Como hoje as atenções do país se voltam para a Brasília, onde o Senado decidirá se mantém o mandato de seu presidente, acusado por todos os lados, faço questão de repetir o que escrevi há exatamente um mês. Veja o que há quarenta dias eu já dizia:
Nós bem que merecíamos mais respeito. Essa novela que envolve o sr. Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, só não chega ao fim com a cassação do seu mandato porque aquela turma de Brasília não está nem aí para o que pensa o povo.
E, como se todos nós fôssemos dotados de um nível de tolerância sem limites, como se nenhum de nós déssemos qualquer importância aos destinos do país, vão empurrando cada crise com a barriga, à espera de que uma outra que ponha as demais debaixo do tapete.
Onde eles querem chegar, todo mundo sabe. O senador alagoano já mostrou que não pretende cair sozinho. Por mais de uma vez, deixou claro que não é o único pecador. E que, ao contrário de outros, vai usar do que sabe para manter-se no cargo e no mandato, sem os quais acha que ficará mais exposto, pois perderá a blindagem dessa absurda imunidade parlamentar.
Enquanto ele paralisa o Senado com a encenação de sua novela, a política vai descendo ladeira abaixo. A cada semana, aparece mais uma denúncia contra ele, cada uma mais braba do que a outra.
E o pior: não sei porque cargas dágua, o pessoal do governo ainda não se convenceu que comete uma perigosa imprudência, ao se colocar do seu lado, procurando um jeito qualquer de livrar sua cara.
É preciso ser muito míope para tentar garantir ainda alguma sobrevida a ele. Renan já é investigado Conselho de Ética do Senado por suspeitas de pagar pensão à ex-amante Mônica Veloso, com quem tem uma filha, com dinheiro de uma empreiteira; e por suposto uso do cargo para beneficiar a cervejaria Schincariol em relação ao fisco. A empresa, em troca, teria concordado com m preço superfaturado na compra de uma fábrica de refrigerantes da família Calheiros em Alagoas. Outra denúncia pode chegar ao conselho, se a Mesa Diretora acatar o pedido de investigação protocolado pelo DEM. Segundo Veja, Renan teria usado laranjas para comprar duas rádios em seu Estado, com dinheiro não declarado à Receita.
Não será novidade se aparecerem mais acusações. Talvez seja por saber disso, que exagerou na dose no uso e abuso de suas credenciais para tirar proveito, que ele prefere desafiar o país e pagar para ver, não importa o preço para a própria instituição legislativa. Com que moeda, esse é o problema.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
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