domingo, 20 de abril de 2008

Hospital Federal pára contra abusos e indignidades do diretor imposto por acordo político

MINHA COLUNA NO POVO DO RIO DE 21 DE ABRIL DE 2008
A partir da próxima quinta-feira, de 24, os médicos e demais profissionais de saúde do Cardoso Fontes, o maior e mais importante hospital geral de Jacarepaguá, reduzirão ao emergencial e aos casos de dengue o seu atendimento ao público, numa espécie de greve seletiva.
O movimento só terá fim com a demissão do diretor Raymond Jabra Jacoub, imposto ao hospital para atender a acordo político com a “base governista” de Nilópolis, onde pontifica o conhecido Anísio Abraão, cuja família é representada pelo deputado federal Simão Sessin, do PP, o mesmo partido de Maluf.
Desde que chegou ao Cardoso Fontes com uma equipe levada de Nilópolis, esse diretor vem metendo os pés pelas mãos, numa sucessão de atos de perseguição jamais imaginados nos tempos de hoje.
Sua última façanha, que provocou a revolta dos profissionais de saúde de todo o Estado e da comunidade de Jacarepaguá, onde moram 407 mil pessoas, foi “prender” e levar para a 41ª DP, o médico José Geraldo Menezes, presidente do Corpo Clínico e Assistencial do hospital, com a suspeita irresponsável de que os medicamentos que ele transportava em seu carro, na noite do dia 16 de abril, seriam roubados.
O ato leviano, típico de um desequilibrado, traumatizou toda a comunidade hospitalar. Só na delegacia, quando o médico Thiago Tatagiba, chegou com as notas fiscais referentes aos medicamentos, o diretor foi desmascarado em sua tentativa de desmoralizar um dos mais respeitados profissionais do Cardoso Fontes, que tem participado da indignação de todos com o loteamento político dessa unidade do Ministério da Saúde.
Antes, esse mesmo diretor havia transferido por pura perseguição três médicas importantíssimas na vida do hospital, a ex-diretora Zileide Fernandes, com quase trinta anos de casa, e duas incansáveis coordenadoras das ações de combate à dengue, numa hora em que a população mais precisava delas.
Consciente do momento que vive a cidade, o comando de greve estabeleceu os termos da paralisação, que não prejudicará o atendimento prioritário e incondicional à dengue, a emergência, os programas especiais de imunodeficiência, odontologia, oncologia e hemodiálise, bem como os exames diagnósticos que exigem preparo e as consultas ambulatoriais já agendadas.
Escrevi amplo relato ao ministro José Gomes Temporão, que você poderá ler em http://pedroporfirio.blogspot.com/. Mais informações sobre o protesto, você terá também pela Internet em http://colunaporfirio.blogspot.com/. Se o ministro Temporão, formado no ambiente de alto nível da Fundação Oswaldo Cruz, tiver o mínimo de autonomia, com certeza ele demitirá esse aloprado que só foi conhecer o Cardoso Fontes no dia de tomar posse.
Nós não podemos aceitar mais que direções de hospitais sejam negociadas no espúrio dá-lá toma-cá da “governabilidade”.
coluna@pedroporfirio.com

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