quinta-feira, 7 de junho de 2007
O DIREITO DE CUIDAR DOS PÉS
COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 5.6.07
Num país em que o desemprego e o subemprego são responsáveis por uma grande tragédia social, não há maior absurdo do que criar dificuldade a quem quer trabalhar honestamente.
Eu não estou falando dos camelôs, dos vendedores de sinal de trânsito. Esses se defendem como podem porque, além de não conseguirem empregos de carteira assinada, ainda têm a possibilidade de, numa boa maré, ganhar bem mais do que o salário mínimo.
Refiro-me hoje a um grupo de três mil profissionais que enfrentam o casuísmo de um decreto em que foram incluídos, tanto como Pilatos entrou no credo.
Esses profissionais são os podólogos – um nome que nem todos conhecem. Podólogo é o profissional que cuida dos nossos pés. Não é apenas um pedicure, que se limita a fazer as unhas. É um profissional preparado para tratar de calos, calosidades, fissuras, unhas cravadas e também manicure e pedicure.
Embora um decreto do Estado reconheça a sua atividade e permita que trabalhem sem constrangimento, aqui, no Rio de Janeiro, a fiscalização sanitária do município exige que esses profissionais paguem uma anuidade de R$ 400,00 ao Conselho Regional de Medicina e trabalhem sob a direção de um médico, a quem têm de pagar só para fazerem uma supervisão à distância.
Certamente, você deve estar surpreso. Primeiro, porque existe a profissão de podólogo. Segundo porque, apesar de fazerem cursos profissionalizantes e terem uma boa dose de conhecimento sobre o tratamento dos pés, esses profissionais estão sendo impedidos de trabalhar pela fiscalização sanitária, com base em um decreto de 2004.
Como sou vereador e tenho um bom trânsito com o prefeito César Maia, vou procurá-lo para expor as razões desse pessoal que só quer ganhar a vida honestamente, com suas habilidades e seu domínio de tudo que diz respeito aos nossos pés. Vou conversar também com o secretário municipal de Saúde.
Com certeza, não há necessidade de tanta exigência para quem se limita a tarefas de conhecimento específico. Se fossem apenas manicures e pedicures, não estariam enfrentando dificuldades.
Mas como evoluíram para tratamentos de tudo que diz respeito aos pés, podem ser reprimidos numa atividade que, francamente, dispensa uma faculdade de Medicina. O que é que você acha?
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