ser que um ou outro tenha queixa, mas a grande maioria da população tem encontrado uma acolhida carinhosa de um pessoal que se habituou a prestar serviços com espírito de solidariedade. Os melhores médicos do Brasil em suas especialidades, como o neuro-cirurgião Paulo Niemeyer e o famoso cirurgião plástico Ivo Pitanguy estão entre os que dedicaram ou dedicam parte de seus conhecimento ao atendimento de pacientes carentes.
Essa grande instituição centenária passa por um sufoco no Rio de Janeiro, como já aconteceu em outras cidades. Em algumas delas, aliás, elas simplesmente fecharam.
O Ministério da Saúde está cumprindo seu dever. Diante de uma situação de crise, realiza uma auditoria, já que recursos públicos do SUS são enviadas para o hospital da Santa Casa.
Contudo, se eu fosse solicitado, assinaria o manifesto dos seus médicos, divulgado nesta terça-feira.
O documento, assinado por 42 dos 49 chefes de serviço, inclui nomes de profissionais renomados, como Pitanguy. Na carta, eles afirmam que, diferentemente de outras instituições, a Santa Casa “não se tornou uma empresa lucrativa em detrimento da caridade”. Ao citar a auditoria que está sendo realizada pelo Ministério da Saúde, os profissionais dizem que podem comprovar apenas a dedicação com que atendem “mensalmente cerca de quatro mil pacientes, jamais irregularidades ou desvios de seus médicos”.
Segundo cardiologista responsável pela 6aEnfermaria, Cantídeo Drumond Neto, as equipes de saúde estão confiantes na recuperação da instituição. Um dos líderes da iniciativa, ele disse que a Santa Casa conta com o apoio de mais de 90% dos médicos.
— Não temos envolvimento com a Santa Casa como um todo, mas com o Hospital Geral. É um caso à parte, porque os médicos são muito competentes e há um programa de residentes classe A — disse Cantídeo. — Quanto à falta de medicamentos, todos os hospitais passam por problemas, não é exclusividade do Hospital Geral.
A entidade filantrópica — que administra cinco hospitais, 14 cemitérios, um asilo e dois orfanatos — passa por grave crise, acumulando dívidas de mais de R$ 25 milhões.
Quero que os profissionais abnegados que prestam serviços ao povo pobre na Santa Casa saibam que, tão logo termine o recesso, na semana que vem, vou mobilizar a Câmara Municipal do Rio de Janeiro para ajudar a instituição.
É o mínimo que um brasileiro decente pode fazer nessa hora. Ainda mais no exercício de um mandato parlamentar.
Essa grande instituição centenária passa por um sufoco no Rio de Janeiro, como já aconteceu em outras cidades. Em algumas delas, aliás, elas simplesmente fecharam.
O Ministério da Saúde está cumprindo seu dever. Diante de uma situação de crise, realiza uma auditoria, já que recursos públicos do SUS são enviadas para o hospital da Santa Casa.
Contudo, se eu fosse solicitado, assinaria o manifesto dos seus médicos, divulgado nesta terça-feira.
O documento, assinado por 42 dos 49 chefes de serviço, inclui nomes de profissionais renomados, como Pitanguy. Na carta, eles afirmam que, diferentemente de outras instituições, a Santa Casa “não se tornou uma empresa lucrativa em detrimento da caridade”. Ao citar a auditoria que está sendo realizada pelo Ministério da Saúde, os profissionais dizem que podem comprovar apenas a dedicação com que atendem “mensalmente cerca de quatro mil pacientes, jamais irregularidades ou desvios de seus médicos”.
Segundo cardiologista responsável pela 6aEnfermaria, Cantídeo Drumond Neto, as equipes de saúde estão confiantes na recuperação da instituição. Um dos líderes da iniciativa, ele disse que a Santa Casa conta com o apoio de mais de 90% dos médicos.
— Não temos envolvimento com a Santa Casa como um todo, mas com o Hospital Geral. É um caso à parte, porque os médicos são muito competentes e há um programa de residentes classe A — disse Cantídeo. — Quanto à falta de medicamentos, todos os hospitais passam por problemas, não é exclusividade do Hospital Geral.
A entidade filantrópica — que administra cinco hospitais, 14 cemitérios, um asilo e dois orfanatos — passa por grave crise, acumulando dívidas de mais de R$ 25 milhões.
Quero que os profissionais abnegados que prestam serviços ao povo pobre na Santa Casa saibam que, tão logo termine o recesso, na semana que vem, vou mobilizar a Câmara Municipal do Rio de Janeiro para ajudar a instituição.
É o mínimo que um brasileiro decente pode fazer nessa hora. Ainda mais no exercício de um mandato parlamentar.
segunda-feira, 23 de julho de 2007
PIOR QUEM NÃO ESTAVA NO AVIÃO
Enquanto os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil, que têm mandatos, põem as mangas de fora e, ao gosto das companhias aéreas monopolistas, se colocam contra a decisão do presidente Lula de dar um chega pra lá no excesso de operações de Congonhas, o Aeroporto do Medo, uma nova informação mostra que, como sempre, a corda arrebenta sempre do lado mais fraco.
O problema maior é das famílias das vítimas que estavam em terra e foram atingidas pelo avião da TAM. Para receber indenização a que têm direito, vão ter que ralar e olhe lá.
É isso mesmo. Parentes de frentista do posto de gasolina ou de quem estava no prédio invadido pelo Airbus terão que reunir evidências para comprovar que a vítima estava perto ou no local do acidente. Para obter a declaração de morte quando o corpo não é encontrado, é necessário um processo judicial.
Nesses casos para obter a declaração judicial de morte leva pelo menos seis meses. E essa declaração é apenas o primeiro passo para abrir o processo contra a companhia.
É um procedimento delicado e o trâmite é esgotar todas as evidências de que a pessoa esteja viva. Enquanto não forem identificados todos os corpos, os familiares - tanto de passageiros quanto de desaparecidos - terão problemas práticos.
Sem a identificação dos corpos e o atestado de óbito, os familiares não podem movimentar contas, vender ou dispor de bens, iniciar o inventário, receber seguros ou indenizações.
As famílias, mesmo antes da identificação dos corpos ou de obter a declaração judicial de morte, podem entrar na Justiça com pedido de liminares para movimentar contas correntes, dispor de bens, obter seguros e indenizações, ainda que sejam fixados valores provisórios. Mas a decisão vai depender do entendimento do juiz.
O Código Aeronáutico de 1987 limitou os valores das indenizações e, para você ter uma idéia, ainda há muitos parentes de vítimas do Fokker, que caiu em 1996 também em Congonhas, à espera de um reparo da empresa.
Que está programando anúncios de condolências na grande imprensa, mas já desperta a desconfiança dos familiares dos passageiros. Quanto mais dos parentes dos que, como pode acontecer com muitos leitores, nem pensavam em viajar de avião.
O problema maior é das famílias das vítimas que estavam em terra e foram atingidas pelo avião da TAM. Para receber indenização a que têm direito, vão ter que ralar e olhe lá.
É isso mesmo. Parentes de frentista do posto de gasolina ou de quem estava no prédio invadido pelo Airbus terão que reunir evidências para comprovar que a vítima estava perto ou no local do acidente. Para obter a declaração de morte quando o corpo não é encontrado, é necessário um processo judicial.
Nesses casos para obter a declaração judicial de morte leva pelo menos seis meses. E essa declaração é apenas o primeiro passo para abrir o processo contra a companhia.
É um procedimento delicado e o trâmite é esgotar todas as evidências de que a pessoa esteja viva. Enquanto não forem identificados todos os corpos, os familiares - tanto de passageiros quanto de desaparecidos - terão problemas práticos.
Sem a identificação dos corpos e o atestado de óbito, os familiares não podem movimentar contas, vender ou dispor de bens, iniciar o inventário, receber seguros ou indenizações.
As famílias, mesmo antes da identificação dos corpos ou de obter a declaração judicial de morte, podem entrar na Justiça com pedido de liminares para movimentar contas correntes, dispor de bens, obter seguros e indenizações, ainda que sejam fixados valores provisórios. Mas a decisão vai depender do entendimento do juiz.
