quinta-feira, 3 de abril de 2008

Médicos cubanos contra a dengue no Rio de Janeiro

Crianças cubanas livres da dengue, apesar da guerra biológica dos EUA
MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 4 DE ABRIL DE 2008
Não acredito que o governador Sérgio Cabral vá levar adiante seu anúncio de que chamará médicos de Cuba para ajudar no combate a dengue aqui, no Rio de Janeiro.
Mas se ele fizer isso, estará tomando uma das raras atitudes lúcidas do seu governo, porque a ilha de Fidel Castro tem os maiores especialistas no combate a esse mosquito, que se manifestou lá pela primeira vez de forma mortal em 1981, no contexto da guerra bacteriológica dos Estados Unidos contra Fidel.
Naquele ano, depois de produzir a peste suína na ilha, que obrigou ao sacrifício de 500 mil porcos, os agentes de espionagem dos EUA introduziram em Cuba a dengue hemorrágica (tipo 2), importada da Tailândia e das Filipinas, na Ásia, onde aparecera na década de cinqüenta.
Embora, desde 2003, Cuba tenha sido declarada pela Organização Mundial da Saúde como a única área livre da dengue no Caribe e América Central, para chegar a esse status, o governo cubano fez das tripas coração, com uma mobilização gigantesca no ano da epidemia de 10 mil agentes de saúde e de toda a eficiente estrutura do médico de família, de resto a uma resposta consistente para os problemas de saúde pública.
Aliás, por falar em médico de família, aquele que cuida de você para não ficar doente, devo lembrar que os cubanos deram uma excelente contribuição no Estado de Tocantins, para onde 700 deles foram contratados pelo governador Siqueira Campos, um conservador que sabe que em saúde não pode haver politicagem, nem discriminação ideológica.
No entanto, como eles estavam afetando os interesses da indústria da doença, que movimenta bilhões de reais, sofreram uma pressão direta encabeçada pela direção do Conselho Regional de Medicina de lá. E num dia, sem mais, nem menos, foram mandados de volta sem sequer um muito obrigado.
Aqui no Rio, os médicos cubanos já prestaram sua valiosa contribuição em 1987. A ajuda que deram foi considerada altamente positiva pelo médico Rivaldo Venâncio da Cunha, que naquele ano integrava a equipe coordenadora do combate á dengue na Secretaria Estadual de Saúde.
Isso não é novidade: hoje há mais de 30 mil médicos cubanos prestando serviços de solidariedade em cerca de 70 países. Eu mesmo vi o resultado desse trabalho nos bairros pobres de Caracas.
Para finalizar, por hoje: . Mais de 99,1% da população está coberta com um médico e uma enfermeira da família. No geral, há um médico para cada 100 pessoas em Cuba. A mortalidade infantil e a expectativa de vida em Cuba são, respectivamente, 5,4% por mil nascidos vivos e 77 anos, índices superiores ao de países como Estados Unidos, Japão e Dinamarca, segunda a UNESCO.
coluna@pedroporfirio.com

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