Denise Abreu abre o jogo e deixa Dilma em maus lençóis na trama que entregou ilegalmente a Varig a um fundo de pensão estrangeiro, através de um chinês da pesada.
MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 6 DE JUNHO DE 2008
"Dilma disse que era muito difícil provar origem do dinheiro".
Denise Abreu, ex-diretora da Anac jurando que a ministra a pressionou para que não exigisse o Imposto de Renda dos sócios da VarigLog.
Outro dia, disse aqui mesmo: prefiro a menina Dilma dizendo NÃO do que a coroa Rousseff dizendo “SIM, SENHOR”. Muitos, não. Adoram a maturidade forjada nas delícias do poder com o sangue juvenil esvaindo-se na transfusão de apetites pragmáticos.
A maturidade, aliás, é tiro e queda. Por uma embira de desculpas, os primeiros cabelos brancos fazem o dito ficar pelo não dito com a embalagem da sabedoria.
Sobre a maturidade podemos elaborar um tratado, dos escritos de Maquiavel, aos achados do padre Gusman, jesuíta espanhol que escreveu “A arte da Prudência”, até esse magote de empavonados “cientistas políticos” intelectuais e jornalistas de nariz em pé e olhar de soslaio nos caramelos do poder.
Ser maduro é tudo de bom que você pode desejar depois de virar as páginas da cartilha do “ABC”. É ver com os próprios olhos arregalados e cobiçar céus e terras, naquela velha conversa de que “os fins justificam os meios”.
Dona Dilma não é a única a descobrir que Joana Darc é coisa de doido. Bom mesmo é olhar por trás dos óculos, exibir as gordurinhas e ter um bando de eunucos substituindo o espelho da madrasta da branca de neve.
Quando a meninada saiu de casa o iogurte era raridade. Em Minas, onde ela se criou sob a avidez de grana de um emigrante que fugitivo da Europa em chamas, o charme era goiabada cascão com catupiri. Bons tempos, aqueles.
Tudo era devaneio nas tertúlias da Praça Sete, pelas cochias da Afonso Pena. Corria-se atrás de um ideal com a alma da generosidade, o despojamento apolíneo que as lendas alterosas inoculavam na fronte iluminada.
Nos pampas, ela fez sucesso. Inteligente que só ela, apesar dos anos de tormentos, foi-se adaptando e descobrindo o os dois lados da moeda, eis que, antes do sonho acabar, tal cobre não passava do vil metal.
À sobra da amendoeira
Articulada à sombra de uma frondosa amendoeira, foi traçando seu caminho novo, no vendaval dos intimamente arrependidos. Doutorou-se e se não fosse pela briga de poder nas casamatas do regime, bem que teria seguido a vida discreta de economista de uma estatal.
Mas o general Frota, possesso com a carona presidencial, fez o listão dos tolerados pelo general Geisel, em quem viu alguns fios da barba de Karl Marx e o cheiro bucólico de Brizola. E sobrou para ela, com aquela fatalidade: o emprego se foi.
Foi aí que a maior de todas as mulheres dantão, chamada Terezinha Zerbini, deu o primeiro grito guerra pela paz. Quando tudo eram trevas, ela acendeu o candeeiro e foi tirar Dilma da mesmice para mexer os pauzinhos na busca dessa esperança doce chamada anistia.
Foi o recomeço sem riscos. A mineira estava casada com o gaúcho Carlos Araújo, rebelde de pai e mãe, e foi fazer alguma coisa de útil por aquilo que julgava ter exaurido nos idos da utopia.
Com as bênçãos de Brizola do histórico Alceu Collares, foi galgando degraus sem abrir mão do salto alto. Fatias saborosas de poder foram-lhes caindo às mãos e ela, que nunca foi realmente esse bicho papão que os bobalhões da direita pintam, descobriu sua vocação voraz pelo poder, no que isso acrescenta à própria sexualidade.
Indicada pelo PDT, foi ser secretária do bigodudo do PT e, quando Brizola percebeu que estava em maus lençóis, quis sair fora com os pupilos. Uns poucos pediram o boné. Ela, o velho Sereno e o próprio filho do caudilho preferiam permanecer com a mão na massa.
Só a casca
Aí dona Dilma já era casca pura. Tudo o mais renegava como todo político de carreira. Sua ideologia verdadeira aflorou na sublimação da doença infantil e ela passou a ser alguém capaz de usar de seu talento para projetar-se com sucesso nas áreas de decisão.
Ministra das Minas e Energia, seguiu linearmente as instruções do manual. Não há indícios de dolo, mas ela se postou do lado da grande traição, mantendo o sistema de leilão das áreas potenciais de petróleo, que seriam naturalmente da Petrobrás, desde a Lei 2004, que custou aquele tiro no peito do presidente Getúlio Vargas.
Sabendo que o”Zé” dava as cartas e operava grandes tacadas, não teve dúvidas: juntou-se a ele e, ao substituí-lo depois da delação do aliado esquisofrênico, manteve a mesma carteira de compromissos.
Aí sobrou para a Varig. As bocarras dos emergentes tinham dívidas a saudar nos ares do Brasil e abandonariam a maior empresa brasileira do setor à sua própria má sorte, com esse discurso canalha de que o problema e do mercado.
Dona Dilma foi de uma infelicidade atrás, posando de Margareth Tatcher e torpedeando toda e qualquer proposta de salvação da Varig, embora esta seja ate hoje credora de uma grana preta do governo, conforme decisões em várias instâncias do judiciário.
Todo mundo viu que ela tomou partido da débâcle que facilitava a vida da companhia que sempre transportou a turma do PT e da CUT do Oiapoque ao Chuí com a generosidade dos céus de brigadeiro.
Quem conhece os meandros dos podres poderes sabe que isso é pouco. Tem muito mais truta na sopa do que supõe a vã filosofia. E é isso que emerge do poço de lama que uma pupila do Zé começou a jogar no ventilador, para o desconforto da ex-menina que hoje em dia é outra coisa.
Dona Denise Abreu, a tal que mandava mais do que o grandalhão gaúcho, disse com todas as letras que aquele abominável processo que pôs a Variglog e depois a sua placa-mãe nas mãos de um fundo abutre estrangeiro através de um chinês da pesada foi manobra encomendada e sacramentada pela a agora quase sessentona Dilma Rousseff.
Das primeiras pílulas, todo mundo já sabe. Dá para perceber que o Zé Dirceu perdeu as esperanças de voltar ao colo do sapo barbudo. E como nesse mundo onde cada um só trata de si é uma “África”, temos pela frente a possibilidade de novas e eletrizantes revelações.
Coisa que está deixando muita gente sem dormir. Os que se aproveitaram dessa torpeza e não estão dando conta do recado, às milhares de vítimas que sofreram um processo de destruição de suas vidas inocentes, e, principalmente, os que empurraram a Varig para o buraco, na mais incompetente, leviana e irresponsável atitude de um governo que dá uma no cravo e outra na ferradura.
Com isso, tudo pode acontecer de bom e de mau. Até mesmo alguém de bom senso pode cair da nuvens para fazer voltar a fita, a fim de que essa sucessão de bobeadas que escureceu os céus do Brasil tenha o final de todo filme de terror, isto é, o inevitável “The End”.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
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Um comentário:
Já disse outro dia o que para mim saõ os políticos, de hoje, mas esses do poder os tais do pt, do partido ético, ahhh...
esse sem sombra de dúvida são os maiores corruptos e ladrões. Não dá acreditar em mais nada, infelizmente, é um mar cheira mal, muito mal mesmo.
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