O Código Aeronáutico de 1987 limitou os valores das indenizações e, para você ter uma idéia, ainda há muitos parentes de vítimas do Fokker, que caiu em 1996 também em Congonhas, à espera de um reparo da empresa.
Que está programando anúncios de condolências na grande imprensa, mas já desperta a desconfiança dos familiares dos passageiros. Quanto mais dos parentes dos que, como pode acontecer com muitos leitores, nem pensavam em viajar de avião.
domingo, 22 de julho de 2007
AVIÕES NA MARCA DO PÊNALTI
É sempre assim: depois da tragédia aparecem os “especialistas” para apontar suas causas. Se elas pareciam tão óbvias, por que nada se fez preventivamente e, o que é pior, nada se cobrou? Foi assim que abri esta coluna logo após a tragédia de Congonhas.
Não deu outra. Hoje, no sétimo dia de um massacre na nossa cara, continua o jogo de empurra e, o que é mais alarmante, não há sinais de lucidez no trato com uma crise que prossegue, transformando a viagem de avião numa aventura semelhante a uma montanha russa.
O pior nisso tudo é a politização e a excessiva preocupação empresarial, como observou, aos prantos, a mãe de uma das vítimas: “eles só querem saber de política e de dinheiro”.
Nessa macabra olimpíada de desastres mortais, uns querem jogar tudo em cima da pista de Congonhas, liberada à pressas, por pressão das empresas, que parecem mandarem e desmandarem na ANAC, o órgão do governo encarregado de “expedir normas e estabelecer padrões mínimos de segurança de vôo, de desempenho e eficiência, a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços aéreos e de infra-estruturas aeronáutica e aeroportuária, inclusive quanto a equipamentos, materiais, produtos e processos que utilizarem e serviços que prestarem”, conforme o inciso XXXI do artigo 4º do seu Regulamento.
Depois que se descobriu que o avião sinistrado estava com problemas no reverso direito – que ajuda a reduzir a velocidade e a frear – a TAM está fazendo das tripas coração para dizer que o “manual do fabricante” permitia tal liberalidade por dez dias.
De fato, depois do que fizeram com a Varig, deixaram todo o sistema na marca do pênalti. Na sexta-feira, outro avião da TAM teve que entrar em manutenção e deixou a pé quase duas dezenas de passageiros em Belém. Isto porque ela não tem um único aparelho de reserva.
Sem querer livrar a cara do governo, a quem incumbe fiscalizar a sério, punir se necessário, estou propenso a acreditar que esse modelo de comadres, com apenas duas companhias, é o grande vilão. Veja: no avião que caiu, um piloto da companhia viajava de carona, clandestinamente. Estavam a bordo 187 pessoas, quando o mesmo manual limitava a 185. Havia, portanto, excesso de peso. Como se explicar tanto desprezo pela segurança dos passageiros e dos próprios tripulantes?
E eu bem que ia falar de outro assunto.
Não deu outra. Hoje, no sétimo dia de um massacre na nossa cara, continua o jogo de empurra e, o que é mais alarmante, não há sinais de lucidez no trato com uma crise que prossegue, transformando a viagem de avião numa aventura semelhante a uma montanha russa.
O pior nisso tudo é a politização e a excessiva preocupação empresarial, como observou, aos prantos, a mãe de uma das vítimas: “eles só querem saber de política e de dinheiro”.
Nessa macabra olimpíada de desastres mortais, uns querem jogar tudo em cima da pista de Congonhas, liberada à pressas, por pressão das empresas, que parecem mandarem e desmandarem na ANAC, o órgão do governo encarregado de “expedir normas e estabelecer padrões mínimos de segurança de vôo, de desempenho e eficiência, a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços aéreos e de infra-estruturas aeronáutica e aeroportuária, inclusive quanto a equipamentos, materiais, produtos e processos que utilizarem e serviços que prestarem”, conforme o inciso XXXI do artigo 4º do seu Regulamento.
Depois que se descobriu que o avião sinistrado estava com problemas no reverso direito – que ajuda a reduzir a velocidade e a frear – a TAM está fazendo das tripas coração para dizer que o “manual do fabricante” permitia tal liberalidade por dez dias.
De fato, depois do que fizeram com a Varig, deixaram todo o sistema na marca do pênalti. Na sexta-feira, outro avião da TAM teve que entrar em manutenção e deixou a pé quase duas dezenas de passageiros em Belém. Isto porque ela não tem um único aparelho de reserva.
Sem querer livrar a cara do governo, a quem incumbe fiscalizar a sério, punir se necessário, estou propenso a acreditar que esse modelo de comadres, com apenas duas companhias, é o grande vilão. Veja: no avião que caiu, um piloto da companhia viajava de carona, clandestinamente. Estavam a bordo 187 pessoas, quando o mesmo manual limitava a 185. Havia, portanto, excesso de peso. Como se explicar tanto desprezo pela segurança dos passageiros e dos próprios tripulantes?
E eu bem que ia falar de outro assunto.
A FALTA QUE A VARIG FAZ
Decididamente, essa semana não foi a que pedimos a Deus. Aconteceu de tudo, quase tudo de ruim. Nós não merecemos. E olha que foi uma semana olímpica, com muitos brasileiros ligados nos jogos pan-americanos, que se realizam no Rio com sucesso maior do que o esperado.
É como se a gente não pudesse ser feliz. O acidente com o Airbus da TAM em Congonhas foi uma metralhada que atingiu o país de norte a sul e ainda está causando perdas e danos em toda a população, mesmo em quem nunca chegou nem perto de um aeroporto.
Porque foi um abuso sem tamanho. E não há quem possa ser apontado como o grande vilão. Há, sim, infelizmente, uma porção de pilotos trabalhando com os nervos à flor da pele. Agora, para pousar, eles pensam duas vezes.
Um fokker da mesma TAM fez uma operação perigosa em Congonhas, ao arremeter (subir de novo) na hora que ia encostar os pneus no chão. O mesmo aconteceu com um Boeing da Gol, em São Luiz do Maranhão.
A revelação oficial de que o aparelho sinistrado andava com os freios em pandarecos e já tinha dado outro susto não livra o governo federal da responsabilidade na administração do Aeroporto de Congonhas. E outros mais. E nem do caos aéreo que se instalou desde o temerário complô que levou a Varig a um estado de falência virtual, deixando a ver navios a mais experiente e qualificada corporação do Brasil.
É isso: na raiz de toda essa balbúrdia está a insensatez patrocinada por alguns malucos com assentos em Brasília, que deixaram derrapar a maior companhia aérea da América Latina, com seus 80 anos de sabedoria acumulada e um elenco profissional praticamente insubstituível.
Todo mundo sabe hoje que o deliberado abandono da Varig viria favorecer as duas empresas emergentes, que não acumularam as perdas decorrentes de políticas tarifárias irreais e de outras galhofas incrementadas no passado por governos que não entendem patavina de aviação.
Agora, só resta ao governo do presidente Lula fazer uma autocrítica séria e recomeçar tudo do zero. Isso significa dar ao transporte aéreo a prioridade estratégica indispensável, incluindo a reavaliação da postura em relação a Varig.
Com certeza, muito desse caos não teria acontecido se o governo tivesse entendido a tempo que a Varig não era apenas uma frota aérea em dificuldades.
coluna@pedroporfirio.com
É como se a gente não pudesse ser feliz. O acidente com o Airbus da TAM em Congonhas foi uma metralhada que atingiu o país de norte a sul e ainda está causando perdas e danos em toda a população, mesmo em quem nunca chegou nem perto de um aeroporto.
Porque foi um abuso sem tamanho. E não há quem possa ser apontado como o grande vilão. Há, sim, infelizmente, uma porção de pilotos trabalhando com os nervos à flor da pele. Agora, para pousar, eles pensam duas vezes.
Um fokker da mesma TAM fez uma operação perigosa em Congonhas, ao arremeter (subir de novo) na hora que ia encostar os pneus no chão. O mesmo aconteceu com um Boeing da Gol, em São Luiz do Maranhão.
A revelação oficial de que o aparelho sinistrado andava com os freios em pandarecos e já tinha dado outro susto não livra o governo federal da responsabilidade na administração do Aeroporto de Congonhas. E outros mais. E nem do caos aéreo que se instalou desde o temerário complô que levou a Varig a um estado de falência virtual, deixando a ver navios a mais experiente e qualificada corporação do Brasil.
