quarta-feira, 23 de julho de 2008

Com a renacionalização da Aerolínas, Cristina dá uma lição em Lula


MINHA COLUNA DO JORNAL POVO DO RIO DE 23 DE JULHO DE 2008

A notícia de que a presidente Cristina Kirschner renacionalizou a Aerolíneas Argentinas é altamente significativa para todos os brasileiros. Mostra que lá o governo tem o mínimo de sensibilidade e patriotismo, ao contrário do que aconteceu por aqui, quando o Sr. Luiz Inácio abandonou a Varig à própria sorte, deixando submergir a mais importante companhia aérea da América Latina, que foi transferida através de “laranjas” para um fundo norte-americano de investimentos, graças à desenvoltura do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente.
As primeiras informações de Buenos Aires indicam que Cristina, que teve peito para enfrentar os donos da terra que preferem plantar para exportar a fornecer alimentos baratos a seu povo, tomou essa atitude corajosa para preservar os 9 mil empregos da Aerolíneas, por coincidência, o mesmo plantel que fazia a Varig levar a bandeira do Brasil a quatro continentes.
Cristina Kirchner e o grupo Marsans designarão auditores que deverão, nos próximos dois meses, determinar o valor de compra da Aerolíneas Argentinas, cuja situação financeira e operacional é crítica.
A companhia, que tem 9 mil funcionários, está atrasando o pagamento de salários e acumula uma dívida de US$ 890 milhões. Mais da metade de sua frota também não está em condições de vôo.
Nos últimos meses, passageiros vinham se queixando de atraso nos vôos da companhia. Os sindicatos pediram uma intervenção nas Aerolíneas Argentinas.
Há dez dias, o Estado argentino anunciou que desembolsaria US$ 50 milhões não apenas para o pagamento de salários, mas também para comprar peças para alguns aviões avariados.
A crise na empresa, que estava em mãos estrangeiras desde 1990 e chegou a ser administrada pela American Airlines, serve também para desmascarar a falácia das privatizações.
Como aconteceu aqui com a VASP, que saiu das mãos do governo de São Paulo para o grupo Canhedo a preço de banana, a transferência da companhia aérea para os sabichões do capitalismo foi um tremendo fiasco. A VASP, como você sabe, fechou as portas.
Em geral, quando o governo passa suas empresas para o setor privado, a conversa é sempre a de que nas mãos deste elas vão decolar. No Brasil mesmo, essa conversa tem sido desmentida todos os dias, embora a boca pequena, porque o governo, através do BNDES, socorre as privatizadas em crise, o que também não aconteceu no caso da Varig.
Espero que você entenda que esse assunto interessa a todos os brasileiros, inclusive aos que não usam aviões por falta de grana. Aliás, por falar nisso, com essa crise em nosso país ainda como conseqüência do sucateamento da Varig, as empresas estão tornando as passagens mais salgadas e afastando milhares de brasileiros desse meio de transporte tão importante.
Fica o registro como homenagem aos bravos aeronautas e aeroviários das companhias brasileiras, vítimas dos compromissos entreguistas do governo Lula.
coluna@pedroporfirio.com

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