MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO DIA 5 DE MAIO DE 2008
Como no caso dos aposentados, dou a palavra hoje a uma brilhante reflexão da arquiteta Maria Helena Gomes, de Niterói, que assino embaixo. Quero com isso estimular o formador de opinião que há em você.
“Triste é a sociedade que prefere saber das perversões do Ronaldo e dos detalhes mórbidos da morte da menina Isabela a tomar conhecimento de tão ameaçadora situação em que se encontram os servidores do Hospital Cardoso Fontes.
Por que motivo as pessoas se mobilizam até a casa da família Nardoni para fazer sua catarse, e não são capazes de reivindicar a saída do atual diretor do hospital?
O Observatório da Imprensa registrou uma pesquisa que mostra que em torno de 72% das pessoas entrevistadas consideram a cobertura da mídia adequada, no caso Isabela, e apenas 24% desaprovam. E, curiosamente, a pesquisa mostrou também que em torno de 30% assistem à TV pública.
Enquanto as televisões comerciais dedicaram horas à cobertura do caso, as TVs públicas do Rio e de São Paulo, no total, o fizeram em 49 minutos. "Conclusão: quem acha o sensacionalismo adequado não é você, nem você, que assistem às TVs públicas. Você e você é que fazem a diferença neste país.", disse Alberto Dines.
No caso do Ronaldo, acho que o maior prejudicado será ele, porque se expôs de uma forma desnecessária ao crivo de uma sociedade ainda conservadora. Não entendo como um homem como ele, que possui tanto dinheiro, tenha necessidade de extravasar seus desejos proibidos da maneira como o fez. Acho que ele estava, inconscientemente, querendo mesmo entornar o caldo.
Não há outra explicação. Quantas pessoas "normais" têm perversões que conseguem manter entre quatro paredes, sem que a sociedade fique sabendo? Agora, a hipocrisia é maior, porque a perversão alheia é condenada, justamente, porque é alheia.
Com toda certeza, os papparazzi estarão atrás do Fenômeno, mais do que nunca. Sem falar nos 15 minutos de fama alcançados pelo travesti, que já foi até em programas de entrevista na televisão. Aqueles programas especializados em fofocas, claro. Mas esses programas só existem porque há quem os veja.
Enquanto isso, a mídia vem com a mais nova balela: a falta de alimentos no mundo! E há quem embarque nessa. As pessoas não conseguem ver as coisas através do véu da pseudo-informação a que estão submetidas todos os dias. Fico um pouco cansada ao ver como podemos ser levados pela grande mídia, é só deixarmos. Mas eu me recuso a ser massa de manobra e continuo atrás dos jornalistas mais sensatos e verdadeiros deste país.
Enquanto isso, o diretor imposto no HGJ ficará dando as cartas de maneira autoritária, agindo arbitrariamente, desconhecendo os princípios constitucionais elementares da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Acho que ele infringiu todos. Não seria o caso de contestação de seus atos administrativos perante à Justiça?”
segunda-feira, 5 de maio de 2008
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