É isso: na raiz de toda essa balbúrdia está a insensatez patrocinada por alguns malucos com assentos em Brasília, que deixaram derrapar a maior companhia aérea da América Latina, com seus 80 anos de sabedoria acumulada e um elenco profissional praticamente insubstituível.
Todo mundo sabe hoje que o deliberado abandono da Varig viria favorecer as duas empresas emergentes, que não acumularam as perdas decorrentes de políticas tarifárias irreais e de outras galhofas incrementadas no passado por governos que não entendem patavina de aviação.
Agora, só resta ao governo do presidente Lula fazer uma autocrítica séria e recomeçar tudo do zero. Isso significa dar ao transporte aéreo a prioridade estratégica indispensável, incluindo a reavaliação da postura em relação a Varig.
Com certeza, muito desse caos não teria acontecido se o governo tivesse entendido a tempo que a Varig não era apenas uma frota aérea em dificuldades.
coluna@pedroporfirio.com
sábado, 21 de julho de 2007
SÓ COM O SINAL DA CRUZ
Desculpe, mas a confissão do vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amaro, só serviu para embaralhar mais nossas cabeças. Ele admitiu algo como se o seu Airbus tivesse voando sabidamente com as pastilhas do freio desgastadas.
Meu Deus! Você pode não usar avião, tudo bem. Mas não é por isso que vai concordar que exponham vidas humanas com o uso de “gatilhos” ou ponham aeronaves em atividade com problemas técnicos, ainda mais para pousar num aeroporto inseguro e com a pista empoçada.
No momento em que escrevo esta coluna, há uma expectativa sobre o pronunciamento do presidente Lula em cadeia nacional de rádio e tv. Os brasileiros esperavam mais do que “sinceros pêsames para as famílias enlutadas”.
E havia indicação de que ele tomaria atitudes drásticas, cortando algumas cabeças duras e pondo as coisas no lugar. Quando você estiver me lendo, já estará sabendo do que o presidente da República deste país continental terá providenciado para restabelecer o mínimo de segurança no transporte aéreo.
Mas, enquanto o presidente não der um tranco nessa irresponsabilidade generalizada, os passageiros estarão fazendo o sinal da cruz antes de pegar qualquer avião. Se estiverem em Congonhas, vão fazer outras tantas orações e contar com a sorte, porque para muitos, não há como adiar certas viagens.
Foi o que aconteceu comigo na quinta-feira, dia 19. Tanto na ida a Brasília, como na volta, os aparelhos estavam lotados. E, embora muitos passageiros fossem habituados a esse vai-e-vem da capital federal, alguns não escondiam semblantes de preocupação.
Um observou que há um mau hábito de levar bagagens de mão com peso superior ao razoável. Lembrei que no Aeroporto de Caracas, no final do ano passado, fui obrigado a embarcar uma maleta pequena, muito menor das que eram transportadas ali.
Fiquei sabendo também que as companhias que se aproveitaram da miniaturização da Varig não têm aeronaves suficientes para atender a demanda. E nesses tempos de apagão, podem estar jogando avião na pista de qualquer jeito. Quando a TAM mandou seis para revisão, tumultuou a vida dos aeroportos. Se precisar tirar um de operação hoje, vai deixar muito passageiro a pé. É mole isso?
Enfim, está declarado o caos. Nessas horas, só um presidente da República determinado pode reverter essa situação deprimente.
coluna@pedroporfirio.com
Meu Deus! Você pode não usar avião, tudo bem. Mas não é por isso que vai concordar que exponham vidas humanas com o uso de “gatilhos” ou ponham aeronaves em atividade com problemas técnicos, ainda mais para pousar num aeroporto inseguro e com a pista empoçada.
No momento em que escrevo esta coluna, há uma expectativa sobre o pronunciamento do presidente Lula em cadeia nacional de rádio e tv. Os brasileiros esperavam mais do que “sinceros pêsames para as famílias enlutadas”.
E havia indicação de que ele tomaria atitudes drásticas, cortando algumas cabeças duras e pondo as coisas no lugar. Quando você estiver me lendo, já estará sabendo do que o presidente da República deste país continental terá providenciado para restabelecer o mínimo de segurança no transporte aéreo.
Mas, enquanto o presidente não der um tranco nessa irresponsabilidade generalizada, os passageiros estarão fazendo o sinal da cruz antes de pegar qualquer avião. Se estiverem em Congonhas, vão fazer outras tantas orações e contar com a sorte, porque para muitos, não há como adiar certas viagens.
Foi o que aconteceu comigo na quinta-feira, dia 19. Tanto na ida a Brasília, como na volta, os aparelhos estavam lotados. E, embora muitos passageiros fossem habituados a esse vai-e-vem da capital federal, alguns não escondiam semblantes de preocupação.
Um observou que há um mau hábito de levar bagagens de mão com peso superior ao razoável. Lembrei que no Aeroporto de Caracas, no final do ano passado, fui obrigado a embarcar uma maleta pequena, muito menor das que eram transportadas ali.
Fiquei sabendo também que as companhias que se aproveitaram da miniaturização da Varig não têm aeronaves suficientes para atender a demanda. E nesses tempos de apagão, podem estar jogando avião na pista de qualquer jeito. Quando a TAM mandou seis para revisão, tumultuou a vida dos aeroportos. Se precisar tirar um de operação hoje, vai deixar muito passageiro a pé. É mole isso?
Enfim, está declarado o caos. Nessas horas, só um presidente da República determinado pode reverter essa situação deprimente.
coluna@pedroporfirio.com
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Porque hoje é dia de Santos Dumont
Inventor do avião, Alberto Santos Dumont nasceu em Minas Gerais, num dia 20 de julho, há 104 anos. Em 1932, aos 59 anos, suicidou-se em Guarujá, depois de declarar sua amargura por ver seu invento usado como arma mortífera na primeira guerra mundial (1914-1918).
Uma vez, ele disse: “No começo deste século, nós, os fundadores da Aeronáutica, havíamos sonhado com um futuro pacífico e grandioso para ela. Mas a guerra veio, apoderou-se de nossos trabalhos e, com todos os seus horrores, aterrorizou a humanidade. Criei um aparelho para unir a humanidade, não para destruí-la”.
Quando morreu, Santos Dumont não podia imaginar a importância que o avião representaria como meio de transporte para toda a humanidade.
Não podia esperar também que os homens não tivessem capacidade de dominar aviões cada vez maiores e mais velozes, capazes de provocar tragédias como a de terça-feira, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Hoje, na data do seu aniversário de nascimento, os brasileiros não podem fazer festa nenhuma. Ainda estão perplexos com o que aconteceu com um avião moderno, dotado de todos os controles eletrônicos imagináveis, num aeroporto da cidade mais importante do Brasil.
Não faz muito, em 29 de setembro do ano passado, um avião executivo derrubou um Boeing da Gol. Seguiu-se então uma crise que paralisou os aeroportos do país, em meio a atitudes chocantes de algumas autoridades, como a ministra Marta Suplicy, que aconselhou cada passageiro revoltado a “relaxar e gozar”.
Nesses dias tumultuados, o presidente da Infraero, a estatal responsável pelos nossos aeroportos, declarou em entrevista à Band-newes: "Com relação à segurança de vôo, eu não me preocupo. Até porque os aviões estão retidos no solo e todo mundo sabe que a melhor proteção para um avião não cair é ele não decolar".
Numa hora dessas, espera-se do presidente Lula mais do que o emprego da Polícia Federal na investigação sobre a obra da pista onde aconteceu o acidente. Se estiver no pleno exercício de suas responsabilidades, ele promoverá uma devassa e fará rolar cabeças nesses órgãos, em todos os escalões, porque, como todo mundo sabe, ali o predomínio de práticas imorais passou dos limites, se é que essas práticas são admissíveis em algum limite.
Fora de uma atitude drástica, o país permanecerá exposto a autoridades despreparadas para suas funções.
Uma vez, ele disse: “No começo deste século, nós, os fundadores da Aeronáutica, havíamos sonhado com um futuro pacífico e grandioso para ela. Mas a guerra veio, apoderou-se de nossos trabalhos e, com todos os seus horrores, aterrorizou a humanidade. Criei um aparelho para unir a humanidade, não para destruí-la”.
