quinta-feira, 6 de setembro de 2007

UM ATENTADO ESCLARECEDOR

As primeiras declarações do delegado Alexandre Netto sobre o atentado de que foi vítima em Copacabana apontam para o que todo mundo já supunha: os mandantes do crime podem ser colegas graúdos e isso vai abrir uma nova discussão sobre as várias “bandas” do aparelho policial.
Ele apontou nominalmente como suspeitos três dos seus desafetos, os deputados Álvaro Lins, Marina Magessi e o ex-diretor do Instituto Médico Legal, Roger Ancillotti. E não ficou só nisso. Disse ainda que o atual chefe de Polícia, Gilberto Ribeiro, queria puni-lo em função do documento que encaminhou à Secretaria de Segurança, questionando o desvio de função do ex-diretor do Instituto Médico Legal (IML) Roger Ancillotti.
“Por trás disso existem pessoas poderosas, com interesses políticos. Tenho pena porque eles serão cobrados por terem feito um serviço malfeito. Nem voltaram para o ‘confere’ (ver se a vítima estava morta). Se não forem cobrados por quem patrocinou, serão pela Justiça” – fez questão de enfatizar.
O delegado confirmou que esteve na Polícia Federal para ratificar informações contra o grupo de policiais, ligados a Álvaro Lins, que teriam envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Ele contou ainda que, mês passado, discutiu asperamente com o ex-chefe na Alerj.
Independente de conflitos de ordem pessoal, o que o delegado da DAS tem a dizer é muito grave. É vasta a coleção de acusações contra certos policiais que estiveram à frente da instituição, principalmente partindo da Policia Federal. Alguns dos auxiliares íntimos do chefe de polícia, agora deputado, foram presos, pilhados em gravações comprometedoras.
Toda vez que se chega perto da verdade, que a opinião pública imagina a possibilidade de uma depuração moralizadora no aparelho policial aparece sempre uma turma de bombeiros e nada avança.
Isso se reflete com toda certeza na própria sociedade, que vai perdendo a confiança na sua polícia e tende a recorrer cada vez mais a seguranças privadas. Hoje, para cada policial militar há pelo menos 3 seguranças particulares.
O delegado Alexandre Netto não era o único visado por grupos da pesada. Ele, pelo que se diz, tem a maior coleção de desafetos. Mas alguns policiais que pretendem agir profissionalmente se consideram na mira dos maus colegas. E isso é uma ameaça que atinge a todos, policiais ou não.

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