terça-feira, 11 de março de 2008

Células embrionárias e transplantes

O órgão a ser tranansplantado é retirado de um doador quando se atesta a "morte cerebral".

MINHA COLUNA NO POVO DO RIO DE 12 DE MARÇO DE 2008
Lamento profundamente que algumas pessoas, movidas tão somente por suas convicções religiosas, insistam em que o governo, que não é de nenhuma religião especificamente, e que a Justiça, ídem, sejam instrumentos de sua maneira de ver questões de saúde pública.
Respeito a fé de cada um. Todos têm direito a ter uma religião. Isso é sagrado. Mas a atitude de cada um deve ser no limite de sua individualidade, pessoal.
Há uma denominação evangélica – as Testemunhas de Jeová - que é contrária à transfusão de sangue. Quem se filiar a essa denominação não pode alegar que desconhece tal proibição. Mas daí a querer que todos os brasileiros sejam contrários, aí seria forçar a barra. E as Testemunhas de Jeová jamais tentaram converter em lei aquilo que é uma leitura própria das escrituras.
Por que a Igreja Católica não segue o seu exemplo? Há muitos segmentos de católicos no mundo inteiro que sonham com curas científicas para algumas doenças, a partir das células-tronco embrionárias que podem se transformar em qualquer célula do corpo humano e devolver vida a muita gente.
Essas células poderão ser usadas no tratamento do câncer, cardiopatias e dezenas de doenças, inclusive o Mal de Alzeimer e o Parkinson (Veja no meu blog http://porfiriourgente.blogspot.com/ )
É claro que as pesquisas terão que avançar muito. Elas ainda não têm a resposta acabada para tais sofrimentos. Mas se ninguém puder pesquisar, não chegaremos a lugar nenhum.
Uma professora universitária de Pernambuco me escreveu lembrando a incoerência dos que alegam existir vida na célula embrionária. Ela comentou: se essas mesmas pessoas aceitam a doação de órgãos de uma pessoa com “morte cerebral”, como podem se postarem com salvadoras de uma célula embrionária?
Veja que raciocínio claro: “Mas me parece que o problema central, na questão das células-tronco é a definição de quando começa a vida. Não era algo fácil de determinar até que, na minha opinião, se definiu quando é que ocorria a morte. Para efeito da doação de órgãos, o critério é o da morte cerebral, uma vez que se constatou que o simples parar do coração não basta. Muitas vezes, dependendo da assistência, muita gente já voltou do "outro lado", depois de alguns momentos de aparente morte. Mas depois que o cérebro para, não há mais volta (é diferente do coma, onde se detectam os sinais de atividade cerebral, apesar do corpo não responder aos estímulos aplicados). Então, não seria um critério possível a ser utilizado? Se a Igreja, católica ou qualquer outra, é capaz de aceitar esse critério para determinar a retirada de órgãos, de alguém que está claramente vivo no sentido amplo da palavra, o lógico é que se determine o momento do desenvolvimento em que o cérebro começa a funcionar, como sendo aquele em que começa a vida. Senão, não faz sentido aceitar a retirada de órgãos”.
coluna@pedroporfirio.com

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