Quando morreu, Santos Dumont não podia imaginar a importância que o avião representaria como meio de transporte para toda a humanidade.
Não podia esperar também que os homens não tivessem capacidade de dominar aviões cada vez maiores e mais velozes, capazes de provocar tragédias como a de terça-feira, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Hoje, na data do seu aniversário de nascimento, os brasileiros não podem fazer festa nenhuma. Ainda estão perplexos com o que aconteceu com um avião moderno, dotado de todos os controles eletrônicos imagináveis, num aeroporto da cidade mais importante do Brasil.
Não faz muito, em 29 de setembro do ano passado, um avião executivo derrubou um Boeing da Gol. Seguiu-se então uma crise que paralisou os aeroportos do país, em meio a atitudes chocantes de algumas autoridades, como a ministra Marta Suplicy, que aconselhou cada passageiro revoltado a “relaxar e gozar”.
Nesses dias tumultuados, o presidente da Infraero, a estatal responsável pelos nossos aeroportos, declarou em entrevista à Band-newes: "Com relação à segurança de vôo, eu não me preocupo. Até porque os aviões estão retidos no solo e todo mundo sabe que a melhor proteção para um avião não cair é ele não decolar".
Numa hora dessas, espera-se do presidente Lula mais do que o emprego da Polícia Federal na investigação sobre a obra da pista onde aconteceu o acidente. Se estiver no pleno exercício de suas responsabilidades, ele promoverá uma devassa e fará rolar cabeças nesses órgãos, em todos os escalões, porque, como todo mundo sabe, ali o predomínio de práticas imorais passou dos limites, se é que essas práticas são admissíveis em algum limite.
Fora de uma atitude drástica, o país permanecerá exposto a autoridades despreparadas para suas funções.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
SÓ FALTA CULPAR AS RÁDIOS “PIRATAS”
É sempre assim: depois da tragédia aparecem os “especialistas” para apontar suas causas. Se elas pareciam tão óbvias, por que nada se fez preventivamente e, o que é pior, nada se cobrou?
A um pai, a alguém próximo das vítimas do acidente com o avião da TAM não há explicação que lhe poupe da dor e do sofrimento.
O que aconteceu com o vôo 3054 poderia ter ocorrido a outros, conforme opinião unânime, especialmente devido às condições de pouso no Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do país. Essa teoria ganha substância a partir do “ensaio” de véspera, quando um avião da Pantanal também derrapou e saiu da pista, parando a tempo no gramado.
Essa pista em que o jato da TAM não conseguiu frear havia sido “reformada” e devolvida ao tráfego no dia 30 de junho. O governo gastou mais de R$ 20 milhões nessa obra, que só ocorreu depois que o Ministério Público obteve sua interdição judicial, considerando laudos técnicos disponíveis.
Há um outro lamento unânime: o governo federal tem investido maciçamente nos terminais de passageiros, transformando-os em verdadeiros shoppings. A última coisa que entra na planilha é a segurança das pistas.
Não é de hoje que o Ministério Público considera Congonhas impraticável para o volume de pousos e decolagens – um a cada minuto e meio – e para os tipos de aeronaves, cada vez mais pesadas e mais velozes.
A Infraero, estatal que administra os aeroportos, está sendo acusada de superfaturamentos em obras e outros desvios, muitos comuns na gestão da coisa pública.
A Anac – Agência Nacional de Aviação Civil – completou um ano como substituta do DAC – em meio a críticas e suspeições sobre seus posicionamentos.
Há quase um ano, o país sofre os prejuízos do “apagão aéreo”, que transforma uma viagem em uma aventura.
Há dez meses, um avião da Gol caiu num estranho choque com outro, pilotado por dois norte-americanos, que desligaram o aparelho que poderia impedir o acidente e saíram ilesos.
Em suma: não é muito mistério a ser decifrado? Quando você estiver lendo esta coluna, estarei viajando a bordo de um aparelho igual ao que causou o maior acidente do Brasil. Como você acha que estarei fazendo esse vôo inadiável?
Bem, só falta agora culparem as rádios “piratas” pela tragédia.
Voltarei ao assunto, com certeza.
A um pai, a alguém próximo das vítimas do acidente com o avião da TAM não há explicação que lhe poupe da dor e do sofrimento.
O que aconteceu com o vôo 3054 poderia ter ocorrido a outros, conforme opinião unânime, especialmente devido às condições de pouso no Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do país. Essa teoria ganha substância a partir do “ensaio” de véspera, quando um avião da Pantanal também derrapou e saiu da pista, parando a tempo no gramado.
Essa pista em que o jato da TAM não conseguiu frear havia sido “reformada” e devolvida ao tráfego no dia 30 de junho. O governo gastou mais de R$ 20 milhões nessa obra, que só ocorreu depois que o Ministério Público obteve sua interdição judicial, considerando laudos técnicos disponíveis.
Há um outro lamento unânime: o governo federal tem investido maciçamente nos terminais de passageiros, transformando-os em verdadeiros shoppings. A última coisa que entra na planilha é a segurança das pistas.
Não é de hoje que o Ministério Público considera Congonhas impraticável para o volume de pousos e decolagens – um a cada minuto e meio – e para os tipos de aeronaves, cada vez mais pesadas e mais velozes.
A Infraero, estatal que administra os aeroportos, está sendo acusada de superfaturamentos em obras e outros desvios, muitos comuns na gestão da coisa pública.
A Anac – Agência Nacional de Aviação Civil – completou um ano como substituta do DAC – em meio a críticas e suspeições sobre seus posicionamentos.
Há quase um ano, o país sofre os prejuízos do “apagão aéreo”, que transforma uma viagem em uma aventura.
Há dez meses, um avião da Gol caiu num estranho choque com outro, pilotado por dois norte-americanos, que desligaram o aparelho que poderia impedir o acidente e saíram ilesos.
Em suma: não é muito mistério a ser decifrado? Quando você estiver lendo esta coluna, estarei viajando a bordo de um aparelho igual ao que causou o maior acidente do Brasil. Como você acha que estarei fazendo esse vôo inadiável?
Bem, só falta agora culparem as rádios “piratas” pela tragédia.
Voltarei ao assunto, com certeza.
terça-feira, 17 de julho de 2007
PRESIDENTE DO STJ AUTORIZA ABORTO
Em decisão anunciada nesta quinta-feira, O ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, presidente do Superior Tribunal de Justiça, garantiu à gestante Rosane Ribeiro dos Santos, do Rio Grande do Sul, o direito de cometer aborto. Ela está grávida de uma criança portadora da fatal Síndrome de Meckel-Gruber, que corre risco de morrer em horas ou dias após o parto.
A defensoria pública do Rio Grande do Sul apresentou habeas-corpus ao STJ em favor da gestante. Além da letalidade confirmada da doença do feto por conta de uma patologia que não permite a sobrevivência, a saúde da gestante também corre sérios riscos.
A decisão enriquece a lista de casos já decididos pela Justiça, que repõe na mesa a discussão sobre a necessidade de uma revisão séria e profunda a respeito da questão do aborto.
O presidente do STJ foi claro, ao afirmar: ““Deixando de lado toda a discussão religiosa ou filosófica, e também opiniões pessoais, a questão toda gira em torno da inviabilidade de vida do feto fora do útero materno e de proteção à saúde física e psicológica da mãe”.
Nossa ciência já avançou bastante para demonstrar a tempo todo o sofrimento de uma mãe que dá à luz uma criança sem condições mínimas de sobreviver e, durante o período em que estiver “vegetando” será um exemplo vivo do sofrimento mais doloroso.
Ainda bem que o presidente do Superior Tribunal de Justiça teve a mesma coragem do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, quando julgou caso semelhante.
Porque, originalmente, o pedido foi indeferido nas duas primeiras instâncias. Os magistrados gaúchos concluíram pela impossibilidade jurídica do pedido. Diante disso, outro pedido, dessa vez no STJ, foi apresentado pela Defensoria. Cita, para dar suporte ao pedido, decisão do ministro Arnaldo Esteves Lima, que, apesar de não ter autorizada a interrupção devido ao fato de a gestação estar no final, se manifesta favoravelmente a interromper a gestação nesses casos. Além disso, no caso em questão, a gravidez se encontra na 26ª semana.
