segunda-feira, 17 de setembro de 2007

JACAREZINHO À ESPERA DO MINISTRO

Na sexta-feira, dia 14, os moradores do Jacarezinho esperavam a visita do ministro das Cidades, Márcio Fortes, uma das autoridades que estavam no trem atacado quando passava pela comunidade.
Ele havia sido convidado pelo presidente da Associação de Moradores, Edvaldo Silva Oliveira, que queria demonstrar a verdadeira natureza daqueles milhares de cidadãos excluídos, aproveitando para formular algumas reivindicações junto a uma autoridade federal.
O ministro agendara a visita para as 9 horas daquele dia. No entanto, à noite, mandara avisar da impossibilidade de realizá-la, conforme o combinado, devido a problemas na agenda. Ele não pôde ir ao Jacarezinho, mas, duas horas depois, estava no Palácio Guanabara, em reunião com o governador Sérgio Cabral.
Isso, porém, não desanimou os líderes da comunidade. Vado, como é tratado carinhosamente o presidente da associação, foi até o Palácio e obteve a promessa de uma nova agenda.
O que parece ter dificultado a visita foi a garantia de que o ministro não precisaria de segurança policial para visitar a comunidade. Ele, que é carioca, optou por essa visita sem aparato policial de cobertura, mas provavelmente as autoridades da área insistiram em apontar riscos.
De qualquer forma, a simples intenção do ministro Márcio Fortes já mudou um pouco o discurso oficial em relação ao Jacarezinho. Eu mesmo posso garantir, pelos 25 anos de convivência com a comunidade de quase 70 mil moradores, que ninguém será molestado no exercício de uma obrigação: conhecer de perto problemas que se acumulam e que só são vistos em anos eleitorais.
Aliás, neste sábado, estive pessoalmente no Jacarezinho e no conjunto onde foram reassentadas pela Prefeitura 96 famílias retiradas da beira da linha fé
Fiquei sabendo que até hoje a CEDAE ainda não agiu para pôr em funcionamento a caixa dágua com capacidade de 250 mil litros, construída pela Prefeitura dentro do projeto favela-bairro, pelo qual tanto briguei. O verão está chegando e já hoje está faltando água até na Praça da Concórdia, onde nunca isso ocorreu antes.
Da mesma forma, a Casa da Paz, um projeto que tinha dado certo, ainda não foi reativada. Ela recebia mais de 500 pessoas por dia e incluía cursos de qualificação de jovens. Agora, a expectativa dos moradores é um café da manhã na Igreja católica, com a presença do subsecretário de Governo do Estado, Rodrigo Bethlem. Está mesmo na hora do poder público apresentar novos protagonistas àquela comunidade proletária.

Nenhum comentário: