domingo, 20 de abril de 2008

O terror dos aloprados num hospital do Ministério da Saúde

Ministro Temporão: demitir o diretor aloprado é a única resposta ao vexame no Hospital Cardoso Fontes
MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 21 DE ABRIL DE 2008
“Chamaram a Polí­cia para levar o Menezes! E o Menezes foi para a 41ª DP!”
Comentário de uma médica, na noite de terror de quarta-feira, 14 de abril de 2008.
No Hospital Cardoso Fontes desde 1975, quando a unidade de doenças respiratórias do extinto IAPB foi transformada no Hospital Geral de Jacarepaguá, o gastroenterologista José Geraldo Menezes jamais imaginou que, no limiar dos 60 anos, fosse ser submetido a um verdadeira tortura psicológica, com sua condução a uma delegacia policial sob a acusação de que os medicamentos que tinha em seu poder teriam sido roubados.
Nem ele imaginou cena tão constrangedora, grotesca e humilhante, nem seus colegas de trabalho, que aprenderam a admirá-lo por sua conduta discreta e ilibada à frente do serviço de endoscopia digestiva daquele hospital do Ministério da Saúde.
Nem seus colegas, nem eu, que julgava ter ajudado a sepultar aquele período trágico de perseguições brutais, do qual fui uma das grandes vítimas. O que aconteceu na obscura noite de quarta-feira, 16 de abril de 2008 na maior e mais importante unidade hospitalar de Jacarepaguá supera em desrespeito às normas elementares do direito a tudo o que se viveu no Brasil, mesmo no regime de exceção.
Neste momento, antes de começar a contar a história suja de uma unidade do Ministério da Saúde que foi entregue a um médico indicado por “deputado da base aliada” com reduto na Beija-Flor de Nilópolis, gostaria de adivinhar o que passa pela cabeça do ministro José Gomes Temporão.
Tenho certeza de que ele teve de engolir a mudança imposta ao principal hospital de uma região onde vivem 407 mil pessoas. Afinal, embora seja um sanitarista competente, de idéias arrojadas, ele não tem cacife político próprio. Foi feito ministro depois de uma batalha surda, em que o presidente Lula pediu ao governador Sérgio Cabral que o apadrinhasse, diante das pressões dos interesses espúrios que fizeram do Ministério da Saúde o antro preferencial dos sanguessugas e outros espoliadores do dinheiro público.
Gostaria de saber porque apostei todas as minhas fichas na gestão do ministro José Gomes Temporão, acreditando nos seus propósitos ousados de reformular as políticas de saúde pública num país doente pela incúria das autoridades, embora o setor tenha a rubrica mais robusta dos orçamentos da União, mesmo sem a CPMF.
Tanto assim que me dei ao trabalho de escrever diretamente ao ministro, alertando para o clima de revolta provocado pelos ALOPRADOS que assumiram o Cardoso Fontes sem nunca sequer ter passado por sua portaria, no sopé da Serra dos Três Rios.
Se o médico José Gomes Temporão omitir-se diante do vexame a que o diretor Raymond Jabra Jacoub submeteu seu colega José Geraldo Menezes, será difícil para ele entender-se daqui para a frente com sua própria categoria.
Se tentar fazer a única coisa que lhe cabe – livrar o hospital dessa figura despreparada para tamanha responsabilidade – e ceder aos interesses políticos do “grupo de Nilópolis”, aí sua condição de MINISTRO DA SAÚDE estará totalmente abalada. Mais dia, menos dia, ele será descartado do cargo ao qual vinha emprestando o melhor do seu inegável talento.
A noite de terror
Para você ter uma idéia do que estou falando, transcrevo aqui a narração da noite de terror vivida pelo médico José Geraldo Menezes, que tem despertado o ódio do diretor Raymond Jabra Jacoub por assumir, com sua autoridade moral, a liderança do movimento contrário ao loteamento político da unidade.
Veja o que escreveu em e-mail ao ministro a funcionária Christiane Gerardo Neves, diretora do SINDSPREV-RJ:
“Ontem, dia 16/04 às 20hs fomos surpreendidos pela acusação desferida pelo diretor Raymond Jacoub ao nosso presidente do corpo Clinico, Dr. José Geraldo Menezes, de FURTO DE MEDICAMENTOS DO HOSPITAL. O diretor acionou a policia para o Doutor José Geraldo, que foi encaminhado a 41 DP.
Assim que foi abordado pelo Segurança da unidade (na saída) e pelo diretor do hospital, Dr. Menezes afirmou possuir notas ficais da medicação deixada pelo sócio na unidade, afirmou que poderia deixar em posse da direção a medicação e buscar as notas fiscais. Porém, nenhum argumento foi suficiente para convencer Raymond Jacoub e seu vice que chegou a afirmar que com eles “não tinha safadeza” e ele iria ter que se explicar na delegacia.
Desta forma, na frente de sua esposa, filhas e neto, e amigos que a esta altura já estavam mobilizados, Dr. Menezes, cabeça branca pela sua experiência, quase 30 anos de serviço dedicados ao público, foi encaminhado para a delegacia, aonde seu sócio se encaminhou posteriormente não só com todas as notas fiscais da medicação, como também documentação da empresa aonde foi comprada a medicação, o que fez um homem já avô, de mais de cinqüenta anos, CHORAR EMOCIONADO E CONSTRANGIDO PELA VIOLÊNCIA QUE ESTAVA PASSANDO INJUSTAMENTE, violência esta que só pode se caracterizada de uma forma: PERSEGUIÇÃO POLITICA DA PIOR ESPÉCIE".