Ao apreciar o pedido, o ministro Barros Monteiro reconheceu ser plausível o pedido e o perigo da demora, o que justifica a concessão da liminar. Ele destaca o fato de haver comprovação da doença do feto e também da ameaça à saúde da mãe. O ministro levou em consideração parecer da procuradora de justiça no qual se afirma que o prognóstico dessa doença é de óbito em horas ou dias após o parto. O que você faria num caso dessa gravidade?
A defensoria pública do Rio Grande do Sul apresentou habeas-corpus ao STJ em favor da gestante. Além da letalidade confirmada da doença do feto por conta de uma patologia que não permite a sobrevivência, a saúde da gestante também corre sérios riscos.
A decisão enriquece a lista de casos já decididos pela Justiça, que repõe na mesa a discussão sobre a necessidade de uma revisão séria e profunda a respeito da questão do aborto.
O presidente do STJ foi claro, ao afirmar: ““Deixando de lado toda a discussão religiosa ou filosófica, e também opiniões pessoais, a questão toda gira em torno da inviabilidade de vida do feto fora do útero materno e de proteção à saúde física e psicológica da mãe”.
Nossa ciência já avançou bastante para demonstrar a tempo todo o sofrimento de uma mãe que dá à luz uma criança sem condições mínimas de sobreviver e, durante o período em que estiver “vegetando” será um exemplo vivo do sofrimento mais doloroso.
Ainda bem que o presidente do Superior Tribunal de Justiça teve a mesma coragem do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, quando julgou caso semelhante.
Porque, originalmente, o pedido foi indeferido nas duas primeiras instâncias. Os magistrados gaúchos concluíram pela impossibilidade jurídica do pedido. Diante disso, outro pedido, dessa vez no STJ, foi apresentado pela Defensoria. Cita, para dar suporte ao pedido, decisão do ministro Arnaldo Esteves Lima, que, apesar de não ter autorizada a interrupção devido ao fato de a gestação estar no final, se manifesta favoravelmente a interromper a gestação nesses casos. Além disso, no caso em questão, a gravidez se encontra na 26ª semana.
Ao apreciar o pedido, o ministro Barros Monteiro reconheceu ser plausível o pedido e o perigo da demora, o que justifica a concessão da liminar. Ele destaca o fato de haver comprovação da doença do feto e também da ameaça à saúde da mãe. O ministro levou em consideração parecer da procuradora de justiça no qual se afirma que o prognóstico dessa doença é de óbito em horas ou dias após o parto. O que você faria num caso dessa gravidade?
terça-feira, 10 de julho de 2007
OS EMPREGOS DO CORCOVADO
Só quero ver de que cartola vão tirar 250 mil empregos por conta da escolha de Cristo do Corcovado como uma das “7 novas maravilhas do mundo”. Pra mim, só se for por milagre.
Se isso acontecesse, até ficaria calado diante de uma seleção absolutamente fora de propósito. É verdade, desculpe, mas não se pode levar a sério uma avaliação internacional sobre os obras e monumentos históricos através de “votos” pela internet e celulares.
A ONU tem um órgão especializado em definir valores culturais e “patrimônios da humanidade”. São profissionais criteriosos que analisam tudo com o devido critério técnico. Esse órgão é a UNESCO, que desautorizou o tal concurso. De alguma forma, você deve ter ouvido falar dele.
Agora essa eleição foi o que o jornal espanhol EL MUNDO chamou de “Farsa Global”. Você votou no Cristo por “patriotismo”. Duvido que conheça os “concorrentes”. Votou no escuro, como torcedor. Aí não dá.
Acho que aprontaram mais uma para criar um sentimento de vitória em nosso país, onde a auto-estima está lá embaixo, devido à situação da maioria do povo – boa parte do qual vive da ajuda do “Bolsa-Família” – e a sucessão de notícias sobre as poucas e boas dos nossos políticos.
Nessas semanas de campanha, tive a nítida sensação do renascimento da “patriotata” que serve para manipular sentimentos e ufanismos diversionistas, sem conteúdo, numa afronta à própria noção do belo e maravilhoso.
Para mobilizar os brasileiros em torno dessa escolha, em que se poderia votar quantas vezes quisesse, uniram-se políticos, mídia e grandes empresas, todos visivelmente interessados em capitalizar em termos de suas próprias imagens.
O cara que bolou a definição das novas maravilhas mostrou que tinha talento fez uma tremenda festa para anunciar os escolhidos. Agora, você vai ficar acreditando que o nosso Cristo é uma das 7 maravilhas do mundo e durma-se com esse barulho.
Para nós, venderam a idéia do aumento de emprego e do turismo. Será? Estamos mesmos precisando, porque o número de visitantes cai de ano a ano. Mas, não vai ser isso que vai pesar na decisão dos turistas, principalmente estrangeiros. Como o Brasil é o que é, a festa continua até você acordar e descobrir que participou de uma escolha que só teria credibilidade se feita por quem é do ramo e tem todos os elementos de avaliação.
Se isso acontecesse, até ficaria calado diante de uma seleção absolutamente fora de propósito. É verdade, desculpe, mas não se pode levar a sério uma avaliação internacional sobre os obras e monumentos históricos através de “votos” pela internet e celulares.
A ONU tem um órgão especializado em definir valores culturais e “patrimônios da humanidade”. São profissionais criteriosos que analisam tudo com o devido critério técnico. Esse órgão é a UNESCO, que desautorizou o tal concurso. De alguma forma, você deve ter ouvido falar dele.
Agora essa eleição foi o que o jornal espanhol EL MUNDO chamou de “Farsa Global”. Você votou no Cristo por “patriotismo”. Duvido que conheça os “concorrentes”. Votou no escuro, como torcedor. Aí não dá.
Acho que aprontaram mais uma para criar um sentimento de vitória em nosso país, onde a auto-estima está lá embaixo, devido à situação da maioria do povo – boa parte do qual vive da ajuda do “Bolsa-Família” – e a sucessão de notícias sobre as poucas e boas dos nossos políticos.
Nessas semanas de campanha, tive a nítida sensação do renascimento da “patriotata” que serve para manipular sentimentos e ufanismos diversionistas, sem conteúdo, numa afronta à própria noção do belo e maravilhoso.
Para mobilizar os brasileiros em torno dessa escolha, em que se poderia votar quantas vezes quisesse, uniram-se políticos, mídia e grandes empresas, todos visivelmente interessados em capitalizar em termos de suas próprias imagens.
O cara que bolou a definição das novas maravilhas mostrou que tinha talento fez uma tremenda festa para anunciar os escolhidos. Agora, você vai ficar acreditando que o nosso Cristo é uma das 7 maravilhas do mundo e durma-se com esse barulho.
Para nós, venderam a idéia do aumento de emprego e do turismo. Será? Estamos mesmos precisando, porque o número de visitantes cai de ano a ano. Mas, não vai ser isso que vai pesar na decisão dos turistas, principalmente estrangeiros. Como o Brasil é o que é, a festa continua até você acordar e descobrir que participou de uma escolha que só teria credibilidade se feita por quem é do ramo e tem todos os elementos de avaliação.
domingo, 8 de julho de 2007
O “PAN” COMO REFERÊNCIA SOCIAL
Como já começou a contagem regressiva para o início dos nossos jogos pan-americanos, vale aqui um breve comentário. E um registro indispensável: independente da quantidade de medalhas que venha a obter, o Brasil já “entra em campo” vitorioso pelo sucesso previsível do evento, com o resgate real do prestígio internacional da cidade do Rio de Janeiro.
Para os nossos jovens e adolescentes, a realização dos jogos olímpicos regionais, com tantas modalidades esportivas, é uma oportunidade histórica. Serve para estimular o interesse por uma atividade que é inerente ao ser humano e que tanto reflete como compensa o nível social e cultural.
É claro que, como tudo que envolve interesses, essa competição tem uma história subterrânea que deverá ser apurada depois, tal a avalanche de denúncias, algumas já tornadas públicas pela revista “Caros Amigos”.
Mas a realização dos jogos que trazem atletas de 42 países ao Rio de Janeiro é uma boa oportunidade para entender a visão política de cada governo em relação aos esportes e a atenção que cada povo a essa ferramenta de “inclusão social”, como se cobra muito nestes dias magros em que vivemos.
