O ministro Carlos Lupi agiu com competência e tranqüilidade ao suspender quatro convênios questionados destinados à qualificação profissional e ao responder com firmeza à campanha orquestrada para derrubá-lo do Ministério do Trabalho:
— Estou sendo odiado por herança. Todos que odiavam Getúlio e Brizola vão odiar quem se sentar nesta cadeira – disse com todas as letras sobre o cargo que ocupa e a que vem emprestando uma dedicação de causar inveja a “gregos e troianos”.
Ele não disse mais do que o óbvio. Nada assusta mais às elites do que um brizolista à frente do Ministério do Trabalho. Ao ser convidado para participar da coalizão governamental, o PDT deixou muito claro que considera intocáveis os direitos trabalhistas produzidos desde o governo do presidente Vargas.
Essa atitude frustra aqueles que não conseguem raciocinar senão a partir do lucro fácil e da injustiça social, em função de que o Brasil registra diferenças de mais de 1700% entre a maior e a menor remuneração da mão de obra.
Depois de insistirem na lengalenga de que ele teria que deixar a presidência do PDT ou o Ministério do Trabalho, exigência que só se faz agora, porque nunca disse se falou antes, os interesses que patrocinam a campanha contra ele tratam de traumatizar o seu programa prioritário, o da qualificação profissional, providência urgente e elementar, considerando que enquanto ainda registramos altas taxas de desemprego, há milhares de vagas não preenchidas por falta de mão de obra especializada.
Nessa matéria, seus adversários também vão dar com os burros n’água. Durante a sua entrevista, ele demonstrou com números e documentos que os convênios são assinados sem qualquer discriminação política. Quem tiver dúvida, é só considerar a destinação de recursos em aos governos locais.
Para desmentir as acusações de que, desde que assumiu a pasta, em abril, teria privilegiado solicitações de verbas para prefeituras ou entidades ligadas ao PDT, o ministro do Trabalho relacionou um total de R$ 430 milhões em convênios assinados ou renovados ao longo de 2007 e até fevereiro de 2008 e o distribuiu por partidos, considerando o governo de cada estado ou município beneficiado.
Segundo a lista, ao PDT foram destinados R$ 14,4 milhões. Para o PT, foram R$ 96,3 milhões. Os partidos de oposição ao governo também foram destacados. Para o DEM, aparecem R$ 54,1 milhões e, para o PSDB, R$ 102,4 milhões. "Eu não veto nem discrimino ninguém, até porque a norma técnica impede o direcionamento por partido".
O problema, como ele mesmo disse, é que essas elites não engolem um trabalhista no Ministério do Trabalho.
coluna@pedroporfirio.com
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
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