MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 11 DE ABRIL DE 2008
Não há nada mais abominável do que a homofobia. Ela é tão hedionda como o racismo. Eu não sei porque ninguém apresentou projeto ou emenda constitucional definindo o assassinado de pessoas por sua orientação sexual como crime hediondo.
Faço essas observações a propósito do levantamento divulgado nesta terça-feira pelo Grupo Gay da Bahia, segundo o qual 122 homossexuais foram assassinados em 2007 no Brasil (um crime para cada três dias), o que representa um aumento de 30% em comparação a 2006. De acordo com o GGB, responsável pela estatística, do total e mortos, 27% eram travestis e 3% eram lésbicas.
Desde 1980, quando o GGB foi fundado, até o ano passado, 2.647 homossexuais foram mortos no país - a maioria das vítimas tinha entre 20 e 40 anos.
Esses números, que por si já são um atestado de intolerância e de insanidade brutal, não refletem toda a realidade. Segundo Luiz Mott, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia e um dos fundadores do GGB, o total de assassinatos é ainda maior do que a estatística oficial. "Muitas famílias, por vergonha, não admitem que os seus filhos sejam gays. A nossa contabilidade está baseada em pesquisas feitas por outras organizações que lutam pelos direitos dos homossexuais em delegacias e entidades de direitos humanos", acrescentou.
No levantamento, a entidade baiana mostra as profissões homossexuais de maior risco: profissionais do sexo, professores, cabeleireiros e vendedores ambulantes. Luiz Mott disse também que 80% dos homossexuais foram mortos dentro de casa, por facadas ou estrangulamento. Já os travestis são mortos a tiros, por motoqueiros, na maior parte dos casos. "O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, seguido pelo México e os Estados Unidos", afirmou Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.
Pela primeira vez, desde que os crimes contra homossexuais começaram a ser catalogados pelo GGB, a Bahia lidera o ranking.no ano passado foram assassinados 18 gays no Estado. O Nordeste também é a região mais violenta, com 60% dos homicídios, seguida pelo Centro-Oeste, com 17%.
É lamentável que esses índices estejam relacionados com fatores culturais cristalizados por um machismo atávico: "Um gay no Nordeste tem 84% mais risco de ser assassinado do que no Sul e no Sudeste", ressaltou Luiz Mott. Depois da Bahia, os Estados onde ocorreram mais crimes no ano passado foram Pernambuco (17), Rio Grande do Norte (9) e Alagoas (8). São Paulo, o Estado mais populoso do país, registrou sete crimes contra homossexuais no ano passado.
Pelas projeções registradas nos três primeiros meses desse ano, a tendência é o aumento do número de assassinatos de homossexuais. Entre janeiro e março, 45 foram mortos. "Apesar das campanhas, e do Programa Brasil Sem Homofobia, a violência contra os homossexuais não pára de crescer". Infelizmente, antes, pelo contrário.
coluna@pedroporfirio.com
Faço essas observações a propósito do levantamento divulgado nesta terça-feira pelo Grupo Gay da Bahia, segundo o qual 122 homossexuais foram assassinados em 2007 no Brasil (um crime para cada três dias), o que representa um aumento de 30% em comparação a 2006. De acordo com o GGB, responsável pela estatística, do total e mortos, 27% eram travestis e 3% eram lésbicas.
Desde 1980, quando o GGB foi fundado, até o ano passado, 2.647 homossexuais foram mortos no país - a maioria das vítimas tinha entre 20 e 40 anos.
Esses números, que por si já são um atestado de intolerância e de insanidade brutal, não refletem toda a realidade. Segundo Luiz Mott, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia e um dos fundadores do GGB, o total de assassinatos é ainda maior do que a estatística oficial. "Muitas famílias, por vergonha, não admitem que os seus filhos sejam gays. A nossa contabilidade está baseada em pesquisas feitas por outras organizações que lutam pelos direitos dos homossexuais em delegacias e entidades de direitos humanos", acrescentou.
No levantamento, a entidade baiana mostra as profissões homossexuais de maior risco: profissionais do sexo, professores, cabeleireiros e vendedores ambulantes. Luiz Mott disse também que 80% dos homossexuais foram mortos dentro de casa, por facadas ou estrangulamento. Já os travestis são mortos a tiros, por motoqueiros, na maior parte dos casos. "O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, seguido pelo México e os Estados Unidos", afirmou Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.
Pela primeira vez, desde que os crimes contra homossexuais começaram a ser catalogados pelo GGB, a Bahia lidera o ranking.no ano passado foram assassinados 18 gays no Estado. O Nordeste também é a região mais violenta, com 60% dos homicídios, seguida pelo Centro-Oeste, com 17%.
É lamentável que esses índices estejam relacionados com fatores culturais cristalizados por um machismo atávico: "Um gay no Nordeste tem 84% mais risco de ser assassinado do que no Sul e no Sudeste", ressaltou Luiz Mott. Depois da Bahia, os Estados onde ocorreram mais crimes no ano passado foram Pernambuco (17), Rio Grande do Norte (9) e Alagoas (8). São Paulo, o Estado mais populoso do país, registrou sete crimes contra homossexuais no ano passado.
Pelas projeções registradas nos três primeiros meses desse ano, a tendência é o aumento do número de assassinatos de homossexuais. Entre janeiro e março, 45 foram mortos. "Apesar das campanhas, e do Programa Brasil Sem Homofobia, a violência contra os homossexuais não pára de crescer". Infelizmente, antes, pelo contrário.
coluna@pedroporfirio.com
Um comentário:
"...um atestado de intolerância e insanidade brutal"!!!
Diagnóstico correto do estado de saude de nossa sociedade ou, sem medo de errar, da humanidade, em seu estágio atual.
Os assassinos estão mais doentes que suas vítimas, pois estas, em geral, querem viver e não cultivam a brutalidade física; fazem parte da imensa maioria de oprimidos, excluídos ou traumatizados pela perversidade da convivência social. Os primeiros, entretanto, são um retrato vivo do desespero existencial; incapazes de aceitar ou compreender o mistério e a sacralidade da vida, apelam para a barbárie.
Vou ficando por aqui, embora o tema provoque conclusões mais abrangentes sobre o comportamento humano.
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