Perseguição primária
O mais grave em todo esse espetáculo lamentável é que o antigo servidor foi virtualmente detido por conduzir medicamentos, sem que o diretor sequer houvesse verificado se os mesmos faziam parte do estoque hospitalar.
Para acusar alguém de furto, em primeiro lugar, um gestor equilibrado teria que constatar o desaparecimento dos produtos. Ainda que o médico não houvesse mostrado as notas fiscais, o que fez em meio a um grande constrangimento, ele não poderia ser incriminado pela simples posse de medicamentos vendidos comercialmente, sem que o Hospital provasse, ele sim, serem de seu almoxarifado.
Se não fosse inapto para função de tamanha responsabilidade, passível até de perda do seu registro no Conselho Regional de Medicina, o diretor Raymond Jabra Jacoub teria em primeiro lugar que se informar sobre eventual desfalque de medicamentos, identificando os mesmos.
Ele jamais poderia submeter a tamanho e tão marcante constrangimento um colega que, ao contrário dele, faz parte do corpo médico do Cardoso Fontes há 32 anos, ocupando funções em que granjeou o respeito de todos por sua conduta ilibada.
O que esse ensandecido diretor quis foi aproveitar a situação para golpear moralmente o colega, imaginando que, embora convicto de sua probidade, ele não tivesse como provar a aquisição dos medicamentos.
Como esta violência é o ápice de uma seqüência de arbitrariedades, que incluiu tentativas de transferências de médicos indispensáveis, o Hospital declarou greve a partir do dia 24, limitando o atendimento aos casos de dengue, às emergências, aos programas especiais e pacientes já agendados.
Independente do movimento, só espero do ministro Temporão a imediata demissão do diretor Jacoub e a devolução da direção à comunidade hospitalar, até porque, neste momento, a mudança só ocorreu porque a unidade passará a ter autonomia administrativa e uma previsão de R$ 37 milhões para suas despesas.
coluna@pedroporfirio.com

2 comentários:

Amarcix disse...

Parabéns pela Coluna.
Você é o 1º órgão de imprensa que
denuncia as arbitrariedades que estão sendo cometidas pela atual
administração do Hospital Cardoso Fontes, nomeada de forma vergonhosa pelo Ministro Temporão.
Não que a Imprensa como um todo não
saiba o que está acontecendo.
Ela sabe muito bem como o Diretor
conseguiu entrar no Hospital, eles
estavam lá para divulgar. (Um vídeo está no link: http://www.sinmedrj.org.br/avisos/2008/200803_cardosofontes.wmv) Apenas não o fizeram porque está comprada, ou melhor vendida, macomunada com o poder político, só divulgando aquilo que é do interesse das elites dominantes.
Mas, exceções existem, Pedro Porfírio, jornalista independente, comprometido apenas com a verdade e justiça é a luz no fim do túnel. Não é o grito dos corruptos, dos sem caráter, e sem
ética. É o não silêncio dos Bons se manifestando, é palavra de Pedro Porfírio em nome da
justiça e liberdade.
A denúncia contra essa politicagem patrocinada pelo PMDB/PT (Sergio Cabral/Lula) foi estampada em dois órgãos da nossa Imprensa. Agora a coisa é pública.
O movimento contra essa direção é irreversível. Cruzaremos os braços a partir de 24/04/08, só atendendo emergências, Dengue e Câncer. A volta ao trabalho acontecerá com a vitória do
Corpo Clínico, ou seja, quando forem demitidos aqueles que foram nomeados de forma
espúria.

Anônimo disse...

Impossível. Raymond, é um dos melhores angiologistas do Brasil e, é famosíssimo por sua honestidade e competência. O texto está péssimo e, sobretudo, tendencioso.