A história do Pan até hoje tem sido a história da supremacia dos Estados Unidos, vencedor de todas as competições, com exceção de duas: a primeira, realizada na Argentina, em 1951, em caráter totalmente amador, e a de 1991, de Havana, quando Cuba obteve mais medalhas de ouro do que os norte-americanos.
Desde já, é preciso lembrar que não é a primeira vez que a competição se realiza no Brasil. São Paulo foi sua sede em sua quarta versão, em 1963. Mas então não houve a mobilização que hoje transforma o Rio em capital esportiva do mundo.
Eu estarei atento não apenas para torcer pelos atletas brasileiros. Vou querer entender o sucesso de Cuba, a segunda potência esportiva do Continente, apesar do bloqueio econômico e das dificuldades porque passa seu povo.
Esse desempenho é tão importante que vou entregar a Medalha do Mérito Pan-Americano à delegação cubana, iniciativa da Câmara Municipal, por indicação minha. O ato será nesta quarta-feira, ás 18 horas, na sedce da OAB (Rua Marechal Câmara) com a presença dos grandes atletas cubanos de todos os tempos e, naturalmente dos brasileiros, que são anfitriões. Você também está convidado.(9.7.07)
Para os nossos jovens e adolescentes, a realização dos jogos olímpicos regionais, com tantas modalidades esportivas, é uma oportunidade histórica. Serve para estimular o interesse por uma atividade que é inerente ao ser humano e que tanto reflete como compensa o nível social e cultural.
É claro que, como tudo que envolve interesses, essa competição tem uma história subterrânea que deverá ser apurada depois, tal a avalanche de denúncias, algumas já tornadas públicas pela revista “Caros Amigos”.
Mas a realização dos jogos que trazem atletas de 42 países ao Rio de Janeiro é uma boa oportunidade para entender a visão política de cada governo em relação aos esportes e a atenção que cada povo a essa ferramenta de “inclusão social”, como se cobra muito nestes dias magros em que vivemos.
A história do Pan até hoje tem sido a história da supremacia dos Estados Unidos, vencedor de todas as competições, com exceção de duas: a primeira, realizada na Argentina, em 1951, em caráter totalmente amador, e a de 1991, de Havana, quando Cuba obteve mais medalhas de ouro do que os norte-americanos.
Desde já, é preciso lembrar que não é a primeira vez que a competição se realiza no Brasil. São Paulo foi sua sede em sua quarta versão, em 1963. Mas então não houve a mobilização que hoje transforma o Rio em capital esportiva do mundo.
Eu estarei atento não apenas para torcer pelos atletas brasileiros. Vou querer entender o sucesso de Cuba, a segunda potência esportiva do Continente, apesar do bloqueio econômico e das dificuldades porque passa seu povo.
Esse desempenho é tão importante que vou entregar a Medalha do Mérito Pan-Americano à delegação cubana, iniciativa da Câmara Municipal, por indicação minha. O ato será nesta quarta-feira, ás 18 horas, na sedce da OAB (Rua Marechal Câmara) com a presença dos grandes atletas cubanos de todos os tempos e, naturalmente dos brasileiros, que são anfitriões. Você também está convidado.(9.7.07)
O ABSURDO CUSTO DA VIOLÊNCIA
Especialistas calculam em 32 bilhões de reais o custo anual da violência no Rio de Janeiro. A ser verdadeiro esse número, estaremos diante de uma despesa exorbitante, que representa três vezes mais do que a Prefeitura gasta com tudo, desde o pessoal, manutenção de hospitais e mais de mil escolas.
Segundo matéria do jornalista Todd Benson, da Agência Reuters (16/04/2007), citada em estudo do coronel José Vicente, ex-secretário Nacional de Segurança, o comércio, principalmente
ligado ao turismo, gastou 1,3 bilhão de dólares para reforçar suas condições de segurança,prejudicando investimentos e contratações.
Muitas empresas deixam de investir ou reduzem sua presença por questões associadas à violência. O inevitável noticiário
internacional sobre a violência no Rio acaba acarretando substancial perda de arrecadação com a limitação da exploração de seu enorme potencial turístico.
O coronel José Vicente enfatiza: “Após dois governos sucessivos com muitas promessas de controlar a violência, exibição de inovações inúteis, criação desnecessária de unidades especializadas, afastamento de grande número de efetivos das atividades policiais, o que se viu foi o enfraquecimento do policiamento do estado e o crescimento da ousadia dos grupos organizados e o aparecimento das milícias, submetendo a população mais pobre a confrontos cada vez mais freqüentes e violentos”.
O desempenho da Polícia Civil tem sido pífio, como se observa em estudo da antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda, presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP). Segundo esse estudo, sobre uma amostra de 385 casos de homicídios, apenas em 10 houve prisão em flagrante, raramente os policiais civis compareceram ao local do crime.
Levantamento feito pelo Ministério Público sobre inquéritos de homicídios concluiu que o índice de esclarecimentos fora dos casos de prisão em flagrante (em torno de 2%), foi de 1%, no crime que é o de mais fácil apuração.
Por aí se vê que segurança é ficção em nosso Estado. Quem quiser discutir a questão de segurança não pode se limitar a atitudes primárias, que dão mídia e mantêm acuadas as populações das comunidades pobres. Encontrará o caminho das pedras quem for fundo no desafio (8.7.07).
Segundo matéria do jornalista Todd Benson, da Agência Reuters (16/04/2007), citada em estudo do coronel José Vicente, ex-secretário Nacional de Segurança, o comércio, principalmente
ligado ao turismo, gastou 1,3 bilhão de dólares para reforçar suas condições de segurança,prejudicando investimentos e contratações.
Muitas empresas deixam de investir ou reduzem sua presença por questões associadas à violência. O inevitável noticiário
internacional sobre a violência no Rio acaba acarretando substancial perda de arrecadação com a limitação da exploração de seu enorme potencial turístico.
O coronel José Vicente enfatiza: “Após dois governos sucessivos com muitas promessas de controlar a violência, exibição de inovações inúteis, criação desnecessária de unidades especializadas, afastamento de grande número de efetivos das atividades policiais, o que se viu foi o enfraquecimento do policiamento do estado e o crescimento da ousadia dos grupos organizados e o aparecimento das milícias, submetendo a população mais pobre a confrontos cada vez mais freqüentes e violentos”.
O desempenho da Polícia Civil tem sido pífio, como se observa em estudo da antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda, presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP). Segundo esse estudo, sobre uma amostra de 385 casos de homicídios, apenas em 10 houve prisão em flagrante, raramente os policiais civis compareceram ao local do crime.
Levantamento feito pelo Ministério Público sobre inquéritos de homicídios concluiu que o índice de esclarecimentos fora dos casos de prisão em flagrante (em torno de 2%), foi de 1%, no crime que é o de mais fácil apuração.
Por aí se vê que segurança é ficção em nosso Estado. Quem quiser discutir a questão de segurança não pode se limitar a atitudes primárias, que dão mídia e mantêm acuadas as populações das comunidades pobres. Encontrará o caminho das pedras quem for fundo no desafio (8.7.07).
O “PAN” E OS PROBLEMAS DA PM
Numa hora em que a euforia dos jogos pan-americanos gera um clima de “internalização” do Rio de Janeiro por proveitosos 15 dias, as forças negativas parecem dispostas a trabalhar contra, causando prejuízos incalculáveis para a cidade.
De um lado, a inabilidade da cúpula da Segurança Pública e do próprio governador, que prometem novas cenas de guerra urbana para as próximas horas.
De outro, interesses corporativos que perdem a legitimidade quando aproveitam a expectativa para ameaçar tumultuar o ambiente do “Pan” a menos que sejam satisfeitos em suas pretensões, até cabíveis, mas em outro momento.
A inabilidade de que falo passa por tudo, como se estivéssemos entregues a um grupo de amadores e diletantes. A mais grave, como já disse, é essa opção precipitada pela “federalização” da segurança e o ostensivo desprestígio das tropas locais.
Aliás, há quem veja na importação de policiais de outros Estados, pagos a peso de ouro se comparados aos nossos, uma demonstração de desconfiança das autoridades máximas.
