sexta-feira, 18 de maio de 2007

BINGOS: TÊ-LOS OU NÃO TÊ-LOS, EIS A QUESTÃO

O presidente Lula fez muito bem ao pedir ao Congresso – onde se fazem as leis – que decida de uma vez sobre a legalização ou não dos bingos no país. “Ou proíbe ou regulamenta. O que não pode é ficar essa indústria de liminares”.
Na quarta-feira, o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, recebeu representantes dos trabalhadores dessas casas de jogo, que estavam à frente de uma concentração de 12 mil atingidos pelas últimas medidas, decorrentes da descoberta de um esquema criminoso de concessão de liminares a peso de ouro, para que as casas funcionassem sem constrangimento.
A palavra está com os deputados e senadores. Mas, desde já, precisanos fazer uma reflexão honesta, sem a qual teremos tão somente a massa ameaçada de desemprego servindo de bucha de canhão para interesses estranhos.
O ministro chegou a cogitar da possibilidade dos bingos serem administrados pela Caixa Econômica, como acontece com outros jogos, da loteria esportiva à mega-sena.
Como titular da pasta do trabalho, sua principal preocupação é evitar que no mínimo 40 mil empregados sejam postos no olho da rua, numa hora em que qualquer emprego é uma preciosidade.
O presidente Lula achou melhor transferir a responsabilidade da decisão para o Congresso. Ele, que tem informações privilegiadas a respeito do problema, também não sabe o que é certo: legalizar ou proibir.
Em princípio, é difícil deixar de considerar o problema social provocado pelo fechamento dos bingos. Mas estarão eles nas mãos certas, dedicados exclusivamente à venda de um “entretenimento” que atraia principalmente quem tem tempo ocioso, como os idosos?
As investigações da Polícia Federal detectaram uma estreita ligação entre as casas que permaneciam funcionando e um milionário esquema de corrupção, envolvendo desembargadores federais e até um ministro do STJ.
Os trabalhadores, com certeza, não têm nada com isso. Mas quem garante que a legalização de casas de jogos, onde se ganha muito dinheiro, não abre caminho para uma nova rotina de propinas, até porque, dependendo de quem administre, muitas fraudes podem acontecer ali, como se diz dos caça-níqueis?
Nenhuma decisão pode deixar de considerar os empregos ameaçados. Mas também não há como, por isso, facilitar qualquer esquema de corrupção.
coluna@pedroporfirio.com

3 comentários:

Eduardo Lima disse...

Realmente, uma questão lamentável é o fato de centenas de milhares de trabalhadores que apesar da dúvida da contravenção ou não, tem suas carteiras assinadas.

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Eu também tenho minhas dúvidas sobre essa questão dos bingos. De qualquer maneira, a questão do desemprego me preocupa muito.