segunda-feira, 16 de junho de 2008

A esperança que renasce nas ruas


Nas fotos de Paulo Resende momentos emocionantes da manifestação do pessoal da Varig e do seu fundo de pensão Aerus

MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 17 DE JUNHO DE 2008
Sinceramente, surpreendeu-me a grande adesão à emocionante manifestação que levou centenas de ex-funcionários da Varig e aposentados do Aerus às ruas de Ipanema e Copacabana, no final da manhã desse domingo.
Afinal, já faz tanto tempo que os aqueles profissionais vêm sendo submetidos a um massacre sistemático, a uma sucessão de frustradas expectativas, a um processo perverso de endividamento e humilhações que é preciso ser muito forte e muito obstinado para se manter numa luta tão desgastante.
No entanto, ficou claro naquele domingo de mormaços que ainda há um punhado de bravos, pessoas confiantes em que ainda é possível reverter o mais covarde, suspeito e inexplicável golpe perpetrado contra a maior, mais completa e mais tradicional companhia aérea brasileira, entregue de mão beijada, sabe Deus como, aos testas de ferro de um fundo abutre dos Estados Unidos.
Ficou claro que esse punhado de bravos não vai se render jamais, até porque, como ficou patente durante a passeata, tem o apoio unânime da opinião pública, especialmente dos cariocas, cuja cidade abrigava o coração da empresa.
A manifestação do domingo, 15 de junho de 2008, afigurou-se como a retomada da longa jornada e reflete, ao mesmo tempo, o renascimento de uma nova esperança.
Hoje em dia, todo mundo já tem conhecimento da manipulação que se escondeu por trás da postura insensível de um governo, no mínimo míope, que tinha tudo para intervir positivamente, ao invés de facilitar o lado do advogado, compadre do presidente, que recebeu 5 milhões de dólares para ?operar? em favor dos piores interesses.
Pode-se dizer que as revelações sobre o complô montado, e que não envolveu apenas o Poder Executivo, mostraram as vísceras mal-cheirosas da trapaça e oferecem o grande diagnóstico para a crise de toda a aviação comercial brasileira, muito mais profunda do que se mostrou nos ?apagões? que tanto transtornos causaram em nossos aeroportos.
O governo sabe hoje onde foi amarrar seu burro. Sabe que está pagando um tremendo mico e, além de ter inviabilizado o sistema aéreo de qualidade e segurança, expôs a sorte de toda a previdência complementar.
Depois que o Aerus deixou milhares de contribuintes a verem navios, numa insolvência precedida de anos de calotes dados pela patrocinadora, hoje ninguém se sente mais tranqüilo.
Ainda há pouco, se não fosse pela disposição firme dos sindicatos dos portuários, outros tantos aposentados estariam padecendo do mesmo ?salve-se quem puder? que tanto sofrimento marca vidas amarguradas de pessoas que prestaram serviços ao país com tanta abnegação.
A manifestação foi o novo grande grito da dignidade do povo brasileiro. Fatalmente ela terá que ecoar nos centros de poder de Brasília e principalmente entre os demais ex-empregados e aposentados, vítimas do mais perverso desrespeito aos elementares direitos trabalhistas, previdenciários e constitucionais.
coluna@pedroporfirio.com

2 comentários:

Anônimo disse...

Deus nos presenteou com o melhor país do mundo em atributos naturais, minerais e também seu povo dócil, hospitaleiro, trabalhador e também muito passivo politicamente, mais por questões educacionais. Mas, êsse mesmo povo quando se politiza êle faz
o percurso inverso. Temos os políticos mais caros do mundo, os menos improdutivos e com certeza os que querem levar muita, mas muita vantagem em tudo. É claro não em beneficio de sua pátria. Por isso não acredito em políticos, mas acredito em tudo o mais que possa existir.

Anônimo disse...

errata
leia-se (produtivos) onde está escrito (improdutivos)....