É como se nossos policiais militares estivessem irremediavelmente dominados por uma banda podre, que ninguém desconhece, e ameaçassem nos expor a vexames irreversíveis. Ou já fossem aliados incorrigíveis de tudo o que é ruim, de tal forma que já não podem ir sozinhos para as ações em que são escalados.
Estou muito à vontade para falar a respeito, porque nunca calei cada vez que determinado policial cometeu excessos e abusou da farda. Há um pessoal da pesada, sim, dentro dos quartéis. Tanto que só este ano 150 policiais já foram expulsos e é comum ver alguns deles envolvidos em delitos e cumplicidade.
Mas, com toda certeza, a grande maioria é formada por pessoas que incorporam com a melhor das intenções e prestam serviços aos cidadãos, independente do clima nervoso em que são as primeiras vítimas e dos vencimentos miseráveis, que os obrigam a correr atrás de bicos e complementações. Para você ter uma idéia, um PM fluminense ganham três vezes menos do que seu colega de Brasília.
Essa maioria quer agir na forma da Lei e cumprir honestamente suas obrigações. O problema está em cima, nesse clima beligerante e na imagem desgastada da instituição centenária. Eles pagam também pela falta de políticas coerentes de proteção ao cidadão, que não tem nada a ver com essa paranóia espetaculosa de confrontos e execuções(7.7.07).
De um lado, a inabilidade da cúpula da Segurança Pública e do próprio governador, que prometem novas cenas de guerra urbana para as próximas horas.
De outro, interesses corporativos que perdem a legitimidade quando aproveitam a expectativa para ameaçar tumultuar o ambiente do “Pan” a menos que sejam satisfeitos em suas pretensões, até cabíveis, mas em outro momento.
A inabilidade de que falo passa por tudo, como se estivéssemos entregues a um grupo de amadores e diletantes. A mais grave, como já disse, é essa opção precipitada pela “federalização” da segurança e o ostensivo desprestígio das tropas locais.
Aliás, há quem veja na importação de policiais de outros Estados, pagos a peso de ouro se comparados aos nossos, uma demonstração de desconfiança das autoridades máximas.
É como se nossos policiais militares estivessem irremediavelmente dominados por uma banda podre, que ninguém desconhece, e ameaçassem nos expor a vexames irreversíveis. Ou já fossem aliados incorrigíveis de tudo o que é ruim, de tal forma que já não podem ir sozinhos para as ações em que são escalados.
Estou muito à vontade para falar a respeito, porque nunca calei cada vez que determinado policial cometeu excessos e abusou da farda. Há um pessoal da pesada, sim, dentro dos quartéis. Tanto que só este ano 150 policiais já foram expulsos e é comum ver alguns deles envolvidos em delitos e cumplicidade.
Mas, com toda certeza, a grande maioria é formada por pessoas que incorporam com a melhor das intenções e prestam serviços aos cidadãos, independente do clima nervoso em que são as primeiras vítimas e dos vencimentos miseráveis, que os obrigam a correr atrás de bicos e complementações. Para você ter uma idéia, um PM fluminense ganham três vezes menos do que seu colega de Brasília.
Essa maioria quer agir na forma da Lei e cumprir honestamente suas obrigações. O problema está em cima, nesse clima beligerante e na imagem desgastada da instituição centenária. Eles pagam também pela falta de políticas coerentes de proteção ao cidadão, que não tem nada a ver com essa paranóia espetaculosa de confrontos e execuções(7.7.07).
INJUSTIÇAS QUE MINAM A PM
Ponha-se no lugar de um policial militar do Estado do Rio de Janeiro: enquanto ele está na linha de tiro, em ação ou em casa, por menos de R$ 1.000,00 de salário mensal, seus colegas da Força Nacional de Segurança acabam de ganhar um aumento de 100% nas diárias, conforme o decreto 6145/07, assinado pelo presidente Lula e publicado no Diário Oficial de quarta-feira.
Agora, além dos salários que recebem em suas corporações de origem, quase todos melhores do que os da PM fluminense (um dos mais baixos do país) os visitantes ganharão uma diária de R$ 230,00, casa, comida e roupa lavada.
Não pode haver maior inabilidade no trato com os policiais militares do Rio de Janeiro. Eu já demonstrei com números oficiais que há uma sobrecarga dos policiais lotados na capital – apenas 6 mil dos 35 mil, segundo o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança.
Agora, um grupo de nove coronéis está dirigindo manifesto ao governador Sérgio Cabral, no qual pede uma mudança séria na gestão da corporação, começando pelo fim dos desvios de função.
O manifesto pretende "resgatar a cidadania, a dignidade pessoal e profissional de todos nós, permitindo que possamos cumprir as nossas missões constitucionais, servindo e protegendo cada cidadão desse Estado, mesmo com o sacrifício de nossas vidas. Ressalte-se que as necessidades em questão não tiveram origem neste governo, pois trata-se de conseqüência de décadas de descaso; de falta de comprometimento de governantes e de Irresponsabilidade de inúmeras administrações”.
Assinam o documento os coronéis Hildebrando Esteves (diretor de Finanças), Paulo Ricardo Paul (corregedor), Gilson Pitta Lopes (chefe da P-2 do Estado Maior), Dario Cony dos Santos (comandante da Escola Superior de Polícia Militar), Rodolpho Oscar Lyrio Filho (comandante da Academia Dom João VI), Leonardo Passos Moreira (chefe do Centro de Comunicações e Informática), Francisco Viva (diretor de Apoio Logístico), Ronaldo Menezes (comandante do BPRV) e Renato Fialho Esteves (comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças).
Estamos, pois, diante de um quadro grave de descontentamento na área de segurança e isso tende a se refletir no ânimo de todos, com repercussão sobre a sociedade civil (6.7.07).
Agora, além dos salários que recebem em suas corporações de origem, quase todos melhores do que os da PM fluminense (um dos mais baixos do país) os visitantes ganharão uma diária de R$ 230,00, casa, comida e roupa lavada.
Não pode haver maior inabilidade no trato com os policiais militares do Rio de Janeiro. Eu já demonstrei com números oficiais que há uma sobrecarga dos policiais lotados na capital – apenas 6 mil dos 35 mil, segundo o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança.
Agora, um grupo de nove coronéis está dirigindo manifesto ao governador Sérgio Cabral, no qual pede uma mudança séria na gestão da corporação, começando pelo fim dos desvios de função.
O manifesto pretende "resgatar a cidadania, a dignidade pessoal e profissional de todos nós, permitindo que possamos cumprir as nossas missões constitucionais, servindo e protegendo cada cidadão desse Estado, mesmo com o sacrifício de nossas vidas. Ressalte-se que as necessidades em questão não tiveram origem neste governo, pois trata-se de conseqüência de décadas de descaso; de falta de comprometimento de governantes e de Irresponsabilidade de inúmeras administrações”.
Assinam o documento os coronéis Hildebrando Esteves (diretor de Finanças), Paulo Ricardo Paul (corregedor), Gilson Pitta Lopes (chefe da P-2 do Estado Maior), Dario Cony dos Santos (comandante da Escola Superior de Polícia Militar), Rodolpho Oscar Lyrio Filho (comandante da Academia Dom João VI), Leonardo Passos Moreira (chefe do Centro de Comunicações e Informática), Francisco Viva (diretor de Apoio Logístico), Ronaldo Menezes (comandante do BPRV) e Renato Fialho Esteves (comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças).
Estamos, pois, diante de um quadro grave de descontentamento na área de segurança e isso tende a se refletir no ânimo de todos, com repercussão sobre a sociedade civil (6.7.07).
ONDE ESTÃO NOSSOS POLICIAIS?
Considero da maior leviandade essa de dizer que os policiais da Força Nacional de Segurança, “ao contrário dos PMs do Rio” estão ganhando as simpatias das comunidades porque as tratam com maior respeito.
Isso é mais uma maneira de desmerecer o policial do nosso Estado e, ao mesmo tempo, tentar justificar os desnecessários altos gastos com os que vêm de fora com uma diária extra de R$ 120,00 e mais casa, comida e roupa lavada.
A grande maioria dos nossos policiais militares – grande maioria, mesmo – vem de comunidades de baixa renda e, na medida do possível, permanece psicologicamente fiel às suas origens.
