terça-feira, 18 de março de 2008

Uma grana preta em obras de mostruário



Projeto do engenheiro francês Eric Romagna ,O teleférico do Alemão seguirá o mesmo modelo implantado na comunidade de Santo Domingo, em Medellín, na Colômbia. Os cabos e os 200 carros serão importados da França. As torres e a montagem da estrutura ficarão a cargo dos brasileiros. Em princpipio, custará R$ 120 milhões de reais - ou seja o que se gataria para implantar 20 CIEPs com capacidade para 20 mil alunos.


Honestamente, não estou entendendo bulufas sobre o que o governo federal e, principalmente, o governador Sérgio Cabral estão querendo fazer com essa montanha de dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)na Rocinha, Manguinhos e no Complexo do Alemão.
Pelo que li, é coisa pra mais de 1 bilhão de reais. Dinheiro concentrado em três focos, como se eles tivessem a função de um mostruário, uma típica obra de fachada.
Com a experiência de quem foi duas vezes secretário municipal de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro posso dizer que essa é a própria obra para inglês ver. E não tem nada a ver com as reais necessidades das populações faveladas, que representam 25% dos seis milhões de viventes nesta terra de São Sebastião.
Tudo o que foi concebido saiu das cabeças de alguns delirantes, mais preocupados com o PAC das empreiteiras. Ninguém perguntou a um morador do Complexo do Alemão, onde serão investidos de cara quase meio bilhão de reais, se ele está interessado nesse teleférico, imitação grosseira de uma peça semelhante implantada em Medelín, onde também o cartel da droga faz suas vilas e projetos sociais.
E também ninguém discutiu no âmbito das representações legítimas se tem sentido gastar esta fortuna em apenas algumas comunidades. Se não seria melhor com esse dinheiro investir maciçamente na rede pública de ensino e implantar corajosamente um programa de saúde baseado na vitoriosa experiência do médico de família.
Com 3% dessa grana, implantei 500 quilômetros de rede de esgotos nas comunidades, através do Projeto Mutirão, sem paternalismo, sem clientelismo e sem empreiteiras e sem propinas. O projeto, que chegou a ser realizado simultaneamente em mais de 300 comunidades, fornecia o material e remunerava diretamente equipes da própria comunidade, em número mínimo, realizando as intervenções sempre mediante prévia discussão com os moradores.
Havia total transparência e uma consciência de que a implantação do saneamento básico pelas mãos dos próprios moradores, sem os preços superfaturados e sempre acrescidos pelas empreiteiras, era uma ação que, além de tudo, reduzia a pressão sobre os hospitais públicos.
Na nossa concepção, o limite do poder público, que tem de estar presente até como resgate social, é a implantação de serviços públicos, nunca a oferta graciosa de bens pessoais ou de família.
Não tem sentido fazer casas para ninguém. Para mim, que cheguei sozinho do Ceará com 16 anos, ninguém nunca me deu casa. E se você quiser saber, o que o trabalhador da periferia quer é meio para construir sua casa com dignidade. Porque se for dar casa quem vive na pior, tem que dar para todos. Aí teremos que construir 10 milhões de moradias com o dinheiro do contribuinte. Voltarei ao assunto.
Coluna@pedroporfirio.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou com você,Porfírio.Tudo não passa de propaganda mentirosa porque é ano de eleição e a BANDALHA QUER COLHER VOTOS.