segunda-feira, 7 de abril de 2008

Por que a dengue só mata os pobres?

Vamos e venhamos, mas estão querendo transformar essa epidemia da dengue numa guerra política insana, em que não falta a colaboração de juízes para os quais é muito fácil da noite para dia colocar 100 postos de saúde funcionando 24 horas por dia com funcionários tirados não sei da onde.
Eu não estou aqui para fazer a defesa do prefeito Cesar Maia. Ele tem sua responsabilidade, pela resistência ao programa do médico da família. Mas quem pode atirar a primeira pedra? O governador, o ministro da Saúde?
Menos. Todos temos nossa parcela de culpa nessa epidemia, que mata sempre na população pobre. Ou você conhece algum rico que tenha perdido alguém em conseqüência da dengue hemorrágica?
E olha que os hospitais particulares não estão diferentes dos hospitais públicos em matéria de fila. Tem um bonitão na Barra da Tijuca que já era um sufoco sem dengue. Com ela, ficou inviável apesar da grana preta que a gente gasta com os planos de saúde.
É curioso que ninguém tenha ido à Justiça para obrigar os milhões de pagadores da medicina de grupo a terem um atendimento decente. Outro dia mesmo, vi uma reportagem que um pai levou a filha a três clínicas particulares.
Na segunda, diagnosticaram a dengue. Na terceira, onde haveria recursos médicos para internação, a atendente mandou a menina ficar na fila. Duas horas depois, estava morta. E isso nossa santa imprensa não dá destaque, sabe Deus porque.
Na verdade, tá todo mundo perdido, sem saber o que fazer. O que pareceu melhor foi a atuação organizada e disciplinada das tendas montadas pelas Forças Armadas. Aí. A gente fica devendo mais essa, porque, na verdade, os nossos militares estão ganhando uma miséria e no quartel não tem moleza.
Eu, particularmente, estou no limite da minha capacidade de tolerar tanta irresponsabilidade no trato com os problemas do povo. Não sei quem é mais cínico nessa farsa grotesca, que faz o Rio de Janeiro viveu como nos tempos da gripe espanhola. Meus Deus!
Está na hora da gente entender que o Brasil é um dos campeões mundiais de arrecadação de impostos. É tributo para tudo quanto é lado. Imposto é uma coisa que você paga até dormindo.
E, que eu saiba, essa arrecadação daria para estabelecer aqui um modelo de saúde pública, que pelo menos chegasse aos pés de Cuba, o país bloqueado economicamente pelo gigante do Norte, que passa muitas vezes a pão e a água, mas que tem índices de saúde melhores do que os grandes do primeiro mundo.
Por quê? Decididamente, por essa incúria generalizada, o povo vai acabar correndo atrás de um médico para prefeito. O que não será nada mal, desde que ele (ou ela) esteja disposto a encarar os sanguessugas da indústria das doenças.
coluna@pedroporfirio.com

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Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Pedro,


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Um forte abraço.