Coluna POVO DO RIO 27.05.07
Taí uma delegada que merece nossos aplausos. Seu nome: Patrícia Aguiar de Paiva Ribeiro, 30 anos, há seis na Polícia.
Ela comandou uma operação de inteligência (manchete do POVO de sexta-feira) que enfatiza sua atuação à frente de uma equipe homogênea, que espero não se perca por esses caminhos tortuosos.
Graças ao uso da tecnologia, ela estourou um esquema de desmanche de carros roubados e prendeu uma quadrilha chefiada por um policial. Essa gang era uma sofisticada organização criminosa, que roubava carros, desmanchava, fraudava documentos e ainda vendia os produtos dos roubos com certo requinte.
Os kits de gás, por exemplo, eram vendidos por um cabo do Corpo de Bombeiros, enquanto um outro larápio era especializado em negociar com proprietários que simulavam roubos dos seus veículos para receberem os seguros.
Na “Operação Savana”, ela, que agora está á frente da antiga Delegacia de Entorpecentes, reuniu um total de 55 policiais e chegou ao desmanche depois de colocar um GPS (aparelho que facilita o rastreamento) no veículo do chefe da quadrilha, que estava sendo investigado no sapatinho.
Mas a delegada Patrícia de Paiva e seu pessoal devem ser festejados por uma trajetória de fazer inveja: em três anos de trabalho, prenderam mais de cem bandidos SEM DAR UM TIRO, na técnica, segundo os métodos de quem realmente quer chegar lá e não de quem prefere matar, provocar tiroteios e outras encenações para fazer de conta que está combatendo o crime.
Desde que entrei numa redação – há 47 anos – aprendi que é esse tipo de policial que consegue resultados e faz bem à sociedade. No meu tempo de ÚLTIMA HORA, conheci o detetive Perpétuo, da década de 60, que nunca jogou uma bala fora.
Depois, na década de 70, vi o trabalho inteligente do detetive Jamil Warvar, que descobriu muitos casos “perdidos” sem recorrer ao bang-bang. O mais importante deles foi o assassinato de Claudia Lessin, morta por Michel Frank, um playboy milionário.
Só espero – repito – que a delegada Patrícia de Paiva não mude, como outros que se deixaram seduzir pelo canto da sereia, inclusive uma colega sua, cuja carreira acompanhei.
A sociedade precisa desesperadamente de policiais dessa têmpera, desse profissionalismo e desse caráter.
domingo, 27 de maio de 2007
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