Alguns flamenguistas vão a Buenos Aires torecer contra o Fluminense. Essa atitude expõe o sentimento de rivalidade que move o ser humano, inclusive entre os que padecem os mesmos sofrimentos. É bonito isso? (FOTO DO JORNAL EXTRA DO RIO)
MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 26 DE MAIO DE 2008
Não tenha dúvida: o “espírito de porco” predomina em muitas de nossas atitudes, sem que as pessoas tenham parado para pensar em suas conseqüências.
Escrevo sobre tal fenômeno humano motivado pela leitura de um acontecimento aparentemente circunscrito ao mundo do futebol. Um grupo de flamenguistas vai gastar alguns trocados para ir a Buenos Aires engrossar a torcida do Boca Junior contra o Fluminense, só porque não consegue administrar o sucesso do rival, ainda mais depois do grande fiasco quando o América do México impôs uma derrota humilhante ao time que já entrou em campo certíssimo de sua classificação para as semifinais da Taça Libertadores.
Você dirá que não é a primeira vez e que tudo acontecerá sem que os 40 integrantes da “Fla-Boca” percam a esportiva. E que também já aconteceu de torcidas de outros times cariocas rezarem para que o Flamengo derrapasse frente a adversários de outros Estados e de outros países.
Isso eu até admito. Mas se você tomar esse exemplo e for passar em revista o cotidiano dos seres humanos terá o desprazer de constatar que a inveja e a competição parecem cada dia mais presentes.
Esse sentimento negativo é alimentado igualmente pelo personagem que se sai melhor na vida. É comum um vitorioso, seja no que for, tripudiar sobre os que não chegaram lá. Temos então que o elemento de conflito mesquinho é alimentado de parte a parte.
É esse comportamento menor que me causa desconforto, até porque, como tenho observado com certa amargura, ele se manifesta com maior agressividade nas classes mais pobres, exatamente entre os que deveriam ser mais solidários entre si.
Por conta da banalização da rivalidade entre as pessoas mais modestas, em nível pessoal, todos saem enfraquecidos e quem tira proveito é o esperto que joga com a inviabilização de uma união de lutadores pela melhoria de suas condições de vida.
Os oprimidos já não se juntam para gritar. Acostumaram-se ao “salve-se quem puder”, nem que o preço desse caminho seja passar por cima dos seus iguais.
Ao procederem assim, os mais sacrificados estão absorvendo as ideologias e as idiossincrasias da classe mais favorecida, que, por sua natureza, pratica uma guerra sistemática entre si. Só que de barriga cheia.
Isso é o mesmo que o soldado norte-americano ir fazer guerra no Iraque. Ele mata e morre, mas quem se aproveita de sua batalha é a máfia do petróleo da indústria de armamentos.
Espero que você tenha me entendido. O fato de ser BANGUENSE me ensinou muito, tanto que vibrei com a belíssima vitória do Fluminense sobre o São Paulo e torço para que o único clube brasileiro na competição seja o campeão do mundo.
É mais uma afirmação do nosso esporte, que dá mais visibilidade internacional à nação brasileira, assim como o sucesso olímpico fortalece a imagem de Cuba.coluna@pedroporfirio.com
Escrevo sobre tal fenômeno humano motivado pela leitura de um acontecimento aparentemente circunscrito ao mundo do futebol. Um grupo de flamenguistas vai gastar alguns trocados para ir a Buenos Aires engrossar a torcida do Boca Junior contra o Fluminense, só porque não consegue administrar o sucesso do rival, ainda mais depois do grande fiasco quando o América do México impôs uma derrota humilhante ao time que já entrou em campo certíssimo de sua classificação para as semifinais da Taça Libertadores.
Você dirá que não é a primeira vez e que tudo acontecerá sem que os 40 integrantes da “Fla-Boca” percam a esportiva. E que também já aconteceu de torcidas de outros times cariocas rezarem para que o Flamengo derrapasse frente a adversários de outros Estados e de outros países.
Isso eu até admito. Mas se você tomar esse exemplo e for passar em revista o cotidiano dos seres humanos terá o desprazer de constatar que a inveja e a competição parecem cada dia mais presentes.
Esse sentimento negativo é alimentado igualmente pelo personagem que se sai melhor na vida. É comum um vitorioso, seja no que for, tripudiar sobre os que não chegaram lá. Temos então que o elemento de conflito mesquinho é alimentado de parte a parte.
É esse comportamento menor que me causa desconforto, até porque, como tenho observado com certa amargura, ele se manifesta com maior agressividade nas classes mais pobres, exatamente entre os que deveriam ser mais solidários entre si.
Por conta da banalização da rivalidade entre as pessoas mais modestas, em nível pessoal, todos saem enfraquecidos e quem tira proveito é o esperto que joga com a inviabilização de uma união de lutadores pela melhoria de suas condições de vida.
Os oprimidos já não se juntam para gritar. Acostumaram-se ao “salve-se quem puder”, nem que o preço desse caminho seja passar por cima dos seus iguais.
Ao procederem assim, os mais sacrificados estão absorvendo as ideologias e as idiossincrasias da classe mais favorecida, que, por sua natureza, pratica uma guerra sistemática entre si. Só que de barriga cheia.
Isso é o mesmo que o soldado norte-americano ir fazer guerra no Iraque. Ele mata e morre, mas quem se aproveita de sua batalha é a máfia do petróleo da indústria de armamentos.
Espero que você tenha me entendido. O fato de ser BANGUENSE me ensinou muito, tanto que vibrei com a belíssima vitória do Fluminense sobre o São Paulo e torço para que o único clube brasileiro na competição seja o campeão do mundo.
É mais uma afirmação do nosso esporte, que dá mais visibilidade internacional à nação brasileira, assim como o sucesso olímpico fortalece a imagem de Cuba.coluna@pedroporfirio.com
2 comentários:
Pedro, mais uma vez é brilhante sua análise desse comportamento deplorável de algumas (muitas, infelizmente) pessoas diante da possibilidade de derrota do time adversário. É lamentável que esse sentimento de revanche diante de coisa aparentemente simples, como torcer por um time de futebol, seja transposto para a vida das pessoas fora do contexto esportivo. Não entendo isso, até porque não gosto de futebol e não torço para nenhum time, mas consigo "torcer" para aquele que melhor representa o Brasil, seja ele Flamengo ou Fluminense, ou Vasco, ou Botafogo, ou até mesmo o seu Bangu. Realmente, se algumas pessoas são capazes de ir até Buenos Aires para torcer contra o time adversário, o que esperar destas pessoas numa outra circunstância em que sejam envolvidos muito mais do que vitórias de um time de futebol?
Pedro, mais uma vez é brilhante sua análise desse comportamento deplorável de algumas (muitas, infelizmente) pessoas diante da possibilidade de derrota do time adversário. É lamentável que esse sentimento de revanche diante de coisa aparentemente simples, como torcer por um time de futebol, seja transposto para a vida das pessoas fora do contexto esportivo. Não entendo isso, até porque não gosto de futebol e não torço para nenhum time, mas consigo "torcer" para aquele que melhor representa o Brasil, seja ele Flamengo ou Fluminense, ou Vasco, ou Botafogo, ou até mesmo o seu Bangu. Realmente, se algumas pessoas são capazes de ir até Buenos Aires para torcer contra o time adversário, o que esperar destas pessoas numa outra circunstância em que sejam envolvidos muito mais do que vitórias de um time de futebol?
(Apenas corrigindo, não gosto de ser "anônimo".)
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