O clima que se estabeleceu, por conta de toda uma circunstância incidental, é que está gerando acontecimentos abomináveis, muitas vezes com o sacrifício bestial de um cidadão pelo simples fato de portar uma carteira de PM.
Daí a tensão e o nervosismo, agravados pelas ordens de cima. Há hoje, infelizmente – para a insegurança de todos, inclusive de inocentes – um clima de guerra urbana. O soldado em si não escolhe as armas nem as regras do jogo. É jogado na frente do fuzil e ai de quem demonstrar insatisfação com a tarefa, por mais insensata que seja.
No entanto, é preciso que você saiba que não seria necessário gastar essa grana toda com a Força Nacional de Segurança se houvesse o mínimo de competência na gestão do pessoal da Polícia Militar fluminense.
O que eu vou dizer, você não vai acreditar, mas quem relatou por escrito foi um ex-secretário nacional, o coronel José Vicente da Silva Filho: o Rio de Janeiro, como “capital, com 37% da população do estado tem 16% do efetivo da PM. São apenas seis mil para o conjunto de 38 mil policiais militares do estado, evidenciando sérios problemas na distribuição dos efetivos que devem ser reparados. A capital concentra 50,8% do total anual dos registros policiais, 42% dos homicídios do estado e 64% dos furtos e roubos de veículos, bem como 64% dos assaltos a pedestres. Um dos fundamentos básicos de qualquer administração - e principalmente na estrutura policial - é a proporcionalidade de efetivos em relação à população e à incidência criminal, dois fatores que recomendam dotação maior que a média do estado para a cidade do Rio de Janeiro”.
Isso ninguém conta porque ninguém quer passar recibo de incompetente (5.7.07).
Isso é mais uma maneira de desmerecer o policial do nosso Estado e, ao mesmo tempo, tentar justificar os desnecessários altos gastos com os que vêm de fora com uma diária extra de R$ 120,00 e mais casa, comida e roupa lavada.
A grande maioria dos nossos policiais militares – grande maioria, mesmo – vem de comunidades de baixa renda e, na medida do possível, permanece psicologicamente fiel às suas origens.
O clima que se estabeleceu, por conta de toda uma circunstância incidental, é que está gerando acontecimentos abomináveis, muitas vezes com o sacrifício bestial de um cidadão pelo simples fato de portar uma carteira de PM.
Daí a tensão e o nervosismo, agravados pelas ordens de cima. Há hoje, infelizmente – para a insegurança de todos, inclusive de inocentes – um clima de guerra urbana. O soldado em si não escolhe as armas nem as regras do jogo. É jogado na frente do fuzil e ai de quem demonstrar insatisfação com a tarefa, por mais insensata que seja.
No entanto, é preciso que você saiba que não seria necessário gastar essa grana toda com a Força Nacional de Segurança se houvesse o mínimo de competência na gestão do pessoal da Polícia Militar fluminense.
O que eu vou dizer, você não vai acreditar, mas quem relatou por escrito foi um ex-secretário nacional, o coronel José Vicente da Silva Filho: o Rio de Janeiro, como “capital, com 37% da população do estado tem 16% do efetivo da PM. São apenas seis mil para o conjunto de 38 mil policiais militares do estado, evidenciando sérios problemas na distribuição dos efetivos que devem ser reparados. A capital concentra 50,8% do total anual dos registros policiais, 42% dos homicídios do estado e 64% dos furtos e roubos de veículos, bem como 64% dos assaltos a pedestres. Um dos fundamentos básicos de qualquer administração - e principalmente na estrutura policial - é a proporcionalidade de efetivos em relação à população e à incidência criminal, dois fatores que recomendam dotação maior que a média do estado para a cidade do Rio de Janeiro”.
Isso ninguém conta porque ninguém quer passar recibo de incompetente (5.7.07).
FORA DA LEI NÃO HÁ SALVAÇÃO
Que eu saiba, ninguém pediu para a polícia enfrentar os bandidos com pétalas de rosa e pó de arroz. Desafio a quem quer que seja que arranque coisa parecida dos que não aceitam que tratem as comunidades pobres – favelas e conjuntos habitacionais – como se todos tivessem devendo algum coisa.
Definitivamente, é preciso deixar claro que não há nenhuma pessoa de bem defendendo a impunidade de criminosos – sejam os dos morros ou os de colarinho branco, do Planalto Central.
Para levantar a voz contra os transgressores da Lei nos morros, seria aconselhável que nossos respeitáveis dirigentes fossem igualmente rigorosos com os ladrões dos dinheiros públicos, os titulares de um tráfico igualmente nocivo para o país – o tráfico de influências.
O que está acontecendo no Senado Federal, a mais importante casa do Poder Legislativo, deixa todo mundo na maior saia justa. Ali, à luz do dia, estão fazendo todo tipo de manobra para livrar a cara do seu presidente, o senador Renan Calheiros, que se valia de um lobista da empreiteira Mendes Junior para pagar a pensão de uma filha com a ex-amante Mônica Veloso.
Por causa do indefensável de seu delito, já renunciaram dois relatores no Conselho de Ética e já caiu um presidente, substituído por outro que responde a processo por apropriação de dinheiro público.
Nesse caso, estão cultivando pétalas de rosas e muito pó de arroz, pois, como disse o Roberto Jefferson , Renan Calheiros tem muita gente na mão. Se ele rodar, não roda sozinho.
Pior é a situação do senador Joaquim Roriz, quatro vezes governador de Brasília. Pegaram o homem ao telefone falando da divisão de uma propina de 2 milhões: um cheque do Banco do Brasil descontado no Banco de Brasília por seu presidente, homem de confiança de Roriz, que está em cana.
Eu não justificaria um crime, mostrando outro, que isso não tem sentido, não ajuda. Mas o que quero é que a lei seja aplicada por igual em todos os casos, sem discriminação de natureza alguma.
A Lei ainda é a maior arma para dar um basta nos delitos de quem quer que seja. Nossa legislação, aliás, é farta e até permissiva. Mas fora da Lei não há salvação.
O arbítrio que se comete contra uns põe em risco a vida dos demais. A tolerância que se pratica em relação a uns dá asas a outros(4.7.07).
Definitivamente, é preciso deixar claro que não há nenhuma pessoa de bem defendendo a impunidade de criminosos – sejam os dos morros ou os de colarinho branco, do Planalto Central.
Para levantar a voz contra os transgressores da Lei nos morros, seria aconselhável que nossos respeitáveis dirigentes fossem igualmente rigorosos com os ladrões dos dinheiros públicos, os titulares de um tráfico igualmente nocivo para o país – o tráfico de influências.
O que está acontecendo no Senado Federal, a mais importante casa do Poder Legislativo, deixa todo mundo na maior saia justa. Ali, à luz do dia, estão fazendo todo tipo de manobra para livrar a cara do seu presidente, o senador Renan Calheiros, que se valia de um lobista da empreiteira Mendes Junior para pagar a pensão de uma filha com a ex-amante Mônica Veloso.
Por causa do indefensável de seu delito, já renunciaram dois relatores no Conselho de Ética e já caiu um presidente, substituído por outro que responde a processo por apropriação de dinheiro público.
Nesse caso, estão cultivando pétalas de rosas e muito pó de arroz, pois, como disse o Roberto Jefferson , Renan Calheiros tem muita gente na mão. Se ele rodar, não roda sozinho.
Pior é a situação do senador Joaquim Roriz, quatro vezes governador de Brasília. Pegaram o homem ao telefone falando da divisão de uma propina de 2 milhões: um cheque do Banco do Brasil descontado no Banco de Brasília por seu presidente, homem de confiança de Roriz, que está em cana.
Eu não justificaria um crime, mostrando outro, que isso não tem sentido, não ajuda. Mas o que quero é que a lei seja aplicada por igual em todos os casos, sem discriminação de natureza alguma.
A Lei ainda é a maior arma para dar um basta nos delitos de quem quer que seja. Nossa legislação, aliás, é farta e até permissiva. Mas fora da Lei não há salvação.
O arbítrio que se comete contra uns põe em risco a vida dos demais. A tolerância que se pratica em relação a uns dá asas a outros(4.7.07).
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