quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sabor amargo depois do almoço



Deputado Paulo Ramos, assistente social Regina Maciel, Pedro Porfírio, Consuelo Maria, Bognesse, o incansável Paulo Resende, o grande comunicador do grupo de gtrabalhadores da Varig e aposentados do Aerus. Ao alto, um grupo de varignniaans, entre os quais Lúcia Lopes e Maria João.


Descontração e dignidade. No dia dos comissários, um encontro com profissionais que fizeram história e elevaram o nome do nosso país nos ceus do Brasil e dos quatro continentes. É uma pena que só o governo não saiba o crime que cometeu contra a aviação comercial brasileira ao abandonar a Varig e o Aerus à própria sorte.

Todo dia 31 de maio, em todo o mundo, os milhões de passageiros devem uma flor a uma das mais encantadoras atividades profissionais: o comissário de bordo.
E quando se fala nessa carreira, vem logo à mente a figura doce de aeromoças sempre atentas e prestativas, com um sorriso nos lábios e um mundo de história por contar.
No Brasil, essa homenagem é lembrada com almoços dos profissionais de hoje e de ontem. O mais tradicional, como não poderia deixar é o do pessoal da octogenária Viação Aérea Rio Grande – a nossa querida Varig.
Um almoço dessa natureza, nos dias de hoje, no entanto, tem um sabor diferente. O sabor amargo da incúria, da injustiça, da arrogância e do desrespeito.
Isso eu vi em cada semblante daqueles que se reencontraram com a dignidade que jamais lhes faltará no evento da Galeria Gourmet. Dia 28. Ali estava parte de uma história construída com muito amor, vocação, competência e responsabilidade.
Uma história que, para a infelicidade geral do Brasil, foi bruscamente interrompida com todos os requintes de traição e perversidade.
Porque não tem explicação, não tem lógica e, ainda por cima, atingiu milhares de brasileiros indefesos pela aposentadoria complementar de um fundo privado mal parado, surrupiada na maior, como uma tortura anunciada, no que ecoou como o mais indigno castigo a quem tanto serviços prestou a todos nós, ao longo de tantas décadas.
Ter ido aquele encontro, como já fizera no ano passado, me permitiu lavar a alma, por ver que aquelas pessoas traídas por quem cresceu empunhando a bandeira dos trabalhadores; aquelas pessoas sorriam, no entanto, pelo singelo prazer de rever colegas, entre os quais estava lá, amparada pelas muletas, a assistente social que foi durante 29 anos uma espécie de anjo da guarda dos profissionais da mais preparada corporação aérea do mundo.
Ao sair, ao despedir-me daquelas pessoas que permanecem vivas apesar das tentativas de holocausto, que sublimavam no seu dia a grande frustração do trágico desfecho de uma capítulo sujo da história da aviação comercial brasileira, uma sensação de revolta se apossou da minha alma.
Será que a história da civilização tem de passar por cortes tão brutais nas vidas das pessoas que jamais vacilaram no convívio com esse misterioso mundo das nuvens?
Será que não vai aparecer alguém de bom senso, de responsabilidade, para assumir a correção de um erro histórico, resgatando com todas as peças a empresa que um dia foi mais importante em muitas cidades do mundo do que nossa própria Embaixada?
Meu Deus! Como tudo isso me detona a própria fé nos poderes públicos, nos políticos, juizes e senhores da grande mídia. Como eu gostaria de ser mais jovem para fazer alguns pilantras amargarem o mesmo que aquela gente decente amarga desde que a Varig foi entregue de mão beijada a um aventureiro chinês e o fundo Aerus desmoronou. Como! Como!
coluna@pedroporfirio.com

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