"Estou ligando para agradecer aí a ajuda, a torcida, todo o trabalho de vocês."Álvaro Lins, ex-chefe da Polícia Civil, agradecendo o apoio de bicheiros a sua candidatura a deputado estadual. Já a doméstica Angélica Aparecida Souza Teodoro, de 18 anos, ficou presa durante 128 dias no Cadeião Pinheiros, acusada de ter roubado um pote de manteiga. Para ela, segundo polícia e justiça, cadeia é pouco.
MINHA COLUNA NO POVO DO RIO DE 5 DE JUNHO DE 2008
Realmente, pegou muito mal para toda a Assembléia Legislativa a inusitada decisão de passar por cima da Justiça Federal e aprovar um decreto legislativo que arrancou detrás das grades o deputado Álvaro Lins, preso em flagrante em função de crimes que não são protegidos pela imunidade parlamentar.
Para o povão fica mais uma vez provado e comprovado que cadeia no Brasil é para pobre, negro e favelado. Homens que são pagos para defender a Lei, têm porte de arma e outras tantas prerrogativas, não podem em hipótese alguma merecer qualquer tipo de condescendência de quem quer que seja, muito menos de uma Casa Legislativa.
Para a Polícia Federal pôr a mão no deputado Álvaro Lins, teria que ter muitas evidências, pois, do contrário, seus delegados estariam se submetendo a um risco duplo: de um lado, o mandato de um parlamentar é virtualmente blindado; de outro, o homem foi até o final do governo passado o mais da cúpula policial do Estado.
Eu mesmo não sabia que a Assembléia poderia decidir tornar sem efeito uma decisão da Justiça, ainda mais com essa gravidade. Daí a minha amarga perplexidade: para defender o meu mandato, inatacável sob todos os aspectos, nada se pode fazer a não ser esperar pelo tempo que os desembargadores do Tribunal de Justiça determinarem.
Mas para desautorizar uma ordem de prisão de um deputado envolvido até a medula em falcatruas devidamente catalogados, aí 40 senhores deputados estaduais não vacilam: em menos de 24 horas aprovaram a soltura do colega, contra a postura decente de 15 outros, e foram lá passar a mão em sua cabeça.
Isso só serve para manchar ainda mais a imagem dos políticos, que estão muito mal na fita a tal ponto que, se o voto não fosse obrigatório, a maior parte dos brasileiros nem sairia de casa no dia das eleições.
Serve também, o que é pior, para nivelar por baixo. Para o cidadão eleitor, qualquer candidato só disputa uma eleição para levar vantagem pessoal. Daí, seu voto deixa de ser uma expressão de sua confiança política, sentimento raro hoje em dia, para ser uma moeda de troca. Ganha quem tiver mais na mala, pois, como disse, o eleitor acha que se são todos baitas corruptos, quer pelo menos tirar alguma vantagem no sistema pré-pago.
De posse do relatório da Polícia Federal, que considerou ESTARRECEDOR, o deputado Luiz Paulo Coelho da Rocha, corregedor da Assembléia fluminense, se disse disposto a pedir a cassação do mandato do colega arrancado da cadeia.
Pode até ser que isso venha a acontecer, porque o povo está muito indignado com esse gesto pra lá de comprometedor da maioria esmagadora do legislativo.
Mas para o tipo de crime cometido pelo sr. Álvaro Lins, tal como consta do trabalho sério dos “federais” a resposta que a sociedade exige é outra – é aquela que dão na hora à moça pobre que apanha um tablete de manteiga de um supermercado.
coluna@pedroporfirio.com
Para o povão fica mais uma vez provado e comprovado que cadeia no Brasil é para pobre, negro e favelado. Homens que são pagos para defender a Lei, têm porte de arma e outras tantas prerrogativas, não podem em hipótese alguma merecer qualquer tipo de condescendência de quem quer que seja, muito menos de uma Casa Legislativa.
Para a Polícia Federal pôr a mão no deputado Álvaro Lins, teria que ter muitas evidências, pois, do contrário, seus delegados estariam se submetendo a um risco duplo: de um lado, o mandato de um parlamentar é virtualmente blindado; de outro, o homem foi até o final do governo passado o mais da cúpula policial do Estado.
Eu mesmo não sabia que a Assembléia poderia decidir tornar sem efeito uma decisão da Justiça, ainda mais com essa gravidade. Daí a minha amarga perplexidade: para defender o meu mandato, inatacável sob todos os aspectos, nada se pode fazer a não ser esperar pelo tempo que os desembargadores do Tribunal de Justiça determinarem.
Mas para desautorizar uma ordem de prisão de um deputado envolvido até a medula em falcatruas devidamente catalogados, aí 40 senhores deputados estaduais não vacilam: em menos de 24 horas aprovaram a soltura do colega, contra a postura decente de 15 outros, e foram lá passar a mão em sua cabeça.
Isso só serve para manchar ainda mais a imagem dos políticos, que estão muito mal na fita a tal ponto que, se o voto não fosse obrigatório, a maior parte dos brasileiros nem sairia de casa no dia das eleições.
Serve também, o que é pior, para nivelar por baixo. Para o cidadão eleitor, qualquer candidato só disputa uma eleição para levar vantagem pessoal. Daí, seu voto deixa de ser uma expressão de sua confiança política, sentimento raro hoje em dia, para ser uma moeda de troca. Ganha quem tiver mais na mala, pois, como disse, o eleitor acha que se são todos baitas corruptos, quer pelo menos tirar alguma vantagem no sistema pré-pago.
De posse do relatório da Polícia Federal, que considerou ESTARRECEDOR, o deputado Luiz Paulo Coelho da Rocha, corregedor da Assembléia fluminense, se disse disposto a pedir a cassação do mandato do colega arrancado da cadeia.
Pode até ser que isso venha a acontecer, porque o povo está muito indignado com esse gesto pra lá de comprometedor da maioria esmagadora do legislativo.
Mas para o tipo de crime cometido pelo sr. Álvaro Lins, tal como consta do trabalho sério dos “federais” a resposta que a sociedade exige é outra – é aquela que dão na hora à moça pobre que apanha um tablete de manteiga de um supermercado.
coluna@pedroporfirio.com
Um comentário:
Pedro Porfirio, sei que o Sr. é um político honesto, mas francamente nós brasileiros estamos perdidos, porque essa raça de políticos, hoje só pode ser chamada de b a n d i d o s, estamos ferrados e pior nós aceitamos passivamente essa situação, somos também cumplices.
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