terça-feira, 13 de maio de 2008

Aposentados entre Céu e o inferno

MINHA COLUNA NO POVO DO RIO DE 14 DE MAIO DE 2008
Tenho minhas razões para insistir nessa questão das aposentadorias e pensões dos brasileiros. Porque neste momento estamos entre o céu e o inferno.
De um lado, o senador Paulo Paim conseguiu aprovar no Senado duas mudanças que podem favorecer a todos os segurados do INSS. Numa, acaba com o fator previdenciário, a ferramenta que pode fazer você se aposentar com metade do que teria direito em função de suas contribuições.
Noutra, estabelece um critério de justiça no reajuste de todos, evitando essa situação vexaminosa em que são dados dois tipos de aumentos, atingindo diretamente quem ganha mais do que o mínimno.
Já os donos do poder estão recorrendo a todo tipo de engenharia econômica para reduzir ainda mais os ganhos dos aposentados e pensionistas. Há realmente um grupo de trabalho tentando montar um discurso que explique mudanças na idade de aposentadoria de homens e mulheres e a redução das pensões, que se seriam drasticamente limitadas.
O grave em todo esse complô é que usam sempre os mesmos argumentos mentirosos sobre o suposto déficit da Previdência, omitindo que ela é parte da seguridade social como um todo.
É sobre isso que insisto em lembrar que o modelo brasileiro de aposentadorias e pensões é ainda o mais inteligente do mundo, o mais viável do ponto de vista do real benefício social.
Primeiro, porque, dentro do sistema de seguridade social, alcança milhões de brasileiros, como os trabalhadores rurais, maiores de 65 anos e portadores de deficiência, que são beneficiados, independente de terem contribuído. No caso das aposentadorias rurais, elas já chegam a 7 milhões de pessoas.
Segundo, porque estabelece um conjunto de fontes de receita, que não se limitam ao que é descontado dos nossos salários e recolhidos pelas empresas diretamente ao INSS.
Ao invés de maquinar cortes de benefícios, o governo deveria era encontrar uma fórmula de atrair os 46 milhões de brasileiros que vivem na informalidade, representando 53% de toda a nossa mão de obra ocupada.
Quando eu digo que tudo o que estão fazendo contra a previdência pública é para facilitar o lado dos grandes bancos, que têm carteiras robustas de previdência complementar, não estou falando por acaso.
Num estudo muito bem fundamentado, Floriano José Martins, presidente da Fundação Anfip (fiscais da previdência) foi muito claro: se o fator previdenciário “não for alterado, em pouco tempo teremos implantado no Brasil, por vias transversas, uma velha proposta dos organismos internacionais, de restringir a Previdência Social a uma cesta básica com benefícios de até três salários mínimos, reservada toda a demanda por maiores benefícios aos regimes de capitalização privados, com tudo o que isto representa de risco para o participante, e de lucro para o mercado financeiro”.
coluna@pedroporfirio.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu prezado companheiro Pedro Porfírio,
Parabens por seus lúcidos comentários acerca da previdência oficial e sua intransigente defesa dos aposentados e pensionistas.
Fraternalmente,
Cláudio Ribeiro, de Casimiro de Abreu, RJ.