domingo, 13 de maio de 2007
TUDO MUDOU. SÓ BENTO XVI NÃO SABE
MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 13 DE MAIO DE 2007
Na campanha eleitoral de 1960, dois candidatos disputavam a Presidência: o marechal Lott, com o apoio do presidente JK, e o oposicionista Jânio Quadros, ex-governador de São Paulo.
Eu tinha 17 anos, mas, como todo jovem politizado, estava engajado na campanha de Lott, que tinha João Goulart como vice-presidente.
Então, aprendi que política é para quem tem sangue de barata. Lott dizia o que pensava, mesmo que isso fosse lhe tirar voto. E como muito do que dizia contrariava velhos conceitos, como dizer que açude não resolveria o problema da seca no Nordeste, ele ia se afundando por si.
De tal forma que, nós, lottistas, já sabíamos. Se ele falasse em todos os lugares, o Jânio seria eleito por unanimidade.
Lembro desse episódio a propósito da visita do Papa Bento XVI a São Paulo. Cada vez que ele abre a boca, deixa a multidão de católicos na maior saia justa. Quando ele for embora, terá conseguida uma desastrosa proeza: o número de fiéis de carteirinha do catolicismo vai continuar caindo, agora com o incentivo de seu discurso como o Papa que veio da idade Média.
É uma pena, porque há padres e bispos no Brasil que tanto bem fazem ao país e ao seu povo. Nos últimos anos, inclusive nos tempos brabos da ditadura, cardeais como Dom Evaristo Arns e bispos como Dom Helder Câmara , expuseram-se sem medo na defesa dos perseguidos políticos, alguns dos quais também eram padres.
Segundo o noticiário, o chefe do Estado do Vaticano, que tem embaixadores e tudo o mais, apesar de existir num espaço de um quilômetro quadrado, encostou o presidente Lula contra a parede, com um rosário de exigências da pesada.
Traduzindo em português claro, o papa alemão quer que o Brasil volte ao tempo do Império, quando era oficialmente um “Estado Católico”, atrelado à sua Igreja. Quer mais: ensino religioso (leia-se católico) obrigatório nas escolas do país e até isenção de impostos para as atividades ligadas à Igreja, inclusive dos seus caríssimos colégios.
Claro que o Presidente ia dizer um rotundo não. E olha que Lula é católico praticante. Mas, já estamos no Século XXI e isso só Bento XVI e os seus seguidores mais fanáticos não vêem.
coluna@pedroporfirio.com
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